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H. dos Anjos: 'Vasco não me traz boas memórias porque até hoje não recebi'
Quarta-feira, 05/10/2011 - 15:20
Apesar de ter o melhor aproveitamento entre os treinadores do Brasileirão 2011 (66% contra 63% de Cristóvão Borges) com uma equipe ainda em crescimento no futebol brasileiro, Hélio dos Anjos não se ilude. As seis vitórias, quatro empates e uma derrota nos 11 jogos em que está à frente do time goiano têm chamado a atenção de quem acompanha a Série A deste ano. Mas a campanha não traz ambições ao técnico do Atlético-GO.
Com 53 anos, Hélio tem 25 clubes em 23 anos de carreira. O comandante sempre se destacou em times fora dos grandes centros do país. E se depender das pretensões do treinador, essa é uma realidade que não deve se alterar. Segundo Hélio dos Anjos, seu perfil não se encaixa nos chamados "clubes grandes".
- A única coisa que pode ser que crie uma dificuldade (para uma chance em um clube grande) é que, antes de querer acertar comigo, o clube grande vai saber como eu sou. E não agrada a minha maneira de ser. Porque a gente vê aí, em time grande, a diretoria reunida com torcida, e ela quer que o treinador faça reunião com torcida organizada, quer isso, quer aquilo. Eu não vendo minha alma para isso nunca - declarou o treinador rubro-negro.
As duas únicas oportunidades que Hélio teve em equipes que pertencem ao grupo considerado dos 12 maiores clubes do país foram no Grêmio e no Vasco. Em 1997, ele treinou o clube gaúcho em 21 partidas, e obteve oito vitórias, seis derrotas e sete empates. Já no clube cruz-maltino, em 2001, a campanha foi melhor. Foram 16 jogos à frente da equipe carioca, com oito vitórias, três derrotas e cinco empates.
Entretanto, a passagem pelo time da Colina não deixou boas lembranças, pelo menos fora de campo. Com salários atrasados, o treinador saiu do Vasco após uma vitória por 7 a 1 em cima do Guarani no Brasileirão daquele ano (a maior goleada da competição em 2001) e, mesmo com o bom momento do time, foi para o Goiás.
- O Vasco não me traz boas memórias porque até hoje eu não recebi. Já ganhei na Justiça, mas estou naquela fila da Justiça do Trabalho. Mas na parte técnica me trouxe boas coisas – revelou.
Mas o grande exemplo utilizado por Hélio dos Anjos para ilustrar como a estrutura de alguns grandes times não o agrada foi o do Flamengo de 2009-2010. Segundo o treinador, a situação do time rubro-negro na ocasião estava muito longe do profissionalismo que Hélio exige.
- Eu dirijo um grupo de profissionais. Todo mundo viu o que foi o Flamengo de 2009, terminou em quê? Terminou nesse goleiro (Bruno) aí preso. E aquilo ali foi o fim. A partir daquilo ali, a presidente que assumiu bateu o pé e falou "Eu tenho uma entidade de 35 milhões de torcedores por trás de mim. Nós não podemos ficar passando por isso". Tinha jogador tirando foto com arma, e isso não existe. E quem foi engolido por isso? Um grande profissional. Andrade. Então eu vou me sujeitar a esse tipo de situação? Ou é do meu jeito, ou então vou trabalhar em clubes nos quais tenha condições de trabalhar a minha filosofia, sem imposição, mas com organização. Acho que a dificuldade pode ser essa – declarou Hélio.
Sem frustrações
Apesar das declarações, Hélio não afasta a possibilidade de comandar uma grande equipe do Brasil. Mas essa não é sua prioridade. O técnico não esconde a satisfação que tem tido no Rubro-Negro goiano. A cada entrevista que dá, o treinador faz questão de exaltar o momento que está vivendo, como tudo é organizado no Atlético-GO, além do orgulho de suas passagens por times como Sport e Goiás.
- Uma hora chega (oportunidade), mas se não chegar, eu estou muito bem. Não sou frustrado, não. Se tem um lugar onde me sinto feliz é em Goiânia. Trabalho em equipes tidas no Brasil como medianas, mas estou sempre muito feliz. É gostoso participar de um programa de alcance nacional ("Arena SporTV") falando de um futebol em um estado que está no segundo plano do futebol brasileiro. Para mim é legal, mexe tanto como se eu estivesse falando como um treinador do São Paulo, do Flamengo – disse Hélio dos Anjos.
Desde que chegou ao Dragão, em agosto, Hélio já recebeu duas propostas para sair do clube, uma do Ceará e a outra do seu antigo clube, o Goiás. O treinador recusou as duas e garantiu que vai cumprir o contrato com o Atlético-GO até o fim do ano.
- Até dia 31 de dezembro eu sou técnico do Atlético, e falo isso publicamente também. Se tiver que me transferir para outro clube, só depois que definitivamente o Atlético não fechar comigo. Não converso com outra equipe sem o Atlético ter uma posição comigo. Mas no futebol tem muita coisa para acontecer.
Fonte: GloboEsporte.com