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Diego Souza, em entrevista: 'Estou me sentindo em casa aqui no Vasco'


Domingo, 02/10/2011 - 14:15

De bem com a vida. Essa é a melhor definição para Diego Souza no Vasco. De volta aos seus melhores momentos, o jogador desfruta de sua maturidade, a chegada em breve de seu segundo filho, a proximidade com suas raízes cariocas e a volta à Seleção. Em um bate-papo em que abriu o seu coração, o meia resumiu o sentimento que vem tendo em São Januário:

- Estou me sentindo em casa aqui no Vasco.




Confira a entrevista exclusiva dada ao LANCENET! na sexta-feira:

BRUNO BRAZ: Quando chegou ao Vasco, você esperava todo esse sucesso com tanta rapidez?

DIEGO SOUZA: Falar que eu esperava rapidamente, não. Mas vim esperando ter sucesso. Foi uma promessa que eu fiz para mim, que esse ano de 2011 eu teria que estar brigando por Seleção, títulos e jogando bem.

RODRIGO CIANTAR: Sente-se mais maduro nesse momento?

Tudo você tem que tirar proveito de alguma coisa. Quando eu tinha 21 anos, chegava dentro de campo e era guerra, discutia, brigava e tomava cartão de bobeira. Hoje você vê que não é por aí. Hoje me sinto bastante experiente. Vivi muitas coisas e me sinto um jogador mais maduro. Claro que ainda tenho muita coisa para passar, mas creio que já passei por quase tudo.

BB: Qual a importância do técnico Ricardo Gomes para este momento que você atravessa?

Foi ele quem pediu minha contratação. É uma pessoa totalmente do bem. Assim que eu cheguei, me colocou para jogar da maneira que eu gosto, esteve sempre conversando comigo, ressaltando a minha importância para a equipe, me posicionando... Ele, para mim, é como um pai, por tudo que eu tinha passado no ano de 2010 (pelo Atlético-MG). Fui muito bem recebido e só tenho de correr muito e ir em busca do título, pois ele merece isso.

RC: E como foi para você, naquele dia, estar em campo enquanto ele passava mal à beira do gramado?

No momento em que ele passou mal, eu não sabia o que estava acontecendo, vi que estava tendo um tumulto, mas não sabia o que era. No mesmo dia liguei para o Rodrigo Caetano (diretor-executivo) e ele disse que estava tudo bem, mas eu não tinha visto as imagens. Depois fui ver realmente o que tinha acontecido e deu um baque muito grande. Foi uma situação complicada e muito triste. Você acaba abalado com tudo o que aconteceu com ele. Nós conversamos bastante entre nós, porque tínhamos um jogo importante contra o Ceará e o que pedimos foi para buscar a vitória, porque ele tendo notícias boas seria muito melhor.

BB: No Palmeiras você viveu altos e baixos. O que aconteceu com aquele time em 2009?

Tínhamos um grupo muito jovem, quando perdíamos um jogo que era importante dava uma caída. Isso atrapalhou muito.

RC: E o que acontece com o Atlético-MG que não engrena?

Não sei te informar, mas o presidente é super do bem, uma pessoa fantástica, que faz de tudo para que o Atlético consiga conquistas. Não mede esforços para contratar jogadores. Tem certas coisas que não há explicação, mas acho que brevemente conseguirão se acertar porque possuem grandes jogadores.

BB: Juninho revelou que andou conversando contigo sobre pensar na Copa de 2014. Como foi?

Juninho é um ídolo para todos. É uma pessoa boa para conversar. Tenho 26 anos, uma carreira pela frente e ele já passou por muitas situações. Sempre está me botando lá em cima e diz que eu tenho de pensar em Seleção e jogar uma Copa, pois isso para um atleta é fundamental.

RC: Mano Menezes o conhece bem, desde os tempos de Grêmio. Isso ajuda para uma nova convocação para a Seleção?

Não tenho mais chances do que outros atletas por isso. Mano me conhece realmente, trabalhei com ele em 2007, no Grêmio. Ele foi a Portugal pedir minha contratação. A Seleção está em formação, isso, sim, dá mais motivação. Até por isso preciso dar sequência no Vasco, fazer meus gols. Isso vai ajudar para futuras convocações. Nessa última oportunidade, participei de um gol e fiquei muito feliz.

BB: Muitos vascaínos comparam seu estilo com o do Edmundo. Enxerga algum tipo de semelhança?

Edmundo é um ídolo do futebol, ainda mais no Vasco. O que ele fez em 97 foi um absurdo. Se eu fizer 10%, 15%, já dá para me tornar ídolo aqui. Edmundo era um craque de bola, vinha atrás do meio de campo, pegava a bola e ia tirando quem estava pela frente e fazia os gols. É um estilo que, sem dúvidas, não só eu, como qualquer atleta, gosta.

BB: Se precisasse fazer um DVD, teria um interessante por conta dos seus golaços. Dá para escolher o mais bonito?

As oportunidades vêm aparecendo para sair gols bonitos, mas acho que já tenho uns golzinhos bonitos na carreira (risos). Teve um que fiz do meio de campo (pelo Palmeiras). Acho muito bonito e esse último que fiz contra o Cruzeiro.

RC: A cada dia sua identificação com a torcida do Vasco aumenta. Você consegue sentir isso?

Quando você conquista títulos, tem atuações boas, é profissional ao ponto de se doar o tempo inteiro para fazer com que o torcedor fique feliz, isso vai acontecendo com naturalidade. Hoje estou tendo um carinho muito bom da torcida do Vasco. Estou me sentindo em casa aqui.

BB: E o que acha destas manifestações populares, com vascaínos imitando seu passinho e até já criando funk para você?

Já ouvi o funk ("Tá Danado", de MC Diguinho). Acho engraçado (risos) e fico feliz. Vejo o torcedor pedindo para fazer a dancinha e é legal. Depois que eu fiz aquele dancinha contra o Avaí e na final da Copa do Brasil, ficou bem marcada.

RC: E afinal, o que é aquela dancinha? É o Trem-Bala da Colina?

É, sim. Tinham lançado a música, o torcedor já estava empolgado com ela e acabamos fazendo. Aquilo foi espontâneo. Tinha uma dancinha, antigamente, nos bailes funks, que era a "Dança do Aleijadinho". É mais ou menos aquilo ali (risos).

BB: O fato de ter voltado a atuar próximo de seus familiares e amigos, também ajudou neste momento que atravessa?

Claro. Eu vinha de sete anos fora, longe dos meus pais, dos meus irmãos e amigos. Essa vinda para o Rio me ajudou bastante. Minha esposa está feliz, vou ser pai pela segunda vez brevemente. Isso tudo tem me deixado muito feliz para só pensar em jogar futebol.

RC: Você é muito ligado às suas raízes. O que te representa a Ilha do Governador (bairro do Rio de Janeiro onde foi criado)?

Eu nunca deixei de ir lá, até quando estava jogando fora do Rio. Ali, sem eu ter nada, era feliz. Tinha um campinho em frente à minha casa onde jogava bola e soltava muita pipa. Não tinha responsabilidade com nada e era feliz sem ter nada. Para ter uma chuteira era meio complicado, mas graças a Deus não faltou comida, pois meus pais sempre trabalharam. Hoje estou com responsabilidade, filhos, preocupação com família. Aí você vê a diferença. Antigamente eu acordava, tinha que ir para a escola e depois era só festa

(Nota da redação: nesta resposta, ficou com os olhos marejados).

BB: É verdade que seu pai te colocava para fazer treinos à parte quando você voltava do Flu?

Meu pai sempre batalhou para eu me tornar jogador. Não sei se era sonho dele se tornar jogador, porque ele brinca até hoje que se eu jogasse 10% do que ele jogava, eu seria craque (risos). Eu treinava de manhã no Fluminense e à tarde com ele. Pegava umas garrafinhas pet, fazia de cone e me levava para o campo. Meu pai era muito exigente, tirava o meu couro.

RC: Após suas boas atuações, começam a surgiu boatos de clubes interessados em seu futebol. Pretende ir para a Europa?

A questão é que hoje, no Brasil, o jogador está sendo bem valorizado. Os clubes têm ajudado, há bastante jogadores convocados, então, não há aquela pressão de sair. Tem de ter calma. Não penso em sair agora. Tem Libertadores ano que vem. Tenho de pensar jogo a jogo no título brasileiro.

BB: Sente-se preparado para ser protagonista de um possível título brasileiro pelo Vasco?

Sim, me sinto preparado. Tenho colocado na cabeça que o título é importante. Estou me preparando, faltam poucas rodadas e, sem dúvidas, vale o sacrifício.

Fonte: Lancenet