A carreira de um jogador de futebol muitas vezes fica marcada apenas por um lance, ato que geralmente dura segundos. Na maioria das vezes, a lembrança vem de um gol de título, um gol de mão, de barriga, de calcanhar, e também pode ser por uma defesa milagrosa. Porém, alguns atletas amargam erros que dificilmente são apagados na memória dos torcedores. Hoje, tentando a vida como empresário, Alê, ex-zagueiro de Vasco e Fluminense, ainda convive com as cobranças pela falha na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1995, contra o Santos. O Tricolor carioca foi derrotado por 5 a 2, acabou eliminado e ele, para os tricolores, virou o grande vilão.
No primeiro jogo no Rio de Janeiro, o Fluminense goleou por 4 a 1 e foi para São Paulo podendo perder por até dois gols de diferença. Alê não jogou, mas acabou escalado para a partida no Pacaembu no lugar de Sorlei, que estava suspenso.
- O torcedor é muito passional. No meu ponto de vista, a passagem pelo Fluminense foi boa, mas uma falha no jogo da semifinal acabou me marcando para sempre. Até hoje algumas pessoas lembram disso, mas levo numa boa. As coisas não deram certo e colocaram a culpa toda em mim. Fiquei muito mal, mas tive apoio de muita gente. Depois disso, o Fluminense chegou a perder um título de Libertadores da América em pleno Macaranã e ninguém ficou marcado. Uso como exemplo para os jovens que estão começando no futebol.
Na ocasião, o Santos vencia o Fluminense por 3 a 1, mas o resultado ainda dava a classificação ao Tricolor carioca. Percebendo um lançamento para Giovanni, Alê saiu na cobertura do lateral, mas acabou sendo surpreendido pela velocidade do meia santista e perdeu a bola. Giovanni entrou na área, mas foi abafado por Wellerson. No rebote, a bola ainda bateu em Ale antes de chegar limpa para a finalização de Camanducaia.
O último clube de Alê foi o Estácio de Sá, em 2005. Desde então, o ex-zagueiro continua trabalhando na área do futebol. Ele chegou a fazer um curso de treinador, mas não conseguiu oportunidade em um time profissional e acabou comandando os juniores do Colônia, que é uma equipe amadora de Jacarepaguá. A investida não deu muito certo e, hoje ele trabalha como intermediário na negociação de alguns jogadores.
- Quando me aposentei, fiz um curso de técnico. Fui comandar um time amador aqui do Rio de Janeiro chamado Colônia. Disputávamos um campeonato organizado pela Federação, e trabalhei nos juniores. Como não consegui um clube profissional, resolvi mudar de ramo. Hoje trabalho em uma empresa que faz transações de alguns jogadores. A ida do Adriano Michael Jackson para o Dalian Shide, da China, por exemplo, foi feita por nós.
Alê não chegou a jogar em muitos clubes e só teve reconhecimento mesmo quando atuou por Vasco e Fluminense. Mesmo assim, garante que fez muitos amigos e passou momentos felizes. Por incrível que pareça, o jogo inesquecível não foi oficial, mas sim a despedida de Roberto Dinamite, o maior ídolo do Vasco, no dia 24 de março de 1993.
- Tive a felicidade de fazer parte do elenco vascaíno naquele período tão importante para o clube. Fiz muitos amigos. Lembro do Zico chegando a São Januário para treinar. Só a despedida de um grande jogador como o Roberto poderia fazer a rivalidade entre Vasco e Flamengo ficar de lado. O ambiente no clube era maravilhoso, e tive a chance de entrar no jogo contra o La Coruña (Espanha). Tenho a camisa guardada até hoje.
Ajuda de Edmundo ficou marcada na carreira
Desses amigos, Alê destaca o polêmico Edmundo. Segundo ele, o ex-atacante mostrou uma grande solidariedade quando fez de tudo para que o ex-zagueiro voltasse a jogar no Vasco. Alê defendia o Bangu, quando recebeu o convite do então presidente Eurico Miranda.
- Estava no Bangu, sem muitas perspectivas, e o Edmundo me ajudou a retornar ao Vasco. É um cara com um grande coração, e devo muito a ele. Foi pedir a minha volta para o Eurico. Leandro Ávila, Caetano e Aílton também estão guardados com carinho por mim.
Conhecedor da posição, Alê se mostrou muito feliz com a convocação do zagueiro Dedé para a Seleção Brasileira. Para ele, o jogador vascaíno tem muita qualidade e tudo para fazer sucesso.
- O Dedé é muito novo. Vem fazendo um ótimo campeonato e é um zagueiro regular. O futebol está mudando, e os jogadores têm que amadurecer muito rápido. Aconteceu isso com ele, que tem tudo para se destacar ainda mais.
Agora empresário, o ex-zagueiro trabalha com transferências de jogadores ao exterior
Fonte: GloboEsporte.com