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Nascido em Salvador, Cristóvão revê clube que o revelou para o futebol
Domingo, 23/10/2011 - 11:43
Nas ruas e areias do bairro de Amaralina cresceu. Aos 15, desconfiado de seu talento, chegou ao Bahia. Já aos 20, colocava a mala nas costas e ia embora de Salvador. Neste domingo, 32 anos depois, Cristovão Borges retorna a sua terra à frente do Vasco, diante do clube que o revelou, em partida com transmissão em tempo real pelo LANCENET!, às 16h.
Neste hiato, logicamente preenchido algumas vezes em folgas e férias, o hoje treinador do Cruz-maltino percorreu clubes do Brasil com sua reconhecida qualidade como jogador de meio de campo. Da partida de logo mais em Pituaçu, vem o doce sabor da nostalgia.
– Eu jogava em equipes de bairro e tinha vários amigos que já jogavam em clube. Eles sempre me convidavam, mas eu não aceitava e também tinha dificuldades para ir, pois não tinha dinheiro. Até que eu fui fazer um teste no Bahia e passei – recorda.
Sua fala mansa e seu jeito carismático deixaram saudades em Salvador, e quem o conhece de longa data já conta as horas para um reencontro no Estádio de Pituaçu.
– Cristovão é meu amigão. Estou querendo falar com ele. Foi um craque e sempre foi desse jeito tranquilo. Você nunca o via zangado – relembra o massagista do Bahia Satu, há 40 anos no clube e que viu o garoto Cristovão surgir.
Carinho e laços à parte, o jogo vale uma possível liderança, por isso, o treinador encara o confronto com toda a seriedade que merece:
- Vai ser duríssimo. O Bahia vai jogar em casa, com o apoio de sua torcida, e se faz necessário ter boa marcação e sentido de atenção muito bom.
TÉCNICO SURGIU DOS 'BABAS' NA PRAIA
No eixo Rio-São Paulo, muitos surgem do futsal, mas em Salvador, as praias têm uma fonte inesgotável de talento. Na de Amaralina, Cristovão deus seus primeiros chutes, em jogos popularmente chamados de “babas” (peladas, como dizem cariocas e paulistas).
– Era o baba tradicional na praia. Todo fim de tarde. Existe até hoje. Passei minha adolescência participando e foi muito importante para mim, porque era de alto nível – destaca o treinador do Vasco.
De fato, os da Praia de Amaralina são muito tradicionais. O L! foi até lá e, rapidamente, deu de cara com uma versão mais “amadora”.
– Aqui os babas dependem muito da maré. Quando a maré enche fica com muito pouco espaço, mas aqui há jogos bem profissionais, com árbitro, jogo de camisas...As traves ficam amarradas nas correntes, e quando há partidas, as encaixamos na areia – explica Luciano Bezerra, peladeiro da região.
Satu, massagista do Bahia, morava no bairro quando Cristovão ali habitava, e tem boas recordações destas peladas.
– Morávamos na mesma rua. Pegamos muito “baba” na infância. Eu, ele, José Preto, Dionísio... (amigos de infância). Depois ele foi jogar em clube – lembra.
COM A PALAVRA
Roberto Passos
Jogou com Cristovão
Supervisor do Bahia atualmente
"Jogamos juntos na base durante sete anos. O Cristovão é uma joia rara. Tenho um prazer enorme de ter jogado com ele. Sempre foi um cara tranquilo, centrado e bem quisto por todos. A nível de relacionamento, era alegre e brincalhão. E vou fazer uma confissão particular: eu nunca fui torcedor do Vasco, mas já que o Bahia não vai chegar a ser campeão, vou torcer pelo clube e pelo Cristovão, mas lógico que não nesta partida contra o Bahia (risos). Ele tem grandes chances e ve mostrando muito equilíbrio. Quando jogamos em São Januário, fui ao encontro dele e conversamos mais de meia hora. Fui atualizando-o sobre os amigos."
BATE-BOLA
Cristovão Borges
Técnico do Vasco
Este jogo tem um sabor especial por ser onde você nasceu?
Nem sempre tenho oportunidade de ir, só vou nas férias e cada vez o tempo é mais curto, fico menos tempo. Desta vez terei outra oportunidade e encontrar os familiares é sempre muito legal.
E eles estão preparando algo em especial para recepcioná-lo?
Já avisei para a minha família que eu quero jantar comida baiana. Vou comer muqueca de peixe, que minha mãe é especialista, carne de sol e vatapá, que eu adoro.
E eles estarão presentes no Estádio de Pituaçu?
Não sei se vou deixar ir porque só minha mãe é Vitória, o resto da família toda é Bahia. Pode ser que eu não dê convite (risos).
O que esperar desta partida contra o Bahia?
O Bahia, no segundo turno, tem sido um grande adversário. A chegada do Joel fez com que o Bahia evoluísse muito. Será difícil.
Fonte: Lancenet