Primeiro, foram os craques Romário e Bebeto. Depois de pendurarem as chuteiras e tentarem outros cargos no futebol, os ídolos cruz-maltinos elegeram-se deputados federal e estadual pelo Rio de Janeiro, respectivamente. Mas outro caso, esse mais recente, também chama a atenção. Quem não se lembra do ex-pivô dominicano José Vargas, que brilhou no Brasil, principalmente no basquete do Vasco, entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000? Bastante identificado com o país, driblou até o fato de ser estrangeiro para ganhar o cargo de diretor de Esportes do município de Franca, no interior de São Paulo, sede da equipe de mesmo nome pela qual se aposentou do basquete, em 2006.
Franca não possui Secretaria de Esportes nem de Cultura, tampouco de Arte. Por isso, foi criada a Fundação de Esporte, Arte e Cultura (Feac), que toma conta dessas três áreas, cada uma com seu diretor. Vargas, logicamente, é o responsável pelo setor esportivo:
- Cuidamos dos convênios com todas as entidades esportivas que representam a cidade, atuamos na formação de atletas, desde a escola, cuidamos dos centros esportivos, apresentamos vários projetos. Como o nosso basquete vai sempre muito bem e se identifica muito com o município, recebe uma atenção especial.
Aos 48 anos, o ex-pivô está no país desde 1994 e até já se naturalizou brasileiro. Além de Vasco, por onde foi campeão nacional e sul-americano ao lado de feras como Charles Byrd, Rogério, Sandro Varejão, Demétrius, entre outros, e o próprio Franca, também jogou no Uberlândia-MG, Brasília-DF, além do início na República Dominicana e das breves passagens por Europa e NBA. Mas é pelo time carioca que ele guarda um carinho especial. Sobram elogios para a equipe de futebol e até para o ex-presidente do clube Eurico Miranda:
- Já me considero brasileiro. Agradeço muito pela oportunidade que o país me deu. Minha família está aqui. E tenho um carinho maior pelo Vasco da Gama. Foi onde recebi mais carinho, onde as pessoas me trataram melhor. O Eurico e toda a diretoria do Vasco me deram espaço lá dentro, é o meu clube do coração. Estou torcendo muito e acho que o Vasco vai ser campeão brasileiro. É o melhor time e está sem a mesma pressão do Corinthians.
Vargas, que tem 2,08m de altura e calça 49, se diz fã do técnico argentino Rúben Magnano, que ajudou a colocar o Brasil novamente nas Olimpíadas, em Londres-2012, após 15 anos de ausência, e pede que o basquete brasileiro "explore" ao máximo o comandante. Ele critica a falta de planejamento e pede também mais clínicas, que difundem a modalidade e revelam novos talentos para o país:
- Vejo um recomeço com o novo técnico. É a oportunidade para fazer tudo certo, para começarmos a planejar. A Argentina está aqui do lado e tem isso, tem planejamento. Aqui somos maiores e temos mais material humano, mas o trabalho não está sendo feito direito. Não vi uma clínica sequer. Tem que fazer clínicas pelo Brasil inteiro. E tem que aproveitar a estada do Rúben para preparar melhor os atletas. As condições dos atletas melhoraram em relação a antes, e a infraestrutura também. Mas ainda falta planejamento.
Por fim, o ex-jogador afirma ainda não concordar com as ausências de Nenê e Leandrinho, que pediram dispensa da seleção brasileira na Copa América, onde Tiago Splitter, Marcelinho Huertas & Cia. conquistaram a vaga nos Jogos de Londres. No entanto, tira um pouco do peso dos dois jogadores ao traçar uma comparação entre o basquete no Brasil e nos Estados Unidos:
- Eles já foram para a NBA, já viram um outro tipo de organização. A falta de estrutura daqui e a falta de valorização dos atletas fazem isso. Mas não justifica o pedido de dispensa do Leandrinho e do Nenê.
O ex-jogador de basquete entrou para a política em Franca-SP
Fonte: GloboEsporte.com