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Vasco entre os mais queridos pelos torcedores de Salvador (BA)
Quarta-feira, 21/09/2011 - 16:44
Você conhece o termo “misto”. É usado pra apontar o torcedor que, mesmo nascido na terra, escolheu um segundo time de coração. “Sou Bahia e...”, “Vitória e...”.
Muitas vezes eles são perseguidos. Em diversas oportunidades, foram chamados de “vergonha do Nordeste”, mas todo mundo tem um amigo assim. E sabe por quê? Simplesmente porque 37,9% dos soteropolitanos torcem por um clube de outro estado. Dentro desse percentual, o Flamengo lidera, com 25,9%, seguido de São Paulo (24,1%), Corinthians (18,4%), Palmeiras (9,2%), Santos (6,6%) e Vasco (5,7%), dentre outros menos cotados.
E vale lembrar que, de acordo com a pesquisa CORREIO/Futura, muitos deles são torcedores da dupla Ba-Vi. Os “mistos” tricolores são: 33,3% torcem pelo São Paulo, 18,3% pelo Corinthians, 13,3% pelo Flamengo e 11,7% pelo Palmeiras. Os rubro-negros seguem linha diferente: 49,3% são Flamengo, 13,3% Corinthians, 10,7% São Paulo, 6,7% Palmeiras e por aí vai.
Gringos
Existe ainda uma nova categoria: as do que torcem por clubes do exterior. Exatos 12% dos 601 entrevistados têm um time fora do Brasil. E dá pra imaginar quem anda na frente nesse quesito, né?
O multicampeão Barcelona carrega nos pés de Messi, Xavi, Iniesta, Villa e Daniel Alves a força de 47,2% dos torcedores. O rival Real Madrid não chega nem perto: 6,9%, empatado com o Milan. Surpresa é o Atlético de Madrid (5,6%), à frente dos Manchesters United e City e Inter de Milão (trio de 4,2%).
Um jovem centenário
Por que a torcida do Vitória cresce entre os jovens? Títulos. De 1989 pra cá, são 16 dos 23 estaduais. Mais que títulos: o atual pentacampeão do Nordeste ganhou alcance nacional. Decidiu o Brasileiro de 1993 e a Copa do Brasil de 2010. Tornou-se frequente na Série A, entre 1993 e 2004, quando caiu. Voltou em 2008 e agora luta pra subir de novo. Investiu em craques como Bebeto e Petkovic, de forte identificação com crianças e jovens.
O investimento na base fez do Vitória um dos fornecedores para seleções brasileiras de todas as idades. Os novos torcedores se veem nesse clube jovem e campeão. Três pentacampeões do mundo 2002, Dida, Vampeta e Júnior, saíram da Toca. O velho Vitória de 1899 rejuvenesceu e se reinventou, verbo que encanta a juventude. A metamorfose refletiu-se nas camisas exóticas com desenhos diversos: bumerangue; raios; batimento cardíaco; curvas rubro-negras nas mangas; homenagem aos 450 anos de Salvador; listras verticais, e até camisa amarela! Ações de marketing passaram a incluir crianças: a entrada em campo virou festa para soltar o Leão. Até o hino antigo, o Vitória trocou por um ritmo animado. E por que o Vitória saiu da elite para tornar-se um time de toda Salvador? Uma boa pista: Canabrava, onde ficava o aterro sanitário, é o berço do Barradão, que atraiu moradores de bairros periféricos, bem representados na opção de classe do novo Leão.
E o Bahia, por que tanta força na Barra? Não era o Vitória o ‘Leão da Barra’, por sua origem de elite? Enquanto gerações de rubro-negros tradicionais desapareciam, o Bahia passava a liderar este espaço que, por raiz histórica, também é seu. Os primeiros tricolores vieram dos times da Associação Atlética e do Bahiano de Tênis. A primeira sede foi na Avenida Princesa Isabel. Depois é que o Bahia se mudou para o Canela e o Acupe de Brotas. A pesquisa demoliu mitos do nosso futebol.
Fonte: Correio 24 horas