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Jefferson, do Botafogo, quer homenagear Barbosa e outros goleiros negros


Segunda-feira, 17/10/2011 - 03:34

Duas atuações seguras contra a Argentina e um pênalti defendido em momento crítico do amistoso contra o México. Jefferson aproveitou com competência as oportunidades na Seleção Brasileira e hoje já pode ser considerado o reserva imediato de Julio César, depois de ter ido à Copa América como terceira opção.

E as apresentações convincentes pela Seleção levam o goleiro do Botafogo, de 28 anos e 1,88m, a acreditar que está no caminho certo para realizar um sonho: ser o camisa 1 na Copa do Mundo no Brasil em 2014.

Se isso realmente acontecer, Jefferson, habituado a conviver com as superstições alvinegras, terá que suportar mais uma. Em 1950, quando a Copa também foi realizada no Brasil, Barbosa foi o goleiro da equipe que perdeu para o Uruguai na final. O segundo gol da derrota por 2 a 1 na decisão marcou profundamente o futebol brasileiro e o camisa 1 daquela tarde. Barbosa chegou a dizer uma vez que a pena máxima no Brasil era de 30 anos, mas que ele estava condenado à prisão perpétua.

Negro como o goleiro de 50, Jefferson sabe que as comparações serão inevitáveis. Mas não as teme e diz que quer fazer uma grande Copa para homenagear Barbosa e todos os goleiros negros que, segundo o atleta, ainda são vítimas de preconceito.

- Quero fazer homenagem não só a ele, como a todos os goleiros negros que existem no futebol. Vários goleiros negros me cumprimentam e dão os parabéns dizendo que através da minha pessoa muita coisa está sendo quebrada no futebol – disse.

Mas os sonhos de Jefferson não se restringem à Copa. Depois de finalmente conseguir se mudar para Niterói, cidade onde mais se sente em casa, o goleiro acha que as coisas podem dar ainda mais certo em campo. Em entrevista concedida no Museu de Arte Contemporânea (MAC), Jefferson falou das chances do Botafogo no Brasileiro, da Seleção e das propostas de fora do país.

(...)

Se você for titular na Copa do Mundo no Brasil, as pessoas podem associar o fato de você ser negro à derrota para o Uruguai em 50, quando o Barbosa era o goleiro da Seleção. Tem medo disso?

Não, pelo contrário. Até aceito esse desafio. Tenho a oportunidade de mudar essa historia. Isso é passado. O Brasil está bem mais desenvolvido nessa questão do racismo e preconceito. Vejo como mais uma oportunidade de mudar esse cenário. Quem sabe não sou titular na Copa para acabar com isso de uma vez?

Vai ser uma chance de fazer uma homenagem ao Barbosa?

Com certeza. Quero fazer homenagem não só a ele, como a todos os goleiros negros que existem no futebol. Vários goleiros negros me cumprimentam e dão os parabéns dizendo que através da minha pessoa muita coisa esta sendo quebrada no futebol. Até quando eu fui para fora disseram isso (Jefferson jogou quatro anos na Turquia). Estou tendo a oportunidade de abrir portas para outros goleiros agora na Seleção.

(...)

Fonte: GloboEsporte.com