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Rodrigo Santoro: 'No momento eu sou vascaíno, mas estou botafoguense'


Segunda-feira, 26/09/2011 - 08:19

Artista da bola, diamante branco, o craque-galã. Estas são alguns dos apelidos dados ao maior ídolo do Botafogo antes de Garrincha. Inteligência, carisma e talento que conviviam com um temperamento explosivo, a vida boêmia e o vício das drogas. A história de Heleno de Freitas virou livro e agora vai parar na telona, no filme "Heleno", dirigido por José Henrique Fonseca. O Esporte Espetacular teve acesso às gravações e foi bater um papo com Rodrigo Santoro, que interpreta o jogador.

Além do cabelo repartido de lado, da gomalina, o uniforme de época e a bola de capotão, Rodrigo suou muito para poder interpretar o craque. Perdeu cinco quilos durante as aulas de fundamentos do futebol com o ex-jogador Cláudio Adão. O professor enalteceu o aluno galã.

- Uma pessoa dedicada, uma pessoa maravilhosa. Ele tem dom para a coisa, então foi fácil - elogiou Adão.

Além do esforço para conseguir jogar como Heleno, outra coisa poderia ter incomodado Rodrigo Santoro: ele é vascaíno. Mas vestir a camisa da estrela solitária não virou problema para o ator:

- O Botafogo é um time muito simpático. No momento eu sou vascaíno, mas estou botafoguense - disse.

Celebridade e galã dos gramados

Heleno era formado em direito, tinha pinta de galã e adorava frequentar os bailes da alta sociedade carioca, que vivia uma época efervescente. Foi o primeiro craque-celebridade do futebol brasileiro. Quando entrava no salão de alguma festa, era ovacionado por todos. O jornalista e autor do livro "Nunca houve um homem como Heleno", Marcos Eduardo Neves, compara a personalidade dele com outros jogadores:

- Era um futebol de um Romário, um temperamento de um Edmundo, era elegantíssimo como Falcão, bonito como Kaká. E ele era doutor, como Tostão e Sócrates - explicou o escritor.

Lembrado pelo temperamento explosivo, Heleno nasceu em São João Nepomucemo, Minas Gerais, e iniciou a carreira no Fluminense. Mas foi no Botafogo que se destacou e conseguiu chegar à Seleção Brasileira. Também jogou no Vasco, Santos, América, Júnio Barranquilla-COL e Boca Júniors-ARG.

- É uma série de contradições. O que as pessoas diziam é que no campo ele era esquentado, agressivo, mas muito porque queria jogar bola. Era muito perfeccionista e queria que as pessoas correspondessem - disse Santoro.

Por seu temperamento, Heleno também era chamado de Gilda. Rodrigo Santoro explica que há duas versões para o nome. Uns dizem que o apelido veio da torcida do Fluminense numa final, e outros dizem que a brincadeira surgiu no Clube dos Cafajestes. Ambas as histórias remetem ao filme Gilda, de 1946. A protagonista, vivida por Rita Hayworth, era temperamental ao extremo, assim como o craque de General Severiano.

Elegante, boêmio e mulherengo, Heleno acabou vítima do próprio estilo de vida. Ele morreu em 1959, aos 39 anos, num hospício de Barbacena, em Minas Gerais, em decorrência da sífilis, uma doença que, se não é tratada a tempo, destrói fisica e neurologicamente a pessoa.

- Acabou sendo um fim trágico, e ele passou como se fosse um cometa. Viveu muito intensamente, dizia o que queria, o que pensava, fazia o que queria, mas tem coisas muitos belas. Ele deixou belas memórias também - disse Rodrigo Santoro.

O filme "Heleno" já está finalizado e correndo o circuito de festivais. Deve estrear nas salas de cinema no início de 2012.

- Quem for ver o filme, vai ver o Rodrigo Santoro encarnando o Heleno de Freitas e jogando igual ao Heleno - finalizou o diretor do longa, José Henrique Fonseca.







Fonte: GloboEsporte.com