Avesso às badalações do mundo do futebol, Romulo é casado desde os 18 anos e ainda não comprou o primeiro carro. No lugar das mansões de cair o queixo, o volante reside num apartamento simples no Recreio. Até março deste ano, morava em São Cristóvão porque gostava de ir a pé para o treino em São Januário. Agora, apela à ajuda dos amigos para chegar à sede do Vasco, mas não quer saber de ficar endividado.
- Como não tenho carro, pego carona com o Eder Luis, com o Fellipe Bastos ou com o Fagner. Para não estressar nenhum deles, cada dia peço favor a um colega - afirmou, às gargalhadas.
Convocado para a Seleção Brasileira na semana passada, o volante segue com os pés no chão. Boa parte do dinheiro que entra é para ajudar os pais. Eles moram em Picos, no interior do Piauí, a 2.304Km do Rio de Janeiro.
- É difícil falar com eles. Mas ajudo meus pais. Tenho dois irmãos e uma irmã também - disse.
Falando em defender o Brasil, o jogador confessa que custou a acreditar que havia sido lembrado pelo técnico Mano Menezes. Quando atendeu as primeiras ligações, achou que era brincadeira dos companheiros de Vasco. Ele nunca imaginou que o maior presente de aniversário viria com antecedência de duas semanas. No dia 19 deste mês, Rômulo completa 20 anos tendo no currículo uma passagem pela Seleção Brasileira.
- Foi uma surpresa. Eu estava brincando com a minha filha, quando recebi a notícia. Fiquei muito nervoso, tremi todo e nem consegui dormir naquela noite. Minha esposa também custou a acreditar (na convocação). Recebi parabéns antecipado. No início achei que era brincadeira. Depois pensei: "deve ser verdade". Então fui à internet para conferir - disse.
Além disso, Romulo garantiu que está preparado para enfrentar as brincadeiras que todo calouro passa ao ingressar na Seleção Brasileira.
- Sou tímido para caramba, mas esse negócio de fazer discurso na Seleção é uma vergonha boa de passar. O Dedé me contou que acontecem algumas brincadeiras. Sem problema, está valendo. Vou trabalhar para ser convocado outras vezes - afirmou.
Mais difícil é enfrentar a marcação cerrada da filha Nicole, de três anos. Ela sempre faz a mesma pergunta antes dos jogos do Vasco.
- "Papai, faz um gol para mim?" Aí tenho que explicar que não sou atacante - contou o jogador, que na última quinta-feira acabou atendendo ao pedido da herdeira, ao balançar a rede na vitória por 2 a 0 contra do Coritiba, em São Januário.
Apesar da fama de volante-artilheiro no início do ano, Romulo disse que troca a escassez de gols de agora pela boa fase do time. Se os gols diminuíram, a confiança da torcida no jogador aumentou.
- Antes jogava mais pelo lado direito, como segundo volante. Agora fico na frente da zaga. Mas não sou impedido de sair. Tento revezar com o Edu (Eduardo Costa) e o Juninho. O importante é não levarmos gols. E todo torcedor é assim quando o time não está bem. A fase estava danada no início do ano.
O volante decidiu investir no futebol aos 15 anos, quando ingressou no Porto, de Caruaru (PE). Mas foi no ano retrasado que o volante teve uma guinada na carreira. Mal chegou ao time de juniores do Vasco, ele foi campeão do torneio Otávio Pinto Guimarães (OPG). O que despertou a atenção do então técnico do Vasco Paulo César Gusmão, que o puxou, em 2010, para os profissionais.
- O meu primeiro jogo no time principal foi pelo Torneio da Hora, na vitória por 3 a 1, contra o Avaí - lembrou o jogador.
Fonte: GloboEsporte.com