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Abílio Borges: 'O Vasco deveria construir outro estádio'
Quinta-feira, 25/08/2011 - 17:33
Em participação no programa de rádio 'Só Dá Vasco', o engenheiro Abílio Borges, novo presidente do Conselho Deliberativo, comenta soluções para São Januário e sugere a construção de um novo estádio para grandes jogos.
"O conceito de um Maracanã de 200 mil lugares acabou, no mundo inteiro.
O conceito, hoje, de um estádio de futebol para o Vasco da Gama, seria
de 30 a 35 mil lugares. Mais do que isso é prejuízo. O conceito hoje é
de arena, em que a maioria das pessoas compram o camarote, com todo o
conforto. Não adianta, quem tem dinheiro é que manda, em qualquer lugar
do mundo. O sujeito vai comprar o camarote, assistir o jogo numa
poltrona, se ele tiver dúvida, revê o lance no videotape que está
passando ali, tomando o seu uísque, a sua cerveja, e com estacionamento
para o seu carro. Esse é o conceito novo de estádio de futebol. Aquele
estádio enorme, duzentas mil pessoas, acabou. Quando é que você
conseguiria, hoje, reunir, no estádio do Maracanã, duzentas mil pessoas?
Ia ser muito difícil, num jogo, você ter duzentas mil. Acabou isso,
porque a vida moderna nos trouxe a televisão, a informação, a
comunicação, o conforto. Na vez de eu ir ao futebol, às vezes vou para o
shopping, o mercado, viajar, outro lugar, com facilidade, coisas que não
existiam quando nós éramos pequenos. Quando jogava Brasil x Paraguai,
nós não tínhamos nada que fazer no domingo e íamos lá ver o Brasil x
Paraguai: duzentas mil pessoas. Não existe mais isso, acabou. Dentro do
conceito moderno, o que nós temos é arena. Outra coisa. O estádio custa
muito dinheiro a sua manutenção. Eu fiz parte da comissão que deu
instruções para os engenheiros fiscalizarem estádios. Fomos no Engenhão.
Cheguei à conclusão que o Engenhão foi um presente de grego para o
Botofogo. O Botafogo, manter aquilo, daqui a algum tempo vai ser quase
impossível. Aquilo custa muito dinheiro para manter, porque ele é muito
grande. O Vasco já tem o seu estádio e deve adaptá-lo - esta é a minha
humilde opinião de engenheiro -, sim, ao modernismo, ao que interessa
atualmente, ao conforto do seu sócio. Você não pode assistir jogo atrás
de colunas, aquelas colunas fantásticas que até já dei um dia a ideia de
retirá-las. Mas hoje eu até as aproveitaria para fazer camarotes em
balanço, apoiados nessas colunas. A firma que construiu o estádio do
Vasco da Gama foi a mesma que construiu o Jockey Club. Aquela marquise
em balanço do Jockey Club foi recorde mundial em concreto armado na
época. Tivesse sido invertida a ordem de construção, o Vasco teria sido
recorde mundial em balanço de concreto armado. Olha a importância do
estádio do Vasco naquela época. É um fato histórico. Você tem um vão
muito grande entre as cadeiras e a marquise. A nossa opinião é que,
entre um e outro, você saísse com camarotes em balanço, chegando mais
próximo do campo, com todo o conforto. É como se fossem marquises em
cima das atuais cadeiras, apoiadas nessas colunas laterais. Lá em cima
você não vê mesmo, já tem a coluna. Toda aquela parte de cima seria
transferida para a frente nesse balanço. Isso tudo seria à frente das
colunas, com todo o conforto, todo o luxo. Isso seria importante."
"Dentro dessa reforma, nós iríamos cercar tudo e construiríamos também
novas cabines de rádio, dentro das mesmas condições, na arquibancada de
frente. As próprias cabines de rádio poderiam ser feitas na arquibancada
de frente para a transmissão dos jogos. Em engenharia não existe nada
impossível, o que pega é dinheiro. Isso seria muito bom, muito legal,
todo esse conforto que traríamos."
"Com o tempo, nós mudamos o nosso raciocínio. Eu antigamente era
totalmente favorável ao fechamento. Hoje, eu tenho minhas dúvidas e até
com um sonho. Com o tempo, a gente vai ficando velho e vai mudando os
hábitos, os gostos. O Vasco deveria construir outro estádio para a sua
grande torcida, acabar com todos os puxadinhos que existem em São
Januário, e retornar à sua origem. Aquele estádio inaugurado na década
de 20, com todo o fair play da época, aquele negócio bonito,
sensacional, as mulheres de vestido comprido desfilando. Você já
imaginou que troço bacana, o Getúlio de chapéu? E ter um estádio maior
para se disputarem os grandes jogos. Ali seriam realizados os jogos de
menor expressão, mas sempre vendo o seu valor histórico inestimável. E o
Vasco passar a viver também desse valor inestimável, porque as pessoas
iriam visitar o estádio, pagar, comprar camisa, retrato do Ademir,
fotografia do Roberto. Ia ser um negócio. Mas isso é só sonho. Mas que
bacana seria o estádio do Vasco voltar às origens, ter aquela pista de
atletismo."
"Voltando à questão de fechar, eu sou favorável a que feche. Eu não sei
até desses andaimes tubulares. Eu tenho muito medo, porque volta e meia,
um deles cai. Mas fazer uma estruturazinha de aço mesmo, presa no chão,
com fundação, para que tivesse mais resistência e nos desse muito mais
segurança e tranquilidade. Isso não custaria muito mais, não. Mas eu sou
favorável para resolver os problemas que temos hoje em dia, até que o
Vasco tenha muito dinheiro para outras soluções."
Fonte: NETVASCO (transcrição)