Em 1977, Reinaldo marcou 28 gols em 18 gols na campanha que levou o Atlético-MG ao vice-campeonato brasileiro. Naquele ano, o time terminou a campanha de forma invicta, perdendo o título para o São Paulo nas cobranças de pênaltis. Durante 20 anos, ele foi o maior artilheiro de uma edição da competição, até Edmundo, então no Vasco, em 1997, fazer 29 em 28 jogos e tomar o seu posto. O dono da marca hoje é Washington, que chegou a 34 gols em 38 jogos em 2004, quando defendeu o Atlético-PR.
Um dos maiores artilheiros da história do país, Reinaldo não entrou na onda do desapego. Ele ainda se considera o maior goleador da competição. Com uma média fantástica de 1,56 gol por jogo, está longe de ser superado. Apenas outros seis jogadores conseguiram superar a média de um gol por jogo desde 1971. Ramon, do Santa Cruz, em 1973, foi quem mais se aproximou de sua marca, com 21 gols em 16 jogos (1,31). Romário, no Vasco, chegou a 1,17 em 2001.
“Existem várias convenções. Na minha, ainda me considero o maior artilheiro de um Campeonato Brasileiro. Tenho uma média quase insuperável. Hoje, o artilheiro tem menos de um gol por jogo de média. O Washington foi artilheiro em um ano, como já tiveram muitos outros. Não sei o que a CBF considera, mas alguns lugares consideram a média”, disse Reinaldo, por telefone, ao iG Esporte.
Longe de criticar qualquer jogador do futebol atual e fazer comparações com o passado, Reinaldo encontra explicações táticas para a extinção do artilheiro com média de um gol por jogo nos campeonatos brasileiros. Para ele, a modificação da forma de tratar o esporte e os esquemas com cada vez menos atacantes dificultaram a vida dos finalizadores.
“Os artilheiros de hoje jogam muito isolados e são muito dependentes do time. Eles são bons, tem a vocação do gol, mas ficam sozinhos na frente”, comentou Reinaldo. “O brasileiro tem uma qualidade técnica rara. A nossa dificuldade era o campo, a bola, o árbitro. Agora, eles têm toda a estrutura, mas a coisa tática mudou. O futebol é mais físico. Existem mais atletas do que jogadores de futebol”.
Artilheiro do Campeonato Brasileiro deste ano, com 21 gols e média de 0,77 por jogo, Borges, do Santos, recebeu elogios de Reinaldo. No entanto, o preferido do ex-atacante é um conterrâneo: Fred, do Fluminense, que marcou os três gols da vitória de seu time sobre o Coritiba, na quinta-feira passada, e mais dois na vitória sobre o Palmeiras, no último domingo. Tem agora 13 gols na competição, com média de 0,68.
“Apesar da idade, gosto muito do Fred. Ele sabe fazer gols, é inteligente para o jogo. Também tem o Luís Fabiano e o Borges. São outros grandes centroavantes, que podem jogar na seleção brasileira. Digo sempre que o artilheiro é o goleiro ao avesso”, brincou Reinaldo, que sofreu com uma série de lesões em sua carreira.
Desde a implantação do sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro, nenhum jogador que tenha marcado 10 ou mais gols conseguiu manter uma média de um por jogo. O que chegou mais perto disso foi o atacante Marcel, que em 2003, pelo Coritiba, fez 20 gols em 21 jogos, alcançando a incrível média de 0,95, mas que ficou apenas em sexto entre os artilheiros da competição naquele ano. Washington, em 2004, teve 0,89.
“O Brasil tem grandes artilheiros, mas manter uma média dessas é difícil para caramba. Como eu falei, é uma posição muito difícil, na qual você precisa do pessoal para te servir, o time tem de estar bem para oferecer condições. Depende sempre de como eles estão executando suas funções”, explicou Reinaldo.
Fonte: IG