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Para Cristóvão, união do elenco após problema de Gomes levou à liderança
Domingo, 02/10/2011 - 10:40
O treinador interino do Vasco, Cristóvão Borges, 52, completa um mês à frente do time. Nesse período, o clube saltou de quarto colocado para líder do Brasileiro. Ele assumiu o comando após Ricardo Gomes, 46, ter sofrido um AVE (acidente vascular encefálico) em 28 de agosto.
Em entrevista por telefone à Folha, o ex-auxiliar técnico disse que a união da equipe depois do incidente com o colega foi crucial para o bom desempenho no Nacional.
Folha - O que mudou para você desde que assumiu o cargo?
Cristóvão Borges - Mudou bastante. São mais ocupações. A exigência é maior, a responsabilidade é muito grande. Foi um choque muito grande. Além de meu companheiro de trabalho, ele é meu amigo e, naquele momento, corria risco de morrer. Três dias depois, a gente tinha que jogar. Para poder segurar essa, em um momento assim, foi duro, muito duro, mesmo. A gente tem um grupo [de atletas] bom, e o clube se abraçou, todos deram as mãos.
O que sentiu na relação com os jogadores nesse período?
Com eles, foi um pouco mais confortável. Eu estou no trabalho com o Ricardo desde o começo e participei de tudo. Então foi só eu dar continuidade, e as coisas foram acontecendo.
Agora que a situação se acalmou e que o Vasco lidera, existe o risco de um oba-oba?
Isso não vai acontecer. Não tem essa distinção. Quando aconteceu [o problema de Ricardo Gomes], pegou todo mundo de surpresa. Mas a reação também foi muito rápida. Nós conversamos [com os jogadores] para esclarecer a situação do Ricardo. Os jogadores entenderam. O clube se uniu, todo mundo. Isso criou uma força que a gente pôde transmitir. Conseguimos os resultados nas partidas, e acredito que isso tenha também ajudado bastante na recuperação dele.
Como está o Ricardo?
Muito bem. Os médicos, que estão acostumados com isso [recuperação de AVE], estão todos surpresos com a evolução rápida dele. Ele está cada dia melhor. Mas, lógico, não é tudo normal. A fala foi afetada, e o lado direito também. Ele faz exercícios de fisioterapia, fonoaudiologia. Conversa de tudo.
De futebol?
Futebol também. Nas outras visitas que fiz a ele, eu conversava de futebol em tom de brincadeira. Muito pouco. Desta vez, disse que era dia de ele trabalhar. Ele falou que ainda não era hora, mas eu respondi que tinha levado bastante trabalho para ele. Mas tudo de brincadeira. Ele está com um astral bacana.
Fonte: Folha de São Paulo