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Formado no Vasco, Maciel, hoje no showbol, lamenta dispensa em 2005


Quarta-feira, 02/11/2011 - 12:40

Ele fez um gol chorado a 40 segundos do fim da prorrogação do Fla-Flu que decidiu o Torneio Rio-São Paulo de showbol. Herói da inédita conquista tricolor, Maciel rechaça a fama de pé frio, adquirida após dois vice-campeonatos (um com o Vasco e um com o América) e duas eliminações na semifinal (ambas com o Flu) e relembra as dificuldades enfrentadas no futebol profissional, em que chegou a ficar seis meses sem receber salários no Fluminense, em 1998.

Cria da base do Vasco, o ex-lateral-esquerdo vem se tornando um dos maiores especialistas no showbol. Depois de disputar os torneios da modalidade pelo time da Colina, em 2009, e pelo América, em 2010, aportou no Tricolor à convite do capitão Valber. Em sua terceira competição pelo Flu, tornou-se a figura principal da conquista ao fazer gols decisivos na final e na semifinal, impondo derrotas aos arquirrivais Flamengo e Botafogo.

- Estou há três anos no showbol e, a cada dia, tenho buscado mais espaço dentro da modalidade. Quero chegar à seleção brasileira, tendo boas atuações pelo Fluminense. O showbol representa muito para mim. É uma oportunidade de você aparecer e se manter em atividade. Hoje, não me considero um ex-atleta e, sim, um jogador de showbol. Felizmente consegui mudar a minha história dentro da modalidade. Depois de tanto bater na trave, até brincaram comigo, me chamando de pé frio - afirmou Maciel.

Aos 37 anos, Maciel mantém a forma diariamente em uma academia próxima a sua casa, em Vila Valqueire (Zona Norte do Rio). O jogador ainda faz sessões de fisioterapia para prevenir lesões, muito comuns em jogadores de showbol.

- Para participar das competições, você tem que ser atleta. O showbol é um jogo muito dinâmico, onde há muito contato físico e, consequentemente, muitos se machucam - disse ele, que joga também futebol de sete, defendendo a equipe do Ouro Negro, recém promovida à primeira divisão carioca.

Apesar do sucesso no showbol, Maciel teve uma carreira discreta no futebol. Formado nas divisões de base do Vasco, profissionalizou-se no Bangu, em 1996, após uma breve passagem pelo Barra, da Segunda Divisão. Depois de um ano no clube da Zona Oeste, retornou a São Januário, onde integrou o elenco campeão brasileiro de 1997. Dispensado do Vasco, foi contratado pelo Fluminense em 1998, uma das épocas mais difíceis da história do Tricolor.

- A passagem pelo Fluminense foi bem difícil, apesar de eu não ter ido mal tecnicamente. O clube vivia uma grave crise financeira e eu fiquei seis meses sem receber salários. A dívida só foi paga em 10 anos. Esse quadro todo comprometeu muito o trabalho que vinha sendo feito na Série B do Brasileiro e acabamos rebaixados - contou Maciel, que disse ter sido mandado embora das Laranjeiras após revelar à imprensa a situação caótica do clube.

- Revelei uma conversa que o então presidente David Fischel teve com o elenco, onde ele nos disse que não havia previsão de pagamento. Fui punido apenas por ter contado a verdade. Mas, isso é uma página virada na minha vida - ressaltou Maciel, que ainda foi campeão da Copa Rio daquele ano pelo Tricolor.

Após rodar por vários clubes nos anos seguintes, Maciel chegou ao Volta Redonda, clube no qual viveria um dos melhores momentos de sua carreira. Integrante da equipe vice-campeã carioca de 2005, ele guarda com carinho aquele momento histórico.

- Foi um time que entrou para a história, pois o Volta Redonda nunca tinha chegado a uma final de Carioca. Fiz um ótimo campeonato e acabei recebendo uma proposta do Vasco. Infelizmente, as coisas não andaram como tinha de ser lá - comentou.

Maciel voltou à Colina para a disputa do Brasileiro de 2005. Comandado pelo técnico Dário Lourenço (que também veio do Volta Redonda), o time teve um péssimo início de campeonato, ocupando a zona de rebaixamento por várias rodadas. Depois da demissão de Dário, Maciel entrou em uma lista de dispensa que contava com mais 14 atletas.

- Na época, inventaram um monte de notícias, disseram até que eu tinha brigado com o Romário. Não foi nada disso. O time estava mal e a diretoria tinha que fazer alguma coisa. Então o Renato Gaúcho (que assumiu a equipe no lugar de Dário Lourenço) apresentou uma lista de dispensa. Não sinto mágoa de ninguém, mas não acho que eu estava tão mal assim. Enfim, isso faz parte do futebol - destacou.

Em 2006, o ex-lateral-esquerdo chegou ao clube que mais se identificou na carreira: o América. Logo em sua primeira temporada no Alvirrubro, o time chegou a uma final de Taça Guanabara, sendo superado pelo Botafogo, em uma partida regada a polêmica.

- Perdemos a final em uma tarde onde o árbitro (William de Souza Nery) estava muito mal. Até hoje, todos no América falam desse jogo - disse ele, que também esteve presente nos dois piores momentos da história do clube: os rebaixamentos nos Cariocas de 2008 e 2011.

- Tudo aconteceu por falta de planejamento. Em 2008, não fizemos nem pré-temporada. Na vida, você não consegue nada, se não tiver um planejamento. Foi essa a maior lição que tirei do esporte - finalizou.

Fonte: Sportv.com.br