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Médico diz que não há chances de Ricardo Gomes voltar a trabalhar em 2011


Terça-feira, 30/08/2011 - 00:27

O técnico Ricardo Gomes continua sua luta pela vida, e o Vasco para não sucumbir à tristeza e ao inconformismo gerados pelo drama de seu comandante. Após se reunirem, o presidente Roberto Dinamite e a cúpula do departamento de futebol concluíram que a melhor maneira de amenizar o impacto dos últimos acontecimentos é não alterar a programação. Após o treino desta manhã, o time se concentra para o jogo contra o Ceará, quarta, em São Januário. A decisão traz uma mensagem implícita: pelo trabalho, resultados e o ambiente saudável que criou desde sua chegada, após o pior início de Estadual da história do clube, Ricardo Gomes, ao menos neste momento, não tem substitutos.

- A forma que o Vasco tem de ajudá-lo, ainda que indiretamente, é ir bem. É o que ele gostaria de ver - disse o presidente Roberto Dinamite, que esteve pela manhã no Hospital Pasteur, onde o técnico segue internado. - É o momento de todos contribuírem. Essa situação é inédita mas faz parte da vida e vamos encará-la.

A efetivação do auxiliar e amigo pessoal de Ricardo, Cristóvão Borges, é uma aposta na continuidade e uma tentativa dos dirigentes de não quebrar a sintonia que existe entre o elenco e os profissionais do futebol, considerada um dos segredos do sucesso do Vasco. O meia Felipe, que estava afastado do elenco quando Ricardo foi contratado, e, a pedido dele, acabou reincorporado, tornou-se uma das figuras mais próximas do treinador. Na segunda, esteve por duas vezes no hospital e, ainda bastante abalado, resumiu o sentimento do time.

- Se estamos aqui, é porque o Ricardo fez por merecer. É uma pessoa única, de um caráter incrível. Estamos todos muito tristes - disse Felipe. - O trabalho está bem entregue nas mãos do Cristóvão, que conhece o grupo e é uma pessoa maravilhosa.

Pela manhã, o clima em São Januário era de consternação. A comissão técnica percebeu o quanto os jogadores estavam abatidos e resolveu convocar o médico Fernando Mattar para esclarecer ao grupo o que havia acontecido. À tarde, Juninho Pernambucano, Felipe Bastos, Alecsandro e amigos da família estiveram no hospital para dar apoio à mulher e aos filhos do técnico. Cristóvão se mostrou confiante e fez um pedido à torcida.

- É normal que todos estejam abalados, mas vamos abraçar essa causa. O grupo é maduro e, juntos, daremos uma resposta ao Ricardo - disse Cristóvão. - O time tem correspondido o ano inteiro. Peço à torcida que, agora, não deixe de apoiar os jogadores.

O estado de Ricardo Gomes ainda é considerado grave. Ele respira por aparelhos, em coma induzido, e só amanhã à noite, quando a equipe médica começar a reduzir a sedação, será possível avaliar melhor as consequências do acidente vascular encefálico (AVE) que o técnico sofreu durante o segundo tempo do clássico contra o Flamengo. As notícias durante todo o dia de ontem foram positivas, apesar de o quadro ainda inspirar muito cuidado . Pela manhã, Ricardo foi submetido a uma tomografia computadorizada que apontou redução do hematoma. À tarde, um eletroencefalograma apresentou alterações esperadas para o quadro clínico. O técnico estava com todas as funções orgânicas dentro do considerado normal. O diretor-médico do hospital, Fernando Gjorup, fez uma avaliação otimista.

- Não era esperada uma grande melhora nas primeiras 72 horas. As funções orgânicas estão normais, e a situação neurológica também é estável. Ele se manteve no quadro desde a cirurgia. Não ter piorado já é uma grande vitória - afirmou, evitando falar em risco de morte: - Ninguém espera o pior, embora seja um paciente que está sendo ventilado artificialmente, em coma induzido.

Durante a cirurgia a que o técnico foi submetido na noite de domingo, os médicos retiraram 80ml de sangue de seu cérebro, reduzindo com sucesso a pressão intracraniana. Quando chegou ao hospital, Ricardo estava sem movimentos do lado direito do corpo - reflexo do coágulo do lado esquerdo - e com pitose palpebral (olhos caídos). Alexandre Campello, médico do Vasco, afirmou que é cedo para falar em sequelas, mas Ricardo não trabalha mais este ano:

- Nos próximos três meses, não há chances.

Fonte: Globo Online