Em meio a muitos torcedores que sob sol forte encaravam uma fila gigantesca para conseguir seu ingresso para Vasco e São Paulo, Fábio Alexandre Cordeiro, de 30 anos, estava quieto esperando sua oportunidade de comprar o bilhete. Cadeirante, ele tinha que se espremer ao lado da fila, que servia se fosse uma linha preferencial, para garantir seu lugar em campo amanhã. Sem ter uma estrutura adequada para necessidades especiais em São Januário, Fabio sabe dos problemas que passa diariamente, sem contar com uma estrutura adequada para necessidades especiais.
- Até tem um espaço reservado na social, mas é complicado na hora de entrar. Além disso, os acompanhantes não podem entrar com os deficientes. Todo cadeirante sempre precisa de alguém – diz o cadeirante, que não entende a violência que a venda de ingresso, às vezes, tem:
Os caras brigam centre si, isso não pode acontecer. È bom pra lá, pra cá e a torcida no meio.
Ambulante que vende balas e doces nas ruas, Fábio voltou ao colégio e atualmente cursa o segundo ano do segundo grau no Ciep da Mangueira. O sonho é ajudar e trabalhar como intérprete para surdos. A cadeira virou sua companheira há cerca de dez anos, quando um acidente de carro lhe tirou a possibilidade de andar. Mas nem de longe, o camelô acha que sua deficiência é das piores:
- Meu jeito de viver mudou. Você passa os obstáculos, tenta a igualdade na sociedade. A deficiência mais grave é o cego que não pode fazer nada. Imagina você de olho fechado – ensina.
A tristeza vem quando fala do preconceito dos motorista de ônibus e do amor. Com o coração partido após uma briga com a namorada Ana Cristina, ele fala em apagar as mágoas dos dois lados e a compara com um dos grandes amores da vida masculina:
- Amo o Vasco e a Ana Cristina. Minha paixão pelos dois é infinita – disse Fabio, que aposta na vitória por 1 a 0 contra o São Paulo e a reconciliação com sua alma gêmea.
Fonte: Extra online