Euller se aposenta aos 40 anos e relembra época do Vasco
Sexta-feira, 09/09/2011 - 12:27
Não adianta mais retardar. Chegou ao fim a carreira do “Filho do Vento”. O atacante Euller, ídolo no América-MG e no Atlético-MG e com passagens marcantes por São Paulo, Palmeiras e Vasco, deu adeus aos gramados, mas não se despediu do futebol. Com 40 anos, o jogador garantiu que está tranquilo com a decisão e que se preparou, nos últimos dois anos, para terminar a carreira. O maior problema, segundo o agora ex-jogador, será se acostumar com a nova rotina.
- Vou ficar com saudade! Mas eu me preparei para esse momento. Está sendo tranquilo. Vou sentir falta da rotina de atleta, de treinar, do jogo, do clássico. Tenho que preparar minha cabeça para isso.
O jogador afirmou que recebeu várias propostas para entrar na política, como já fizeram alguns de seus colegas. Mas garantiu que continuará trabalhando com esporte. Atualmente no América-MG, Euller protelou sua despedida por algum tempo, mas afirmou que está preparado para assumir uma nova função no futebol.
- Minha vida é futebol. Por isso, não quero ficar longe. Eu aproveitei o restinho de contrato com o América-MG para me preparar para uma nova função. Posso ser dirigente de futebol, mas quero mesmo é ser técnico. Mas só daqui a uns dois anos.
Durante a carreira, Euller passou por diversos times vitoriosos, conquistou muitos títulos, marcou gols importantes e especiais. Mas o jogador ficou famoso pelas duplas que formou. Um dos maiores atacantes brasileiros de todos os tempos declarou que muitos dos mais de mil gols que marcou foram por causa das assistências de Euller. Essa afirmação é de Romário, que fez dupla com Euller no Vasco, em 2000 e 2001.
- Essa foi uma parceria em que eu apostei. Quando saí do Palmeiras, em 2000, tive várias propostas para sair do Brasil. Mas ainda sonhava com a Seleção Brasileira, apesar de já estar com uma idade avançada, tinha 29 anos. E deu certo! Tanto que eu cheguei ao Vasco em agosto de 2000 e, em outubro, já estava convocado.
Começo
Natural de Felixlândia, no interior de Minas Gerais, Euller contou que o início não foi fácil. O pai não apoiava. Muito pelo contrário, o deixava de castigo quando era encontrado com uma bola. O menino tinha que jogar futebol escondido, mas contava com uma ajuda fundamental: a mãe!
- Ela foi minha maior incentivadora.
Mas o pai também foi importante na carreira de Euller.
- Eu jogava escondido quando ele viajava. Mas quando meu pai voltava, eu tinha que chegar em casa antes dele, então corria muito. Foi nessa época que ganhei a habilidade de correr muito e depois ganhei o apelido de “Filho do Vento” por causa da minha velocidade em campo.
Com 14 anos, foi tentar a sorte em Belo Horizonte. Depois de fazer testes e ser dispensado de Atlético-MG, Cruzeiro e América-MG, o garoto conseguiu uma chance no time do Venda Nova.
- Eu cheguei para o teste e estava tendo um jogo. Sentei para assistir, e um jogador do time sentou do meu lado. Ficamos conversando até que ele soltou que o Venda Nova precisava de um ponta-esquerda. Quando o treinador veio falar comigo e me perguntou em que posição eu jogava, falei na hora: ponta-esquerda!
Momentos marcantes
A carreira de Euller durou 23 anos, e o atacante passou por nove clubes diferentes, sete no Brasil e dois no Japão. Durante esse tempo, passou por diversas situações, conquistou títulos e viveu momentos felizes e tristes também.
O momento mais feliz da carreira de Euller não foi a conquista de um título importante. Para o atacante, a maior felicidade da carreira foi a primeira convocação para a Seleção Brasileira. Foi chamado pelo técnico interino Candinho, em 2000.
- O momento mais feliz, com certeza, foi a primeira convocação. Eu estava no supermercado e fui avisado pela assessoria do Vasco. Eu não acreditei, minhas pernas tremiam. Corri para casa porque eu queria ver meu nome na lista pela televisão.
Mas a carreira de Euller não foi feita só de momentos felizes. O jogador relembrou a situação mais triste que viveu como jogador, quando pensou até em largar o futebol. Foi a morte do jogador e amigo Serginho, companheiro de São Caetano, em 2004. O zagueiro teve uma parada cardiorrespiratória durante um jogo contra o São Paulo, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro.
- Abalou minha vida e minha carreira. Pensei em parar de jogar. Ele foi meu primeiro amigo no São Caetano. Tínhamos uma viagem marcada com as famílias. Meu filho era o melhor amigo do filho dele.
Euller, que teve conquistas importantíssimas, como a Taça Libertadores de 1999, pelo Palmeiras, agora quer descansar. O jogador, pelo menos logo após a aposentadoria, voltará a Felixlândia, retornará às origens. A maior preocupação de Euller nos próximos meses será se vai ou não conseguir fisgar alguma coisa na pescaria do interior.