É verdade que o time da Argentina não estava com suas principais estrelas. Mas Argentina é sempre Argentina, né Mano? Portanto, dá para dizer que a Seleção acabou com o jejum diante de adversários de peso, depois de derrotas para os hermanos, para a França e para Alemanha. Além disso, muito embora o Superclássico das Américas não seja um torneio tão importante, essa conquista ajuda a minimizar um pouco o fracasso na Copa América.
O que chamou a atenção nesta quarta-feira, além do apoio incondicional da torcida paraense, foi a desinibição de jogadores como Cortês e Lucas, dois dos melhores em campo. Além, é claro, da ousadia e alegria de Neymar, que infernizou os argentinos, e da experiência de Ronaldinho Gaúcho, que com toques precisos e dribles desconcertantes mostrou que está se achando novamente na Seleção. Ao final, gritos de “olé” e de “é campeão” dos paraenses, um show à parte na torcida.
A Seleção Brasileira volta a jogar no próximo dia 7 de outubro, contra a Costa Rica, em San José. Pouco tempo depois, no dia 11, o desafio é contra o México, em Torreon. Para esses dois amistosos, o técnico Mano Menezes voltou a convocar jogadores que atuam na Europa. E também alguns que jogam no Brasil.
Antes de a bola rolar, um pouco de falta de educação e um show da torcida paraense. Se no momento do hino nacional argentino algumas pessoas vaiaram, em sinal de desrespeito, quando o sistema de som do Mangueirão encerrou o hino brasileiro antes da hora, a galera toda continuou cantando. Um lindo espetáculo.
Já com a bola rolando, os 45 minutos do duelo desta quarta-feira foram bem melhores do que os 90 em Córdoba, no empate por 0 a 0 da primeira partida. Xodó da torcida e alvo dos gritos histéricos das garotas, Neymar mostrou ousadia e alegria logo nos primeiros minutos, com dribles curtos no meio de campo.
Com a Argentina recuada e em busca do contra-ataque, a Seleção Brasileira procurou explorar a velocidade de Lucas, que aos 18 minutos foi acertado no nariz por Papa e teve de ser atendido para estancar sangramento. O meia, porém, só fez valer seu futebol na parte final do primeiro tempo.
Foi dos pés do são-paulino que saiu a melhor jogada de ataque do Brasil, aos 38 minutos. O garoto arrancou pelo meio, deixou os marcadores para trás e colocou Borges em boa condição. O atacante do Santos cruzou para Neymar, mas seu companheiro de clube não alcançou a bola. O lance, porém, foi bonito.
Antes disso, Neymar já havia dado mais uma demonstração de alegria e ousadia. O garoto partiu para o ataque, deu um drible da vaca e tentou cruzar. Sem sucesso.
Fora isso, a Argentina arriscou em poucas bolas alçadas na área. E Ronaldinho Gaúcho, que algumas vezes colocou a mão na virilha, dando sinais de incômodo, tentou em duas oportunidades marcar em cobranças de falta. Ambas passaram longe do gol de Orion. E o 0 a 0 permaneceu no placar.
A boa atuação da Seleção Brasileira no primeiro tempo continuou no segundo. E co Lucas sendo o destaque. Logo em seu primeiro lance, aos oito minutos, o meia do São Paulo abriu o placar. Ele recebeu ótimo passe de Danilo, ganhou de Sebá na velocidade e bateu na saída do goleiro Orion. Um belo gol!
Se o ânimo da torcida paraense já era grande, depois do gol aumentou ainda mais. Melhor para a Seleção Brasileira, que empurrada pela torcida ficou mais solta em campo. A cada toque de Neymar na bola, aliás, a arquibancada fervia e os gritos das meninas tomavam conta do estádio Mangueirão.
Aos 14 minutos, um lance curioso envolvendo Neymar e Guiñazu, do Internacional. O argentino foi desarmar o santista com um carrinho e na hora que segurou na camisa do craque brasileiro arrancou um dos números 1 das costas do camisa 11. O atacante, aliás, teve de trocar de uniforme.
Com a vantagem e a torcida empolgada, o ambiente ficou favorável para os jovens, como queria Mano Menezes. A ousadia e alegria de Neymar, que deu chute no ar e infernizou os argentinos, contagiou também Bruno Cortês, que fez a festa pelo lado esquerdo do ataque. Só não deu mais para Lucas, substituído e aplaudido aos 24.
Mas quem disse que não tinha espaço para os veteranos brincarem? Ronaldinho Gaúcho também se empolgou e adotou a ousadia e alegria. Diante desse cenário, o segundo gol era questão de tempo. E aos 30 minutos, Cortês fez ótima jogada e tocou para Diego Souza, que cruzou para Neymar coroar sua atuação: 2 a 0.
Enfim, a Seleção Brasileira voltou a mostrar sua essência e a convencer, mesmo que contra uma Argentina cambaleante. De um jeito ou de outro, esse é o primeiro título do Brasil na era Mano Menezes e no projeto Copa 2014. Que venham mais!
Seleção Brasileira com Romulo (8) e Dedé (3) | Romulo (8) | Diego Souza (18) |
Romulo | Romulo | Dedé comemora o título |
BRASIL 2 X 0 ARGENTINA
Local: Mangueirão, Belém (PA)
Árbitro: Jorge Larrionda (URU)
Renda e público: R$. 2.579.160,00/43.038 pagantes
Brasil: Jefferson, Danilo, Dedé, Réver e Cortês (Kleber); Ralf, Rômulo e Ronaldinho; Lucas (Diego Souza), Neymar e Borges (Fred). Técnico: Mano Menezes.
Argentina: Orion; Cellay, Domínguez e Desabato; Pillud (Mouche), Augusto Fernández, Canteros (Bolatti), Guiñazú e Papa; Montillo e Viatri. Técnico: Alejandro Sabella.
Fonte: GloboEsporte.com (texto, fotos, vídeos), O Globo online (ficha, fotos), CBF (fotos)