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Autor de lei de prevenção do AVC diz que Ricardo Gomes é exemplo


Quinta-feira, 08/09/2011 - 12:52

A partir desta quinta-feira, a rede pública de saúde do Estado do Rio de Janeiro deverá prestar assistência especial às vítimas de acidente vascular cerebral (AVC). A lei 6.033/11, publicada no Diário Oficial do Executivo de hoje, cria o Programa de Assistência aos Vitimados com AVC, que pretende alertar o poder público e a sociedade sobre os riscos da doença, considerada a principal causa de mortes no Brasil. Para o deputado Paulo Ramos (PDT), autor da lei, o caso do técnico do Vasco, Ricardo Gomes - que sofreu um AVC em agosto, durante uma partida de futebol - serve de exemplo para a conscientização da população.

"É preciso apostar na prevenção, uma campanha de esclarecimento. Vê o que aconteceu com o técnico do Vasco, o Ricardo Gomes. O que aconteceu foi exatamente isso, ele estava tendo um AVC", afirmou.

De acordo com o deputado, falta vontade política para aproveitar a comoção gerada por casos de grande repercussão, como o do técnico vascaíno, para educar a sociedade sobre os riscos da doença. "Não há um compromisso em fazer a divulgação. As coisas vão ficando perdidas. Não se aproveita o caso concreto para (fazer) campanhas de esclarecimento", criticou. "Nós temos que ter esse compromisso e temos que sensibilizar os governantes, os meios de comunicação e a sociedade como um todo. É preciso uma campanha de grande repercussão."

Pela lei proposta pelo deputado, a rede pública fluminense fica responsável pelo programa, que tem "por finalidade apoiar, informar, orientar, tratar, reabilitar e reintegrar pacientes vitimados por acidente vascular cerebral (AVC)". Ramos acredita que o AVC mereça pelo menos o mesmo tipo de atenção dispendida a doenças "menos letais", como a Aids e a dengue. "O objetivo é fazer campanhas de esclarecimento. Em relação à Aids, por exemplo, existem campanhas e mais campanhas. Em relação à dengue também. Mas em relação ao AVC, não há um trabalho", disse.

Ramos afirma que vem trabalhando no projeto há cerca de um ano, inspirado pelo trabalho do médico Daniel Chutorianscy, que passou a se dedicar ao tema após ter sido vítima de um derrame. Idealizador de um grupo de assistência a vítimas do AVC, Chutorianscy apresentou ao deputado dados sobre o impacto da doença na saúde pública. "Os números apresentados são os mais contundentes: é a principal causa de mortes no Brasil inteiro, mais de 1 milhão por ano, sendo que os que sobrevivem ficam com sequelas, mais de 250 mil. São números expressivos demais para que não haja uma atenção específica", afirmou o deputado.

Entenda o caso

No dia 28 de agosto, durante o clássico carioca disputado entre Vasco e Flamengo, no estádio do Engenhão, o técnico Ricardo Gomes sentiu-se mal e deixou o local em uma ambulância, antes do término da partida. Levado ao Hospital Pasteur, no Meier, Gomes teve constatado o AVC e foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro. O técnico está internado desde então, e não está descartada a possibilidade de que ele fique com sequelas.

O acidente vascular cerebral (AVC), ou acidente vascular encefálico (AVE), chamado de derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida da função neurológica, decorrente do entupimento (isquemia) ou rompimento (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais.

Trata-se de uma doença de início súbito na qual o paciente pode apresentar paralisação ou dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou articulação das palavras e déficit visual súbito de uma parte do campo visual. Pode ainda evoluir com coma e outros sinais. Dentre os principais fatores de risco para o AVC estão a idade avançada, hipertensão arterial (pressão alta), tabagismo, diabetes e colesterol elevado.

Fonte: O Dia