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Segundo pesquisas, Vasco aumentou sua participação no pay-per-view


Sexta-feira, 26/08/2011 - 16:39

Como nos anos anteriores, os institutos Datafolha e IBOPE entregaram ao Clube dos 13 e aos clubes as pesquisas indicando a participação de cada um nas assinaturas PPV.

Realizadas em junho/julho (entre campo e análise), essas pesquisas tem o percentual de cada clube somado e dividido por 2, obtendo-se, então, o valor médio percentual que determinará a parcela do clube no “bolo” do PPV.

O porquê dessa metodologia já foi explicado em posts anteriores desse Olhar Crônico Esportivo, que podem ser acessados nas categorias Pesquisas e TV ou pela caixa de buscas: PPV.

A tabela que vem a seguir lista os clubes e os percentuais que cada um teve nas duas pesquisas, seguidos pela média entre os dois trabalhos. A primeira coluna de números mostra qual o percentual que cada clube tinha em 2010 e que foi válido para o primeiro semestre do ano em curso.




Os que cresceram

A primeira coisa que salta aos olhos é o crescimento de 7,6% do Flamengo, que passou de 15,13% para 16,28%. Esse crescimento, certamente, está atrelado à vinda de Ronaldinho. Tão logo tenhamos os valores a serem pagos nesse final de ano e em 2012, poderemos calcular o quanto representou essa diferença, em reais, e colocá-la na “conta Ronaldinho”.

De antemão, independentemente dos problemas do Flamengo com o marketing e a perda de meses sem patrocinador, Ronaldinho já está agregando valor monetário ao clube, tal como, agora, ocorre também nos gramados.

Outro índice de crescimento digno de nota é do Atlético Mineiro, passando de 6,09% para 7,17%, um crescimento de 17,7% que foi, a bem dizer na totalidade, baseado na esperança da torcida do Galo por um bom desempenho da equipe nesse ano, o que parecia possível dada a montagem de um elenco de respeito. Infelizmente para o torcedor atleticano, não deu no campo a “liga” que deu fora dele, com essa resposta respeitável da torcida.

O Vasco também cresceu de forma significativa: 8,8%, ao passo que o Santos de Neymar, Ganso & Cia. passou de 2,24% para 2,84%, num índice de 26,8%, sem dúvida espetacular, mas minimizado por partir de uma base pequena em relação aos demais. Ainda entre os índices mais expressivos, temos o do crescimento do Cruzeiro, da ordem de 7,2%.

Outro destaque foi o Bahia, que graças a um crescimento percentual de 90,4% saiu do patamar mínimo de 1,36% – nesse ano 1,52% – para 2,59%, reflexo do retorno do clube à primeira divisão brasileira.

Em todos os casos temos torcedores mais motivados fazendo a assinatura do PPV para poder acompanhar todos os jogos de sua equipe, o que encontra correspondência direta com a frequência aos estádios. Por sinal, há um trabalho bastante interessante a respeito desse assunto, feito por professores do Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa – que comprova a estreita relação entre bom desempenho no campo e afluxo ao estádio. Embora o período seja curto, aparentemente o mesmo ocorre com a compra do PPV.

São afirmações um tanto quanto óbvias, é verdade, mas nada como uma boa pesquisa,um bom estudo, para comprovar a obviedade.

Os que caíram

Muitos clubes, confesso que para minha surpresa, caíram na participação do PPV, entre eles o Corinthians e o Fluminense.

O clube paulista saiu de 14,20% para 12,28%, uma queda apreciável de 14,6%. O campeão brasileiro partiu de 5,60% na temporada anterior para 5,40% na atual, uma queda 3,6% – não é muito significativa, mas a lógica ditada pela conquista do Brasileiro 2010 indicava crescimento. No caso corintiano, não se pode dizer que o ano do centenário foi de total sucesso, mas esteve muito longe de ser ruim para o torcedor e, até pelas boas médias de público nos estádios, a preços bem acima da média brasileira, a expectativa era, igualmente, de boa presença no PPV. Talvez tenha pesado nas decisões de compra a ausência na Copa Libertadores, mas, realmente, esse movimento causou surpresa.

Outros clubes, porém, tiveram suas quedas de participação nitidamente ligadas às campanhas ruins em campo, caso do São Paulo – caiu 15,38% – e Palmeiras, que perdeu 18,53% de participação.

Duas outras quedas chamam, igualmente, a atenção: o Grêmio, que perdeu 9,08% de participação, e o Internacional, campeão da Copa Libertadores, que perdeu 7,94% na participação das receitas do PPV. Nesse caso, a hipótese mais provável é o efeito da eliminação da disputa pelo título mundial de clubes. Por fim, o Botafogo permaneceu com a mesma participação anterior, 4,19%.

O mercado

O mercado brasileiro de TVs por assinatura tem crescido em ritmo acelerado, acompanhando as migrações de classes sócio-econômicas que têm ocorrido no Brasil – de E para D para C para B para A – e o grande crescimento da classe C, importante por significar a entrada de novos consumidores no mercado, ou melhor, em vários mercados.

Esse crescimento reflete-se no futebol pago, tanto que levou-o a ser a menina dos olhos de dez em cada dez presidentes de clubes brasileiros, a ponto de, nas negociações pelos novos contratos de cessão de direitos de transmissão, os clubes exigirem que os seus jogos não fossem mais transmitidos em sinal aberto até mesmo para o estado em que têm sede, e não somente para a cidade onde os jogos são disputados.

Claramente, a intenção é forçar o torcedor a comprar o PPV e engordar a receita do clube.

Ninguém dá ponto sem nó.

Adendo: em função de inúmeras perguntas nos comentários, vou descrever, rapidamente, o processo pelo qual se dá a determinação do índice de participação de cada clube.

Basicamente, os clubes, o Clube dos 13 e a Globosat, chegaram ao consenso que a melhor maneira de aferir a participação de cada clube no PPV seria por meio de pesquisas. Repito: consenso entre todas as partes.

São feitas duas pesquisas, simultaneamente, uma vez por ano, por dois dos melhores e mais conceituados institutos de pesquisa do Brasil. Com o detalhe adicional de um ser de SP e outro do Rio, cujo presidente, dono, fundador, mentor, é ex-presidente do Botafogo.

A amostra é calculada a partir do número total de assinantes, com participação proporcional de cada estado. Os entrevistados são sorteados eletronicamente, de forma aleatória, respeitando, naturalmente, as proporções por regiões. As entrevistas são feitas por telefone, com o titular da conta.

As pesquisas têm metodologias com algumas diferenças e seus resultados são somados, clube a clube. O percentual que determinará quanto cada um irá receber é a média das duas pesquisas, como é possível ver na tabela do post.

Fonte: Blog Olhar Crônico Esportivo - GloboEsporte.com