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José Henrique Coelho divulga seu balanço sobre as eleições do Vasco


Quarta-feira, 31/08/2011 - 16:02

Balanço de uma Eleição

Para esclarecer todos os pontos envolvendo as eleições e o posicionamento da chapa Seremos Campeões, reunimos as principais perguntas que recebemos desde a eleição e damos as respostas aos vascaínos no texto abaixo.

Obrigado.

José Henrique Coelho - Seremos Campeões.

Por que o Sr retirou a chapa Seremos Campeões às vésperas das eleições?

Em maio, numa reunião promovida pelo presidente da Assembléia Geral, anunciei diante de todos que não participaria de uma eleição se as listas de sócios não fossem revisadas. Não queria ser prejudicado novamente, como aconteceu em 2003 e 2006. Propus na ocasião o recadastramento dos sócios e, enquanto esperava pelas providências, mantive a campanha. Após todas as tentativas de recursos junto ao clube para regularização do cadastro de sócios elegíveis e eleitores, recorri à justiça na semana anterior a eleição. Infelizmente pelo teor da demanda o processo não teve decisão até hoje e, assim, decidimos retirar a candidatura.

Não havia problemas apenas com a lista de sócios. Prazos e regras foram igualmente ignorados, desde a eleição que deveria ser realizada na segunda quinzena de abril, terminando com a prorrogação de mandato absurda do presidente e diretoria. Para completar, o uso de cédulas da mesma cor, no dia da eleição, por chapas diferentes, sem que nenhuma providência fosse tomada, foi o detalhe final do que foi esta eleição.

Havia uma vontade deliberada de garantir a reeleição de Roberto Dinamite e sua equipe, e não apenas incompetência e desorganização prejudicaram o processo.

Precisamos recordar que o início da temporada esportiva deste ano foi à pior em toda a nossa história e colocou em cheque a possibilidade da sua reeleição. Foi preciso intervir e consertar as falhas de planejamento do futebol com novas contratações e retardar ao máximo a data da eleição da forma que fosse possível.

Não podíamos ser coniventes com as estratégias criadas por aqueles que se beneficiaram de uma vitória conquistada com princípios em 2008, sob minha direção. Participei da luta pelo processo democrático no Vasco e aceitar as eleições, tão impróprias quanto às realizadas pelas administrações anteriores, seria incoerente.

Por isto considero mentirosas as declarações do presidente após a eleição de que o pleito transcorreu com normalidade.

Quem são os principais responsáveis pelas eleições?

O presidente da Assembléia Geral, Sr. Olavo Monteiro de Carvalho, nunca soube qual era o seu papel. Interferiu em contratos prejudicando o clube, como na administradora do programa de sócios e ainda fez campanha pela reeleição do presidente durante a contratação de Juninho. Quando assumiu a direção do pleito se esqueceu de que, três anos antes, era um dos que defendia a moralização do cadastro do clube, mas nada fez durante de sua gestão, ainda que alertado pelo Conselho Fiscal e por mim próprio quando anunciei a ele a minha candidatura e apresentei as impugnações às listas apresentadas. Depois de perder todos os prazos, remarcou a eleição para 28 de junho, desrespeitando as regras estatutárias. Além disso, só disponibilizou a lista de eleitores para as chapas de oposição apenas sete dias antes da eleição, quando três anos antes defendia o prazo de sessenta dias. Em 2008, defendeu à exaustão o uso das urnas eletrônicas, mas lentidão, a falta de competência e interesses eleitorais resultaram numa eleição toda manual sujeita as manobras “tradicionais” abrindo espaço para uma chapa laranja. Por último fez o mesmo que seu antecessor e foi o “juiz” da sua própria reeleição, tudo acompanhado de seu vice-presidente. Sr. Antonio Gomes da Costa. No passado, ambos apoiaram o pedido de afastamento do então presidente da Assembléia Geral, o Sr. José Pinto Cabral, na justiça, pelo mesmo motivo. Uma eleição com administração medíocre.

Estes grande beneméritos voltam também a se omitir diante dos vários descalabros administrativos da atual gestão e deixam o atual presidente do clube e alguns de seus dirigentes seguirem os mesmos caminhos da antiga gestão que só criticavam nos bastidores: negociações ocultas no departamento de futebol, aumento da dívida, rompimentos de contrato, novos processos trabalhistas, falta de recolhimentos de tributos e encargos sociais, privilégios aos amigos e parentes em contratos, uso do clube em benefício próprio e falta de princípios, entre outros.

Por que tanto interesse na reeleição?

A reeleição é interessante para muita gente. O presidente contratou parentes e amigos e favoreceu ainda outros nos contratos do clube. Ao contrário do que disse em entrevista no dia da conquista da Copa do Brasil, sua administração não conhece os conceitos de ética, moralidade e honestidade administrativa.

A reeleição interessa aos situacionistas. Os situacionistas são aqueles que têm o objetivo de estar sempre perto do poder para ter algum cargo, “ter acesso” a diretoria ou participar dos negócios do clube. O Vasco não pode contar com esse tipo de conselheiro para críticas, mudanças, reformas e avanços, pois sua única meta é obter vantagens. Exemplo disso são os vascaínos que hoje estão na chapa de Roberto Dinamite: um assinou o manifesto que considerava a eleição de 2008 um golpe, outros defendiam a administração anterior e que, uma vez fora do poder, passaram a apoiar a atual situação, outros apoiaram o candidato de oposição da Unidos da Tijuca. Alguns outros querem cargos no clube, os engenheiros querendo obras, outros serem empresário de jogadores, “agenciar” contratos do clube, empregar amigos e parentes. Há quem troque apoio até mesmo por ingressos grátis para sua família e até seus clientes.

Aparecem ainda os omissos, que se esconderam durante o período das trevas, mas que agora “posam” de defensores da democracia. Seu principal representante é o atual primeiro vice-presidente Antonio Frutuoso Peralta, caso único de vice-presidente que apoiou três presidentes distintos em períodos consecutivos, concordando com todos. Frederico “Boni”, outro vice-presidente, é uma versão mais jovem, mas antes “Chapa Azul” que muda de cor para ser situação. Afinal, só a situação dá cargos e vantagens diversas.

O uso político do Vasco é outro foco dos situacionistas. Os vascaínos se opuseram ao uso político do clube pelo ex-presidente, que se elegeu deputado federal com a imagem do Vasco, e vemos o atual presidente, deputado estadual, seguindo os mesmos passos. Outro caso é o do segundo vice-presidente, Sr. Nelson Rocha, um candidato a deputado federal derrotado por duas vezes e que não teve o menor pudor em utilizar os símbolos do clube em seu material de campanha, os e-mail’s dos sócios e até os outdoors em frente à sede. Mentiu sobre a situação financeira do clube, se auto-intitulando “engenheiro das finanças”, quando seus orçamentos eram peças de ficção e foram estourados em 2009 e 2010 e os balanços do clube reprovados pelo Conselho Fiscal no mesmo período. A sua “engenharia” fez com que o Vasco que devia em 1º de julho de 2008 o valor de R$ 368 milhões, passasse após dois anos e meio de gestão, em 31.12.2010 a dever R$ 487 milhões, um absurdo para um “engenheiro” que pregava um ajuste administrativo-financeiro. Enquanto prega em seus discursos a transparência na sua prática diária deliberadamente não enviava contratos e documentos ao Conselho Fiscal. Quem deve, teme! Além disso, tratou de vários negócios estranhos a sua pasta, como uma estranha parceria com o clube Vasco da Gama de Sines, em Portugal, que sequer participa da terceira divisão nacional, disputando apenas o campeonato regional do Distrito de Setubal. Qual seria o objetivo? Revender jogadores do clube através de seu parceiro fora da fiscalização dos sócios?

Muitos negócios no futebol hoje passam por lavagem de dinheiro. Qual será o tamanho da audácia do novo vice-presidente para tentar se eleger em 2014?

Há mais gente. O vereador Roberto Monteiro vem buscando cargos mais visíveis no Vasco para “garantir” sua carreira política, já que em 2012 teremos eleições. Qualquer candidato quer receber votos em peso de uma torcida como a do Vasco e, para isso, ele acaba de se eleger para vice-presidente do Conselho Deliberativo. No passado, foi presidente de uma torcida organizada, para quem sempre defendeu os ingressos e as vantagens pagas pelo clube. Foi inclusive preso por muitos meses, arrolado num ataque por “bomba” a um ônibus de uma torcida adversária, em São Paulo. Em 2003 trabalhou contra a eleição de Roberto Dinamite, tinha outros interesses. Ele defende no Conselho Deliberativo desde 2009 a prática do “voto político” para “acobertar os erros” de seu grupo político – mesmo no caso dos balanços quando denunciado pelo Conselho Fiscal, o mesmo procedimento adotado entre 2001 e 2008 pela antiga administração. Mudaram-se os nomes, mas mantiveram-se as práticas.

É preciso comentar ainda o comportamento do candidato a presidente pela chapa O Vasco Pode Mais, Sr. Jayme Lisboa, também candidato a conselheiro na chapa do atual presidente. Não consigo me lembrar de papel mais medíocre. Metade dos nomes de sua chapa também eram da chapa da situação, fato que esclarece a conivência entre as duas. No passado, ele foi eleito membro do conselho fiscal pela então oposição e se tornou o único caso de conselheiro de oposição a aprovar todos os orçamentos e balanços da situação durante o seu mandato. Por último, na caminhada pela democratização do clube na eleição de 2006, se aproximou do MUV e se colocou favorável à chapa, mas pediu em troca um cargo de Vice-Presidente. Diante da resposta negativa acabou se inscrevendo pela chapa da situação.

Mas ao deixar a disputa o Sr abriu mão de desempenhar o papel de oposição. Isso não seria igualmente incoerente?

Dediquei os últimos onze anos de minha vida a esta paixão vascaína, participando do movimento de oposição e sendo o seu responsável desde meados de 2003. Tive a coragem que nenhum outro teve e consegui pelo trabalho, determinação e convicção reunir os apoios para mudar o curso da política do nosso clube enfrentando uma poderosa força estabelecida e ao contrário do pensamento majoritário, anular, realizar e vencer uma nova eleição em 2008. Meu objetivo maior sempre foi ver o clube administrado com competência, credibilidade e transparência, mas infelizmente o próprio Roberto Dinamite traiu os princípios que sempre defendemos e os muitos apoios de antes se transformaram em interesses pessoais, os situacionistas, sabotando os ideais apresentados na mais longa campanha da história do clube.

Decidimos, eu e o nosso comitê de campanha, que disputar esta “eleição armadilha” só serviria para legitimar esta mentirosa “normalidade” vivida no clube. O presidente se aproveita do cargo e da mídia para mentir em suas declarações sobre sua administração aos vascaínos. Uma administração opaca, que deliberadamente fugiu da transparência e preparou ao seu modo a sua re-eleição. Ou seja , continuar neste processo é que seria uma total incoerência da minha parte.

Apesar das críticas da oposição, o futebol do Vasco vive um bom momento. Não seria este o real motivo pelo qual a diretoria conseguiu se reeleger?

O futebol é uma paixão que arrasta a todos nós. Se agora o nosso time voltou a disputar os torneios como candidato ao título, deve isto significativamente ao ano eleitoral. Sem este evento a diretoria manteria o padrão de seu mandato: incompetente e sem resultados. Futebol, eleição e administração são partes diferentes do clube mas fazem uma trilogia onde o futebol permite tudo. Um bom time de futebol em ano eleitoral costuma anestesiar o eleitor-torcedor. Foi assim em 1997, quando a conquista do terceiro título brasileiro reelegeu a diretoria e acabou permitindo o descontrole financeiro e as perdas dos recursos do clube. O mesmo se repetiu em 2000, quando o quarto título fez o quadro de sócios eleger uma diretoria para um mandato de trevas, eliminações de sócios e insolvência. Este ano, de novo, uma chapa laranja foi preparada pela situação e na véspera desativada, pois seria uma vergonha ainda maior para este medíocre processo eleitoral. Pelo atual nível de descontrole administrativo-financeiro e a deliberada falta de transparência nas contas e contratos do clube podemos temer pelo pior. Estes resultados só se farão notar durante o novo mandato, mas eles já estão eleitos e é o que lhes interessa. Prefiro estar enganado e que o passado não se repita, mas foi assim que se definiu esta eleição.

O Sr fez sérias críticas à atual administração. Quem afinal são os responsáveis?

Além daqueles que já citei, o atual V.P. de Futebol, Sr. José Hamilton Mandarino, conhecido como “o verdadeiro presidente” da porta para dentro, é o “neo” ditador que traz ainda o seu “filhote”, é um dos maiores responsáveis pela desorganização do clube, desde quando ocupava o cargo de V.P. Administrativo-Financeiro.

Durante meses não conseguiu contratar um sistema de cobrança para o programa de sócios e criou vários empecilhos para a contratação da auditoria, que não teria se concretizado se não fosse à determinação do presidente do Conselho Fiscal, do vice-presidente jurídico e a minha própria. Mandarino contratou um amigo para a segurança do clube, famosa pelo uso de gás de pimenta até mesmo contra crianças em dia de jogo. Depois autorizou os negócios suspeitos, hoje em investigação pelo ministério público, relacionados a mecanismos de solidariedade com pagamentos na conta de terceiros no exterior. Durante os seis meses que ocupou a pasta, nunca encaminhou qualquer documento ao Conselho Fiscal, colocando em risco até mesmo o balanço de 2008. Passou a sabotar as reuniões de diretoria, pois não admite críticas, ser questionado e nem prestar contas. Ele mesmo fraudou o orçamento de 2009 e “se escondeu” em um cassino no Uruguai, para “jogar como sempre”, ainda na semana da aprovação do orçamento, apresentado pelo futuro V.P. Sr. Nelson Rocha. Ainda de “férias no cassino” não assistiu a abertura do Carioca 2009 já “sendo” V.P. de Futebol. O seu contratado “menino de ouro” Rodrigo Caetano, decidiu com o presidente do clube pela escalação do jogador Jeferson, que gerou o caso dos “seis pontos”, ou alguém acredita que outra pessoa poderia escalar um jogador de futebol que não os responsáveis do futebol? Mandarino foi também o responsável por negociar e “franquear” o monopólio do futebol ao empresário Carlos Leite. Assim, foi responsável pela aprovação das contratações de Pimpão, Aloísio, Nunes e outros tantos que não deixaram saudades. Foi ele o responsável pela péssima negociação dos contratos de TV, perdendo a posição que o clube construiu no passado de sempre participar do primeiro grupo com as maiores receitas, colocando o Vasco numa posição inferior a Corinthians, Flamengo e São Paulo a partir de agora. Ele também é réu num processo movido por seu antigo patrão, pois de mero prestador de serviço passou, como aparece no processo, a ser dono da empresa, numa ação cujo valor da causa foi estimado em R$52 milhões. Que o clube seja forte para superar a tudo isto

Que desafios você enxerga para a oposição nos próximos anos?

É necessário conseguir a reforma do Estatuto, abandonada também pelo presidente em seu primeiro mandato. Ele não queria. É preciso uma reforma para enxugar o organograma, responsabilizar e profissionalizar a administração direta e aumentar o poder dos órgãos de fiscalização. Mais recurso num clube sem controles significa mais desvios, contratos “prá patota” e má gestão. Com a reforma do estatuto nesta direção o clube com mais recursos, terá a transparência assegurada e maior e melhor controle da gestão.

A chapa de oposição, que ocupará trinta vagas no Conselho Deliberativo, tem que fazer valer seu papel. Uma renovação de nomes para os quadros do clube se fazia necessária, mesmo que tenha ocorrido com uma inexpressiva votação. Na sua liderança, espero que o candidato Leonardo Gonçalves se reinvente, apagando a marca de dirigente omisso e “situacionista” deixada quando membro da antiga diretoria. Sua carta de apresentação na posse do novo Conselho Deliberativo me lembrou sua antiga postura “situacionista”. A oposição tem a obrigação de fazer valer o trabalho árduo de muitos vascaínos que lutaram pelo direito de termos um clube democrático e administrado com competência, credibilidade e transparência, promessa que o presidente re-eleito abandonou logo no início de seu mandato.

É preciso cobrar da diretoria resultados esportivos, transparência, administração moderna e dinâmica e, principalmente, que façam o possível para nos livrar dos “maus hábitos” do primeiro mandato. O Conselho Fiscal deve ser incansável com a correção e jamais deixar o “voto político” abafar a fiscalização e a transparência das informações. Outro desafio é não se deixar seduzir pelos convites que virão para cargos, chefias de delegações, ingressos, coquetéis e brindes. Honrem os 247 votos que tiveram e apresentem a todos os vascaínos as informações que precisam conhecer para avaliar desde o início o novo mandato.

O Sr pretende voltar a se candidatar?

"Neste momento prefiro me distanciar da política cotidiana do clube. Mas isso não significa que ficarei alheio as decisões ou procedimentos da atual administração. Quem conhece minha história na política vascaína sabe que a omissão não faz parte do meu vocabulário..."

Quero agradecer a todos aqueles que manifestaram o seu apoio às propostas da nossa chapa, “Seremos Campeões”, como Grande Beneméritos e Beneméritos e a todos os Vascaínos de coração. A todos os colaboradores, obrigado por terem dado o melhor de vocês. Sempre trabalhei com diálogo, determinação e honestidade. Sempre fui um homem de convicções. Tudo o que fiz, fiz apenas como sócio, pois nunca fui apegado a cargos, mas sim a propostas.

Ao Vasco tudo!

Fonte: Supervasco