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Ele não faz gols, não joga e nem treina times, mas faz parte da reabilitação de Vasco e Corinthians, outrora rebaixados e hoje candidatos ao título do Brasileirão.

Carlos Leite é avesso às entrevistas, pois se diz vítima de “muita maldade”. O empresário é alvo de acusações de favorecimento a seus atletas (e consequentemente a ele) em vários clubes e até na Seleção Brasileira treinada por Mano Menezes, também seu cliente. Mas às vésperas do duelo entre seus “parceiros”, abriu o jogo ao LANCENET! e revelou como vê sua participação no bom momento:

– Sou uma gotinha nesse oceano - avisou.

Leite encontrou um nicho vantajoso de mercado quando o Grêmio foi rebaixado para a Série B, em 2004: investir em grandes equipes em péssimos momentos financeiro e técnico. Foram nesse contexto as aproximações com paulistas (no fim de 2007) e cariocas, um ano depois. Desmantelados até moralmente, ambos recorreram a Carlos Leite, que indicou, intermediou e investiu. Até emprestou dinheiro e garante: já recebeu tudo.

– Ninguém me deve nada, tudo foi cumprido e isso tem sido diferencial para atletas jogarem nesses clubes - afirmou.

O trabalho no Vasco foi mais árduo. Quando Leite se apresentou a Roberto Dinamite, apenas oito atletas (três goleiros) estavam sob contrato. O empresário usou a experiência adquirida ao longo daquele 2008, quando o Timão ganhou a Série B.

– O Corinthians já tinha uma estrutura organizacional que funcionava, o trabalho foi mesmo de buscar jogadores, indicar o mais barato, gastar pouco. No Vasco foi muito mais complexo, então pedi autorização e apresentei o (Luís Paulo) Rosenberg (diretor de marketing do Corinthians), aproximei as diretorias para entenderem o funcionamento.

O vascaíno Leite não se surpreende ao ver os clubes nas primeiras colocações. Para ele, a boa fase se deve aos estilos descentralizadores de Dinamite e Andrés. Estilos que permitiram seu trânsito. Entre acertos e erros, o agente admite que teve sua compensação financeira com a valorização dos jogadores, que subiram, se firmaram na elite e voltaram a conquistar títulos cobiçados. Mas o dinheiro, afirma, não é prioridade.

– Sou muito preocupado em meu trabalho dar certo. Apostei e hoje colho frutos, não penso em tirar proveito financeiro num primeiro momento. Na dificuldade tem de ser parceiro, depois vem o prazer de dar certo.

HOMENS DE LEITE NO JOGO VASCO X CORINTHIANS

Diego Souza
Chegou ao Vasco em março e se destacou até chegar à Seleção. Tem contrato de quatro anos. Vasco pagou ao Atlético-MG.

Fagner
Depois de saída conturbada do Timão, foi para o PSV e Leite o levou ao Vasco para disputar a Série B. Tem vínculo até 2012.

Ramon
Trocou um parceiro pelo outro. Leite já havia o oferecido ao Corinthians em 2009, mas negócio só se concretizou em 2011.

Wallace
Carlos Leite o adquiriu junto ao Vitória, seu ex-clube, e repassou ao Corinthians. Ele também é empresário do zagueiro.

BATE-BOLA:

Carlos Leite, em entrevista ao LANCENET!

‘Empresário que fala que vende atleta é mentiroso’

Você procurou ou foi procurado por Corinthians e Vasco quando os clubes foram rebaixados?

Prefiro dizer que foi um encontro. Fiz a venda do Willian no fim de 2007, minha relação com o Corinthians começou ali. Depois o Mano me contratou e eu o indiquei. Havia uma necessidade financeira e ajudei no momento de caos. No Vasco, estavam começando e entenderam a necessidade de reformulação total. Fui buscar treinador, jogadores e o Rodrigo Caetano para o clube.

Quem é favorito para o jogo e o título? Vasco ou Corinthians?

É muito parelho, não só os dois. Tem mais umas três equipes. Nunca se pode descartar o São Paulo pela tradição, força, o time que tem.

Você atuou mais como empresário ou investidor nesses clubes?

Foi um misto. Há investimentos que não dão certo. No Vasco montamos um elenco todo, há acertos e erros. O Grêmio foi bem depois de subir, Corinthians também. Corri riscos. Hoje os clubes estão bem e você me ligando. Mas e se não desse certo? Se o futebol brasileiro seguir nesse rumo, cada vez menos os clubes vão precisar de investidores.

Quando o André Santos foi para o Arsenal (ING), muitos disseram: “Esse tem empresário bom, hein!”. Você fica lisonjeado ou irritado?

Empresário que fala que coloca atleta não sei aonde, que vende, é tudo mentiroso. Quem se coloca é o jogador, ele corre, desenvolve. A gente dá suporte. Fico lisonjeado.

Você é vascaíno. Ainda consegue torcer ou não mistura as coisas?

Você passa a torcer por mais clubes, jogadores, mas é hipocrisia dizer que não torce. Todo mundo que está envolvido no futebol tem time. Já fui muito mais fanático, mas o Vasco é meu time e não impede de me relacionar com ninguém.

INSINUAÇÕES SOBRE MANO INCOMODAM

Carlos Leite é empresário de Mano Menezes e as insinuações de que seus jogadores são convocados pelo técnico da Seleção para favorecê-lo são a única coisa que tiram o agente do sério.

- Incomoda. Se eu fosse um vagabundo, fizesse coisas erradas, tudo bem. Mas sou verdadeiro, correto e são insinuações para machucar. Sempre foi assim e não vai mudar agora – lamentou.

Os clientes mais frequentes nas listas do treinador são o volante Lucas Leiva, do Liverpool (ING), e o lateral-esquerdo André Santos, transferido recentemente para o Arsenal (ING). Ambos foram titulares da Copa América, em julho. Para se defender, Leite usa as convocações de Dunga. Ninguém fala que com o ex-técnico, o Lucas jogou Eliminatória, o André Santos jogou e foi campeão da Copa das Confederações. Por que nã.o diziam que eram meus jogadores – indagou.

O empresário admitiu que sua relação com Mano, e também os atletas, agenciados, vai além do lado profissional. É de amizade.

QUEM É ELE:

Nome: Carlos Leite

Idade: 41 anos

O início: Formado em Direito, começou a atuar no futebol em 2003. Seu primeiro cliente foi o meia Léo Lima, então no Vasco. Antes de se envolver com o esporte, trabalhava no ramo de autopeças.

Primeiras transferências: Léo Lima chamou Leite para ser seu empresário e indicou o atacante Souza, também do time da Colina. Ambos foram negociados com o CSKA Sofia (BUL). Hoje, o agente trabalha com cerca de 60 jogadores no Brasil e no mundo.

Fonte: Lancenet