A equipe de Ricardo Gomes veio com time misto e não teve nomes do quilate de Juninho, poupado para o clássico de domingo contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, endureceu o jogo e segurou a pressão final do adversário. Ao Verdão, resta o consolo de ter jogado bem e agradado à torcida em dia da estreia da nova terceira camisa, listrada em verde em branco em homenagem aos tempos de conquistas dos anos 90. O clube faz aniversário de 97 anos nesta sexta-feira, mas terá poucos motivos para comemorar. Apenas 9.993 pagantes acompanharam o duelo, com renda de R$ 291.048,00.
Ainda sem datas definidas, o Vasco enfrentará na próxima fase o vencedor do confronto entre Aurora-BOL e Nacional-PAR. Vale lembrar que a equipe de Ricardo Gomes já tem vaga na Taça Libertadores de 2012, por ter vencido a Copa do Brasil no primeiro semestre.
Luiz Felipe Scolari armou sua equipe para atacar sem vergonha, sem medo. Ricardo Gomes montou um Vasco para jogar com o regulamento, segurando um pouco mais as ações. Palmeirenses e cruz-maltinos obedeceram rigorosamente aquilo que fora proposto, e por isso o Verdão começou bem adiantado, avançando com seis, sete jogadores e mostrando enorme volume de jogo.
Fora do banco de reservas por opção (está suspenso por dois jogos, mas só no Brasileiro), Felipão viu lá de cima seu auxiliar Flávio Murtosa utilizar a todo momento sua área técnica para gritar com os atacantes pedindo ousadia, objetividade, tudo que pudesse levar perigo ao adversário. Assim foi com Kleber, que perdeu a primeira grande chance, com Valdivia, melhor na raça do que na técnica, e também com Luan.
Logo aos 21 minutos, o volume deu resultado com uma bola que sobrou limpa para Luan fazer 1 a 0 Palmeiras, aproveitando rebote de chute de Valdivia. Não fossem os insistentes pedidos de Murtosa, talvez ninguém estivesse ali, sozinho, pronto para arrematar a bola espalmada por Fernando Prass. A ousadia levantou a torcida palmeirense, que pressionou demais o rival e também o árbitro Heber Roberto Lopes, alvo de críticas.
Antes recuado, o Vasco resolveu colocar a bola no chão. Tem bons jogadores para isso, mas não os utilizava. Quando Diego Souza passou a participar, a equipe carioca melhorou e ficou mais tempo no ataque. Foi ele que exigiu uma defesaça de Marcos em chute de curva, consciente, que iria parar no ângulo esquerdo do Verdão. Não bastasse o perigo lá na frente, o time de Ricardo Gomes soube parar o jogo e usar o tempo a seu favor. A total falta de pressa tirou a paciência dos palmeirenses. Irritado com o “pé no freio” dos minutos finais, Felipão desceu correndo das tribunas para o vestiário. O início promissor não iludiu o técnico, que prometia uma bronca homérica em seus comandados.
O palmeirense não fala com muito entusiasmo no nome de Jumar, volante que passou pelo clube entre 2008 e 2009 e saiu sem deixar saudades. Pois foi o ex-renegado que, vestindo a camisa cruz-maltina, tratou de calar o Pacaembu. Talvez amargurado com a canção “Eu tenho medo do Jumar”, criada de forma jocosa, talvez querendo mostrar serviço para Ricardo Gomes, o volante resolveu jogar bem.
Mas antes de falar mais de Jumar, é preciso citar o entusiasmo alviverde no início da segunda etapa. Mais ligado após a bronca de Felipão, o time tentou resolver logo as coisas. Até o volante Chico se lançou, e foi com ele que começou a jogada do segundo gol. O avanço do defensor atraiu a marcação, que deixou Kleber livre na marca do pênalti para completar cruzamento de Luan, logo aos oito minutos. Com o grito engasgado, o Gladiador foi em direção à torcida organizada e comemorou muito, num indício de paz após tantas polêmicas que nortearam seus dez jogos sem balançar as redes.
A torcida explodiu, e fez do Pacaembu um caldeirão mesmo sem o estádio lotado. O Verdão continuou em cima, já querendo o terceiro gol e a consagração. Mas aí Jumar volta à história. O volante não se abalou com os 2 a 0 que levavam a decisão para os pênaltis. Logo aos 12, Jumar deixou a vergonha de lado e resolveu arriscar do meio da rua. A bomba fez uma curva tão inesperada que nem Marcos teve reação. O “Santo” ficou só olhando a bola acertar as redes: 2 a 1 no placar, e ducha de água fria após menos de quatro minutos de empolgação.
Depois disso, só desespero. Bola alçada, reclamações sem parar com a arbitragem e nervosismo, muito nervosismo. Começou na arquibancada e chegou ao campo, com o time parando de fazer jogadas pensadas e apostando nas bolas alçadas de Marcos Assunção. E o Vasco na dele, só esperando o tempo passar... No último lance do jogo, foi Assunção quem fez o terceiro, ainda insuficiente para a classificação.
Em meio ao furacão alviverde, os 11 homens de preto eram poços de tranquilidade. E foram eles que comemoraram a vaga na próxima fase. Ao Palmeiras restou o consolo de sair aplaudido pela torcida, em reconhecimento à garra demonstrada. Mas é muito pouco para um grande clube que quer retomar seu caminho de glórias.
Romulo | Romulo, Jumar e Diego Souza | Renato Silva |
Jumar | Jogadores comemoram gol de Jumar | Jogadores comemoram gol de Jumar |
Márcio Careca | Dedé | Jumar |
PALMEIRAS 3 X 1 VASCO
Estádio: Pacaembu, São Paulo (SP)
Data/hora: 25/8/2011 - 20h15 (de Brasília)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (Fifa-PR)
Auxiliares: Roberto Braatz (Fifa-PR) e Carlos Berkenbrock (Fifa-SC)
Renda/público: R$ 291.048,00 e 9.493 pagantes
Cartões amarelos: Gabriel Silva, Maikon Leite (PAL); Allan, Renato Silva (VAS)
GOLS: Luan, 12'/1ºT (1-0); Kleber, 8'/2ºT (2-0); Jumar, 12'/2ºT (2-1); Marcos Assunção, 47'/2ºT (3-1)
PALMEIRAS: Marcos; Cicinho, Henrique, Thiago Heleno e Gabriel Silva; Márcio Araújo, Marcos Assunção e Valdivia; Luan, Kleber e Maikon Leite (Vinícius, 25'/2ºT). Técnico: Luiz Felipe Scolari.
VASCO: Fernando Prass, Allan, Dedé, Renato Silva e Márcio Careca; Rômulo, Jumar, Bernardo e Diego Souza; Leandro (Fagner, 15'/2ºT) e Elton. Técnico: Ricardo Gomes
Col. | Jogador | Média | Col. no ano | Média no ano |
1º | Jumar | 8.6980 | 7º | 6.4674 |
2º | Dedé | 6.7630 | 1º | 7.6622 |
3º | Diego Souza | 6.3770 | 8º | 6.4600 |
4º | Fagner | 6.3180 | 11º | 6.3078 |
5º | Allan | 6.1670 | 16º | 5.9428 |
6º | Fernando Prass | 6.1430 | 4º | 7.1760 |
7º | Romulo | 5.8180 | 14º | 6.2088 |
8º | Leandro | 5.8010 | 19º | 5.5403 |
9º | Bernardo | 5.5840 | 6º | 6.8570 |
10º | Renato Silva | 5.4180 | * | 5.8548 |
11º | Fellipe Bastos | 5.3220 | 10º | 6.3357 |
12º | Elton | 5.2020 | 15º | 6.1411 |
13º | Márcio Careca | 4.4510 | 20º | 5.2419 |
14º | Victor Ramos | 3.2810 | * | 4.8536 |