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Elton pediu para ficar no Vasco apostando em recuperar titularidade


Quarta-feira, 19/10/2011 - 10:27

Elton ostenta um discreto visual boleiro. Cordão, pulseira e relógio de ouro enfeitam o vestuário do atacante vascaíno – novo dono da posição. Mas o que mais chama a atenção é um par de brincos – também dourado – trazendo a inicial de seu nome e o número da camisa que vestia na campanha da Série B, em 2009: E9. Artilheiro do time durante a campanha que trouxe o clube de volta à elite do futebol brasileiro, o jogador, mesmo barrado e inscrito com a 39, não perdeu a pose. A pose nem a esperança.

“Eu nunca quis sair daqui. Sabia que se eu trabalhasse sério e tivesse uma sequência de jogos, teria chance de voltar à equipe. O Vasco é um clube que não te deixa faltar nada, meu pensamento nunca foi sair”, conta, jurando não ter mágoa, o atacante cruzmaltino.

Elton voltou ao Vasco no fim de fevereiro desde ano, após passagem pelo futebol português. Apesar dos 37 gols marcados em 2009 e 2010, perdeu a posição para Alecsandro, ex-Internacional. Enquanto aguardava a regularização dos documentos de sua transferência, o atacante exibia o mesmo apetite de gol. Tanto que o par de brincos continuou compondo sua indumentária. Só que logo a camisa 9 teve outro dono.

Alecsandro, com fama de papa-títulos – campeão por Vitória, Cruzeiro e Internacional -, estreou e não perdeu a posição. O clube trouxe também o experiente Leandro, que passou a revezar com Elton no banco de reservas. Para piorar, um ato de indisciplina “queimou o filme” do jogador. Em abril, na véspera do jogo com a Cabofriense, pelo Campeonato Carioca, Elton chegou atrasado ao treino. Irritado, Ricardo Gomes o deixou de fora da viagem.

“Aquilo me serviu de lição. Nunca mais aconteceu. O Ricardo conversou comigo, eu não viajei, fiquei triste. Errei, mas serviu de ensisamento”, diz Elton resignado.

O ano de 2011, de fato, não começou bem para o atacante. Aos 26 anos, sem espaço e sem prestígio, poderia ter deixado o clube pela segunda vez. Mas não foi este o tom da conversa que teve com seus procuradores.

“Eu disse para eles que queria continuar. Sabia que uma hora teria a minha oportunidade. Juro que não passou pela minha cabeça mesmo pedir para ir embora. Ninguém gosta de ser reserva, todo mundo quer jogar, mas eu queria ficar no clube, gosto do Vasco”.

E nestes meses todos de angústia, Elton não perdia a pose. O par de brincos era sua marca registrada, ainda que a camisa 9 fosse usada por Alecsandro. Retrato da confiança. Sabia que voltaria a ter nome gritado pela torcida e marcaria gols decisivos. Eis que a oportunidade lhe bateu à porta. Com um estiramento muscular, Alecsandro fica fora sete partidas. Foi a senha para Elton entrar e não assegurar sua vaga.

A história começou contra o Ceará, no primeiro jogo do returno do Campeonato Brasileiro. Elton substituiu o titular, lesionado, e marcou dois gols na vitória de 3 a 1. Foram seis em dez partidas. Alecsandro, vindo de contusão, entrou na segunda etapa contra o Corinthians. Foi titular diante do Internacional, já que Elton estava suspenso.

Mas perdeu a posição no segundo tempo do empate contra Atlético-PR. Mal em campo, foi sacado no intervalo, quando o time perdia por 2 a 0. Elton entrou, marcou duas vezes e ainda mandou uma bola na trave. Contra o Atlético-MG, domingo, abriu a contagem logo aos dois minutos para a vitória de 2 a 0.

“É difícil você convencer alguém entrando no decorrer das partidas. Eu sabia que quando tivesse uma sequência, a coisa mudaria. Tive e mostrei meu valor”, diz Elton. “O Vasco tem um grupo forte, é normal ter bons jogadores dentro e fora do time. O jeito é saber esperar a sua hora”, completa o atacante, que vai continuar, pelo menos até o fim da temporada, usando a camisa 39. Mas na orelha, exibirá orgulhoso o par de brincos, como devoção a uma crença que nunca o abandonou.




Fonte: IG