Esperança de pódio no Pan de Guadalajara, o veterano Márcio Vieira bebe da fonte da juventude para conquistar a segunda medalha brasileira no boliche do torneio continental. Aos 58 anos e a menos de dez dias de se tornar avô, ele formará dupla com Marcelo Suartz, de 23 anos, eleito o melhor jogador da temporada passada da liga universitária americana.
Em 2007, como técnico da dupla formada por Fábio Rezende e Rodrigo Hermes, Márcio Vieira conquistou o maior feito do boliche brasileiro: a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio, a primeira na História. Resultado que pode ter repeteco em Guadalajara, já que, mês passado, Vieira/Suartz chegou em terceiro lugar no Torneio das Américas, em Miami, considerado uma prévia do Pan.
O estilo da dupla brasileira se completa. Enquanto Vieira não imprime muita velocidade na bola, Suartz tem um estilo de jogo mais agressivo.
— Numa comparação com jogadores de futebol, eu seria o Romário, que não tem um chute tão forte, mas bate colocado. Suartz já é mais parecido com o Rivelino, que pega com muita força e precisão na bola. Somos uma dupla boa. As características e o estilo de jogo são bem diferentes, o que aumentam as chances de conseguir um resultado melhor — comparou Vieira.
Normalmente, um jogador de boliche começa a conquistar resultados expressivos e aparecer no esporte após os 30 anos, já que a experiência é um fator decisivo na modalidade. Mesmo sabendo disso, Vieira não vê Suartz como uma promessa:
— Ele já é uma realidade. É um dos raros brasileiros que conseguem viver do boliche. Atualmente, Suartz tem uma bolsa numa universidade de Orlando, onde é capitão do time. Lá, ele treina num centro de excelência, cinco vezes por semana. A evolução após um ano de treino lá equivale a dez anos praticando o esporte aqui. Portanto, é possível dizer que Suartz tem quase a mesma experiência que eu, já que está há, aproximadamente, três anos na Flórida.
Como a medalha de ouro dificilmente sairá do pescoço dos Estados Unidos no Pan, as chances do Brasil estão nos dois lugares mais baixos do pódio. Assim, os adversários diretos são Venezuela, Colômbia, Canadá e México. Mesmo desbancando esses países no Torneio das Américas, o Brasil tem pouco mais de mil atletas federados, enquanto Colômbia e Venezuela somam 20 mil, cada. O México tem 200 mil, e a procura pelos ingressos da competição está grande.
Brasileiras no Pan
Na seleção brasileira desde a década de 80, este será o quarto Pan de Vieira. Em Havana-1991 e Winnipeg-1999, ele esteve como jogador, mas não conseguiu resultados expressivos. Em Mar del Plata- 1995 e no Rio-2007, era o técnico. Em Santo Domingo-2003, teve a maior frustração.
— Meu nome era certo. Estava numa fase excelente, mas, durante uma competição às vésperas do Pan, uma bola de boliche caiu no meu pé, quebrei o dedão e fui cortado — lamentou Vieira.
No feminino, o Brasil estará representado por Stéphanie Martins, que estuda na mesma universidade de Suartz, e Marizete Scheer. Assim como os homens, as duas jogadoras conquistaram as vagas no Interamericano, disputado em Porto Rico, há dois anos.
Márcio Vieira
Fonte: O Globo
Nota da NETVASCO: Márcio Vieira é atleta do Vasco.