A rotina no Instituto Vida Renovada é tranquila. As orações e refeições têm horários fixos e são respeitados à risca por Valdiram e seus novos companheiros: os da igreja e os jogadores do Duque de Caxias, clube que o contratou em junho deste ano. Sem casa própria e para manter o tratamento de reabilitação, o jogador divide espaço com traficantes, estupradores e assaltantes. Pessoas de alta periculosidade que tiveram progressão da pena e tentam recomeçar a vida, assim como ele.
— Senti medo. Não conseguia dormir e ficava sempre reto na cama, com medo de algum deles me fazer algo. Foi difícil. Mas superei e percebi que eles buscavam o mesmo tratamento que eu: a salvação — conta.
Se antes dividia um quarto com 60 homens, hoje o pernambucano tem o privilégio de viver em uma suíte com banheiro próprio e até frigobar. Seguindo os preceitos da religião, alguns alimentos não são permitidos. Assim como as roupas. Se antes desembolsava muitos reais para comprar blusas, tênis, usar brincos e relógios caros, hoje, só pode usar calça social e camisa de manga longa.
— Até para dormir uso a roupa. Quando dou meu testemunho em comunidades e igrejas, coloco terno e gravata. Vou assim para os treinos também. Eles estranharam no Duque, mas agora sou um homem de Deus.
Fonte: Extra Online