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Rúgbi: Escolinha do Vasco cresce e vai ganhar novo núcleo em Jacarepaguá


Domingo, 06/11/2011 - 15:38

Um esporte pouco conhecido no Brasil está mudando a rotina do Vasco. Desde abril, quando o clube inaugurou uma escolinha de rúgbi, quem passa pelos campos society, vê crianças não chutando, mas carregando uma bola oval. E desses que frequentam a Colina, alguns já se deixaram levar pela curiosidade e dividem o tempo entre o futebol ou vôlei e o rúgbi.

A iniciativa é obra da cabeça do vice-presidente de esportes olímpicos e responsabilidade social, José Pinto Monteiro. Depois da escolha de São Januário como sede do rúgbi nos Jogos Olímpicos de 2016, o dirigente se apressou para, em um projeto pioneiro, formar os atletas dentro de casa e ajudar o Brasil a não fazer feio daqui a cinco anos.

“Nós temos uma perspectiva boa. O esporte não tem muito atrativo para o brasileiro. As pesquisas apontam para um grupo de faixa etária de 25 anos, das classes A e B, que se interessam. E a gente está na contramão, com crianças de 12 a 17 anos, das classes C e D. Estamos fazendo o dever de casa, com cinco anos nos separando da Olimpíada. Vai ser trabalhoso, mas vamos ter sucesso”, disse Monteiro, otimista, mas ciente das dificuldades em fazer os adolescentes trocar os pés pelas mãos.

O dirigente já pensa em ampliar as escolinhas e criar um segundo núcleo, no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.


Vasco começa cedo para não fazer feio em 2016.


Pioneiro

O projeto tem o apoio da Confederação Brasileira de Rúgbi, Ministério do Esporte e o COB, e não tem custo para os alunos. Quem fica com a missão de ensinar o esporte e treinar a turma – formada por meninos e meninas – é Daniel Gregg, jogador da seleção brasileira, que ficou em sétimo lugar no Pan-Americano de Guadalajara.

“Todos os clubes de rúgbi no Brasil fazem trabalho de base, mas é a primeira vez que estamos fazendo isso em um clube de futebol, ainda mais do tamanho do Vasco”, diz Gregg, que ajudou a “roubar” alguns alunos do vôlei para o rúgbi.

Ainda há um longo caminho a percorrer, mas os números, por enquanto, são animadores. Depois de uma aula inaugural aberta ao publico e cercada de curiosidade, cerca de 10 alunos se matricularam. No início, era preciso até apresentar aos jovens que esporte era aquele. “Eu tinha que dizer que não era futebol americano”, relembra, sobre a confusão que os garotos faziam com o esporte similar.

Hoje já são 40 alunos, de onde podem sair atletas para a seleção nacional que vai disputar a olimpíada. E, quem sabe, ajudar a fomentar um campeonato de rúgbi no Rio. Se a saída for a participação dos clubes fortes do futebol, o Vasco já sai na frente.

A escolinha do Vasco é voltada para a comunidade de São Cristóvão a arredores. O clube faz uma campanha de popularização nas escolas públicas e particulares da região, na Zona Norte do Rio, para atrair alunos e atletas em potencial. Alguns são das comunidades vizinhas, a Barreira do Vasco, separada do clube somente pela Rua Ricardo Machado, e o morro do Tuiutí.


Monteiro é o idealizador do projeto, e Gregg, que disputou o Pan (foto), treina os pequenos vascaínos do rúgbi.


Barreiras

A condição financeira das famílias acaba sendo um complicador. Os jogos de rúgbi – ainda assim os poucos que são transmitidos, só podem ser vistos na TV a cabo. O breve contato que o público brasileiro teve com o rúgbi foi no Pan. E o resultado final não foi digno de destaque.

Fora isso, há a dificuldade em convencer alguns de que aquele esporte com muito contato físico é menos violento do que parece. Gregg reconhece que esse é uma das principais dificuldades em tornar o esporte popular. “É um esporte de contato, logo pode acontecer que alguém se machuque, como acontece no futebol”, diz, sem nunca ter recebido uma reclamação dos pais.

Ele se apressa em explicar que o rúgbi de 7, mais praticado no Brasil, prioriza a habilidade e a velocidade. Com menos jogadores em capo, ganha quem consegue ser mais “arisco” – para usar um termo do futebol. E a proximidade com o esporte mais popular do Brasil vai ajudar, garante Gregg. “A camisa do Vasco é uma referência. Vai trazer mais gente”, confia.

Fonte: Band