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VIRADA DO SÉCULO COMPLETA 10 ANOS


Segunda-feira, 20/12/2010 - 00:00

Exatamente dez anos atrás, o mundo testemunhava um dos seus momentos mais fantásticos em se tratando de um fato ocorrido dentro dos campos de futebol: em plena final de competição sul-americana, um time jogando fora dos seus domínios contra um oponente de peso dava provas que a palavra impossível jamais deve ser usada no velho esporte bretão. Depois de estar em desvantagem de três gols e partir pro intervalo sob uma atmosfera de completa desolação, eis que o time derrotado encontra forças pra virar o jogo, ainda por cima, fazendo o gol da vitória no último minuto do prélio.Esse é o Vasco, o verdadeiro time da virada.

Uma alegria incomensurável surgiu em cada vascaíno que assistia à decisão daquele torneio. O Vasco estava acabando de conseguir realizar aquilo que nem mesmo o mais otimista dos torcedores poderia imaginar como desfecho para aquele campeonato, depois de sair derrotado de forma inapelável na primeira etapa. Sim, é verdade: assim como nove meses antes, pela final do Rio-São Paulo, o Clube da Colina partia para o intervalo com um 3 a 0 contra, e diante do mesmo Palmeiras (quando acabou goleado por 4x0). Mas o gol do baixinho Romário, ídolo e gênio das novas gerações do futebol brasileiro (um Deus da bola praticamente nascido e criado em São Januário), quase no instante derradeiro da luta no campo inimigo, deixou nos corações cruzmaltinos um sentimento de orgulho e contentamento como jamais outrora havia acontecido, fundamentalmente, por causa das circunstâncias daquele confronto. O Vasco acabava de se transformar no campeão da Mercosul. Sim, o Almirante virou o placar, inacreditavelmente, na casa do adversário, e tendo ainda atuado os quinze minutos finais com um atleta a menos.

Foi um jogo estranhamente único, sob todos os aspectos. A vantagem obtida pelo Verdão na fase inicial foi construída somente depois dos 37 minutos. Tudo foi muito rápido. O panorama apontava apenas um ligeiro domínio por parte dos paulistas. Mas quando Arce converteu a penalidade máxima bobamente cometida por Júnior Baiano e, em seguida, 43 segundos após a abertura do placar, Magrão aumentou, a casa vascaína pareceu ter ruído de vez. O tento de Tuta foi o balde de água gelada que sugeriria a queda certa do Gigante em mais uma final no ano 2000, aquela seria a quarta derrota em decisões na temporada. As pretensões cruzmaltinas de encerrar o ano de modo diferente de como havia sido o seu começo estava caindo por terra.

Mas a gana de vencer aliada à calma, à inteligência, à perseverança, à técnica, à habilidade e ao preparo físico tornou possível transformar o que seria mais uma noite de pesadelo na Colina Histórica em uma orgia festivamente carnavalesca na Cidade Maravilhosa e por muitos lugares no país, cinco dias antes do Natal. E a virada memorável se iniciou ainda no intervalo: o estreante Joel Santana, que havia substituído, até de forma surpreendente o quase monge Oswaldo de Oliveira, com palavras de ordem, motivando o time, mexendo com o amor próprio de seus comandados, quase todos eles donos de carreiras vitoriosas no mundo da bola, e ao colocar o atacante Viola na vaga do volante Nasa, deixando o time bastante ofensivo, fez sua missão para se considerar parte integrante daquele feito inédito.

O tempo final seguia equilibrado até que Romário sofreu penalidade máxima, cobrada e convertida pelo próprio, aos treze minutos. Inexplicavelmente, o time local sentiu e passou a desenvolver um futebol totalmente apático. O Vasco dominava as ações e buscava o ataque sem ser incomodado em contragolpes. Dez minutos após o primeiro gol, Juninho Paulista “cava” outro pênalti na área palmeirense e diminui a vantagem adversária para um tento apenas. Os corações já batiam mais acelerados, tanto lá quanto cá. A sensação de derrota certa já não era mais sentida pelo lado vascaíno; pelo lado alviverde, o ar atônito ficava ainda maior.

Quando Júnior Baiano relembrou seus tempos de jogador inconsequente, deixando o gramado expulso aos 32 minutos, parecia que a reação do Vasco seria interrompida. Mas foi uma falsa impressão, pois dentro das quatro linhas, dez atletas ainda queriam virar inesquecíveis heróis. Autênticos super-heróis vascaínos. E foi aos 40 que em jogada confusa na área, onde uma cena rara se fez presente – uma furada do Baixinho –, saiu o empate com Juninho Paulista, resultado que levaria a peleja para a disputa de tiros da marca de pênalti. Mas quem disse que o Gigante estava satisfeito? Percebendo que o silêncio ensurdecedor dos torcedores palmeirenses era um sinal claro de insegurança, de impotência, de pavor e que refletia bem o estado de espírito dos jogadores do clube paulista, essa percepção foi a senha para que o Almirante fosse buscar algo ainda mais contundente: uma virada espetacular.

Segundos antes dos 48 minutos (a partida teria quatro de acréscimo), Viola parte com a bola dominada. Ninguém parece ter forças pra segurá-lo. Jorginho Paulista, sem querer, dá um passe a Juninho Paulista que chuta. Tiago Silva salva sensacionalmente sua meta, mas a pelota iria encontrar logo quem? Ele, o Baixinho, que não desperdiça a chance de ouro de dar ao Gigante da Colina, o clube que o projetou ao mundo, um dos títulos mais espetaculares de todos os tempos, pela forma como foi obtido o triunfo final. Vasco campeão da Mercosul! Vasco: eternamente o time da virada!

FICHA DO JOGO


Palmeiras 3x4 Vasco

Data: quarta-feira, 20 de dezembro de 2000.
Hora: 21h45min.
Competição: Copa Mercosul (Final - 3º Jogo).
Estádio: Parque Antárctica, em São Paulo (SP).
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (MG)
Auxiliares: Jorge Paulo Oliveira Gomes (DF) e José Carlos Silva Oliveira (RS).
Cartões Vermelhos: Júnior Baiano (VAS) 32/2T.
Público: 29.993 pagantes.
Renda: Não divulgada.
Gols: Arce (PAL) (p) aos 36, Magrão (PAL) aos 38 e Tuta (PAL) aos 45/1T; Romário (VAS) (p) aos 13, Romário (VAS) (p) aos 23, Juninho Paulista (VAS) aos 41 e Romário (VAS) aos 47/2T.
Cartões Amarelos: Nasa (VAS) aos 19, Odvan (VAS) aos 21, Flávio (PAL) aos 30, Júnior Baiano (VAS) aos 34, Juninho (PAL) aos 43/1T; Fernando (PAL) aos 14, Jorginho Paulista (VAS) aos 15 e Hélton (VAS) 46/2T.
Palmeiras: Sérgio, Arce, Galeano, Gilmar e Tiago Silva; Fernando, Magrão, Flávio e Taddei; Juninho e Tuta (Basílio aos 31/2T).
Técnico: Marco Aurélio.
Vasco: Hélton, Clébson, Odvan, Júnior Baiano e Jorginho Paulista; Nasa (Viola, no intervalo), Jorginho (Paulo Miranda aos 31/2T), Juninho e Juninho Paulista; Euller (Mauro Galvão 42/2T) e Romário.
Técnico: Joel Santana.

CAMPANHA


13 jogos; 8 vitórias; 1 empate; 4 derrotas; 23 gols feitos; 13 gols sofridos; saldo + 10




ARTILHARIA





ELENCO





GALERIA


Nada estava perdido ainda
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Vira-virou
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Calando a boca da galera alviverde
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Recebendo o troféu
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Não poderia faltar o canto de Casaca
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Pôster no dia da taça
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Foto Oficial 2000
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VÍDEOS



Reportagem sobre o título


Romário relembra título da Copa Mercosul


Viola relembra partida final


Último gol com a narração de Luiz Penido, da Rádio Tupi



CRÉDITOS


Pesquisa, Texto, Tabelas e Fichas: Alexandre Mesquita
Revisão e Formatação: NETVASCO
Fotos: Reprodução Internet
Vídeos: GloboEsporte.com, Youtube