Atacantes Alecsandro e Deivid convivem com a desconfiança da torcida
Domingo, 28/08/2011 - 07:26
Os dois vestem a camisa 9 dos seus clubes e têm como principal responsabilidade marcar os gols. Alecsandro marcou nove na temporada, sendo dois nas finais da Copa do Brasil. Já Deivid fez 14, o que o coloca como vice-artilheiro do Flamengo na temporada, três atrás de Ronaldinho. No entanto, apesar dos feitos, a dupla que entra em campo neste domingo, no clássico válido pela 19ª rodada do Campeoato Brasileiro, está longe de ser unanimidade entre os torcedores de suas equipes. Pelo contrário, ultimamente os questionamentos por parte da torcida se tornaram constantes, e a pressão pela entrada definitiva dos seus substitutos só aumenta. Mas tanto Ricardo Gomes como Vanderlei Luxemburgo confiam em seus artilheiros e os mantêm entre os titulares.
Os números ajudam a mostrar os motivos da insistência dos treinadores. Alecsandro, por exemplo, é o jogador que mais finaliza no Vasco. A estatística, por sinal, prova também uma das principais reclamações do próprio camisa 9: ele vem jogando mais afastado da grande área. Quase metade dos chutes do atacante são de fora da área. Segundo Alecsandro, este novo posicionamento em campo acaba ajudando o time, mas deixando-o mais longe do gol.
Prova disso são as faltas recebidas. Como joga mais afastado, Alecsandro está mais suscetível a ser caçado pelos marcadores, algo que não acontece tanto com Deivid. A situação não é a mais confortável para ele, mas, mesmo assim, o atacante não se incomoda caso o Vasco saia de campo vencedor.
- Quem consegue fazer uma leitura tática do nosso time vai entender que tenho feito bons jogos mesmo sem marcar. Abro espaço para os meus companheiros. O Diego Souza e o Eder Luis, por exemplo, se beneficiam disso. O gol não sai para mim, mas sai para o grupo. Se eu ficar mais jogos sem marcar o o Vasco sair vitorioso, estarei feliz - afirmou Alecsandro, que não marca há nove jogos e tem a curiosa marca de mais faltas cometidas do que recebidas.
Gols perdidos irritam rubro-negros
Se jejum de gols não é um problema para Deivid, os que não entram acabam virando sua maior fonte de dor de cabeça. Ao mesmo tempo em que está entre os goleadores do Flamengo no ano, o atacante tem o hábito de perder gols incríveis. Contra o Internacional, na rodada passada, por exemplo, foi uma cabeçada para fora com o goleiro já batido. O clássico contra o Vasco é a chance de redenção.
- Seria muito importante terminar essa primeira parte do Brasileirão com um resultado positivo. E se o adversário é o Vasco, a motivação aumenta ainda mais, pois envolve a questão da rivalidade - disse o rubro-negro.
Na frieza dos números, porém, os gols perdidos podem ser considerados isolados. Afinal de contas, o camisa 9 rubro-negro acaba sendo mais preciso nas finalizações, principalmente em comparação com o concorrente vascaíno, que tem mais chutes a gol do que o adversário, mas amarga um jejum avaliado com tranquilidade por Ricardo Gomes.
- Vários atacantes passam por isso. Os sistemas defensivos de hoje em dia obrigam o atacante a ter uma movimentação maior. Na Copa do Brasil ele foi decisivo, e os gols vão voltar. O atacante só pode reclamar quando a bola não chega e esse não é o caso. Se pegarmos o último clássico, por exemplo, foram algumas boas chances - disse o técnico do Vasco.
Deivid também tem o apoio do seu treinador. Logo depois da partida em Porto Alegre, Vanderlei Luxemburgo demonstrou confiança no atacante.
- Já falei com ele no vestiário: meu garoto, você já deu vitória para gente. Da mesma forma, pode perder o gol, assim como o zagueiro pode fazer um pênalti. Entendo ele ficar chateado, pois queria colocar a bola pra dentro, mas não pode se deixar abater, tem que levantar a cabeça.
O jogador acusou o golpe. Durante e depois da partida, mostrou-se muito chateado pela chance desperdiçada no Beira-Rio, mas sabe que não há muito tempo para lamentar.
- Quando a bola chegou, pensei que estava na direção do gol, tanto é que ainda tirei um pouco para acertar o canto direito do goleiro para ele não chegar. Realmente, era uma chance muito clara. Fiquei muito chateado, mas estou tranquilo agora.
Substitutos não conseguem brilhar
Cada lance perdido pelos titulares logo despertam os pedidos dos torcedores. No Vasco, Élton é a bola da vez, enquanto no Flamengo, Jael já caiu nas graças dos torcedores. E se eles até conseguem se destacar quando entram no decorrer das partidas, o mesmo não se pode dizer quando receberam oportunidades como titular.
Jael entrou ao lado de Negueba diante do Atlético-PR, pela Copa Sul-Americana. A atuação foi mais do que discreta e ele cabou sendo substituído no segundo tempo. Perdeu, inclusive, um gol feito. Élton recebeu novas oportunidades nas três partidas consecutivas contra Palmeiras, pela competição internacional e pelo Brasileirão, mas marcou apenas um gol. São sete no total em toda a temporada.
Jael, por sua vez, marcou três vezes desde a estreia, há um mês. Foram seis jogos, dois deles como titular. Após a falha contra o Furacão, o Cruel também recebeu afagos dos companheiros.
- Acontece, é normal. Atacante vive de gols, mas nem sempre consegue fazer. Aconteceu uma vez com Deivid, outra com Jael. Mas pode ser comigo, com o Ronaldinho. O importante é saber que as oportunidades estão surgindo. Na hora certa eles vão colocar para dentro – afirmou o meia Renato.