Tamanho da letra:
|

Roberto Dinamite faz balanço de seu mandato e projeta futuro


Sábado, 06/08/2011 - 01:07

O início foi mais difícil do que o imaginado. Após anos de luta para assumir o comando do Vasco, Roberto Dinamite viu suas escolhas darem errado nos primeiros meses. Recuperado do baque que foi a queda para a Série B do Brasileiro, o presidente reeleito - em pleito ocorrido na última segunda-feira - hoje voltou a ser somente sorrisos, principalmente porque enxerga um clube muito mais bem estruturado e em condições de fazer o torcedor "não só sonhar, mas ter o direito de buscar e realizar esse sonho: ser campeão".

- Eu quero mais, o Vasco pode mais e nós vamos fazer de tudo para proporcionar esses momentos de alegria, como os da Copa do Brasil. Meu desejo é ser campeão brasileiro, da Libertadores, de tudo o que der - avisou Dinamite, evocando uma espécie de novo lema.

Confira abaixo a íntegra da entrevista exclusiva feita pela reportagem do SporTV News, na sala da presidência, em São Januário. Entre outros assuntos, o dirigente falou a respeito da manutenção do zagueiro e ídolo Dedé como parte do projeto para reforçar o elenco para 2012. Segundo ele, cúpula e comissão técnica já definiram que três a quatro jogadores vão chegar.

Retrospectiva do mandato

"Eu sabia, na minha entrada, que seria um desafio muito grande viver num novo setor do Vasco. Mas as coisas aconteceram. Voltamos para a Primeira Divisão rapidinho, conquistamos agora a Copa do Brasil e o time está muito bem no Brasileiro. Vejo um horizonte muito bom. Demorou, foi dificil e sempre digo que foi a vontade, a determinação e a competência das pessoas envolvidas que trouxe o Vasco até aqui. Mudamos o quadro do clube - não o regime -, e o Vasco passou a ser visto de outra forma.

Relação com o torcedor

"Após a conquista da Copa do Brasil, vivi um momento único. Até me emociono com isso, sou um cara que sinto as coias dentro do clube. Nunca vi uma manifestacão da torcida do Vasco assim, no que diz respeito à Copa do Brasil. Estavam (os torcedores) muito abalados mesmo. Joguei, fui campeão brasileiro e carioca e não enxergava isso, era outro momento. Então a responsabilidade aumenta. O torcedor abraça, chora, sorri, é muito legal. Falo isso agora porque vivi dentro do campo, à distância. Eu via de longe. Hoje a televisão mostra a reacão de cada um. Vivi como dirigente algo que não vivi como atleta. Ter essa aproxamação é muito bom, porque convivi também com momentos delicados (rebaixamento, em 2008). Mas mesmo nesse momento o torcedor do Vasco me deu uma credibilidade muito grande. Nao vivi só de conquistas e vitórias. Tive um apoio tão forte das pessoas. E hoje vejo uma felicidade só. Nao é só no aspecto do campo, a adminstração é reconhecida. E isso me envaidece, me enche de orgulho, mesmo sabendo que o torcedor quer um time ainda mais forte. Ele olha para Libertadores, mas nós estamos no Brasileiro. Queremos mais? Queremos. Podemos mais? Podemos. Mas temos de trabalhar com os pés no chão. O resultado de hoje é fruto daquele momento, daquilo que nós passamos para que fosse revertido. Não tínhamos condições de fazer uma equipe a nível do que o torcedor pensava. Mas tivemos um grupo que se doou. E hoje temos um time encorpado. Lembro que no ano passado ganhamos dois jogos fora no Brasileiro todo. Agora, já temos cinco com poucas rodadas.

Imagem e envolvimento do ídolo

- Ainda não consigo separar o Roberto presidente do Roberto jogador. Num clube como o Vasco, o futebol é o carro-chefe. O Vasco tem uma história no remo, socialmente, mas temos consciência de que o futebol mexe com a paixão. Indo bem, pode-se pensar com mais tranquilidade. É muita paixão envolvida? Sim, mas estou mais tranquilo. Não preciso mais tomar remedinho antes do jogo (risos). Volto a dizer: é um trabalho coletivo. Não vou falar tanto de passado, eu olho para o futuro. O regime é presidencialista, mas tem pessoas que ajudam muito o Vasco, que me ajudaram em tudo. Dei sorte por ter essa equipe.

CT's e evolução na estrutura

- Se você sair da nossa sala e der uma volta nas instalações, for ao vestário, for ver a nova loja que está sendo construída... é tudo em alto nível. O vestiário, eu nunca vi igual no futebol brasileiro e nem lá fora, apesar de ter parado há algum tempo. Nem o do Barcelona (risos). O patrimônio do Vasco tem sido reformado, aumentado. Nossa meta maior é o CT, tanto para base, como o time principal. Entendemos que esse trabalho é preciso. São Januário é só para jogo. O CT da base será em Maricá e o do profissional en algum local na Zona Oeste do Rio, na Barra da Tijuca. E num período de dois meses vamos dar o pontapé inicial (para a construção do CT da base). E existe a ideia do campo suplementar, para o pessoal estar treinando aqui, vivendo o clube e ter mais afinidade. Estamos recuperando um setor que fica acima do departamento médico também, que é aonde eu iniciei minhas concentrações no Vasco. Eles vão descansar, almoçar... Mas por mais que se queira ter tudo, não vai ser feito em menos de um ano. Então estar bem por aqui é importante também.

Valores altos no futebol

- Até brinco com meu filho dizendo que, se voltasse 20 anos com esses números (época em que Dinamite ainda atuava), seria uma maravilha. Mas acho que faz parte do futebol, ele evoluiu. E ao mesmo tempo em que o clube paga, tem a valorização dos atletas, vai ter um retorno financeiro grande. O mais importante é cumprir com as nossas obrigações. Os patrocinadores também dão um suporte maior.

Dívidas e saúde financeira do Vasco

- Posso dizer que a dívida ainda é grande. Mas a nossa administração já pagou mais de R$ 100 milhões (dos cerca de R$ 300 milhões apontados em balanços). E temos um controle. Mas é claro que precisamos de mais. Tudo o que está sendo feito de obras é através de parcerias. A área trabalhista, por exemplo, tem um percentual destinado mensalmente ao pagamento de dívidas. Tudo o queremos é equilibrar isso, entendendo que o futebol é o carro-chefe, mas as modalidades têm de ser auto-sustentáveis. Se hoje tivéssemos isso zerado, o Vasco já teria condições de viver com aquilo que tem de receita, de parceiros e de publicidade. Já teria vida própria. Mas eu tenho os compromissos e não posso fugir deles. Estou entrando no meu segundo mandato, e o presidente que virá vai ter ua vida muito melhor da que eu tive no primeiro momento. Eu quero sair com mais títulos. É a razão para eu estar aqui. Eu quero faixa de campeão, quero viver isso. É a melhor coisa do presidente, do torcedor. Se perguntar a qualquer um, a resposta vai ser que só quer ser campeão.




Fonte: Sportv.com

Nota da NETVASCO: Embora a chapa encabeçada por Roberto Dinamite tenha vencido as eleições para o Conselho Deliberativo, ele ainda não está oficialmente reeleito para mais um mandato à frente do clube. A eleição presidencial ocorrerá no dia 9 de agosto.