O ex-vocalista dos Los Hermanos, banda que acabou em 2007, até podia intimidar, com o seu 1,90 m e barba descuidada. Mas, e apesar do sangue português do lado paterno, o agora vocalista a solo, com o segundo álbum recentemente editado ("Toque Dela"), é o típico brasileiro: dêem-lhe corda que ele vai por aí fora. O capacete na mão do jornalista foi o suficiente: "Cê tem mota? Uma scooter ou motão? Não é perigoso nessas ruazinhas? Em São Paulo é impressionante a quantidade de moto boys!" Comecemos por aí então.
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É adepto do Vasco da Gama, o clube dos portugueses.
Ganhamos a copa e tamo bem. Em quarto ou quinto do campeonato. Tá no começo o campeonato, ainda falta jogo pra caralho, mas tamos num momento bom.
A claque tem um cântico com a melodia da "Anna Julia".
É. [começa a cantar: "Ó Vasco da Gaaaamaaaaa!"]
É verdade que os Los Hermanos não gostavam da música?
O primeiro disco foi para uma editora nova. Era uma editora com uma política de divulgação e marketing muito diferente daquilo que a gente queria. Pretendiam angariar o máximo dinheiro no menor tempo possível, custasse o que custasse. E isso, porra, pode ser uma trituradora de carreiras, pode acabar com um artista. "Anna Julia" tocou na rádio até um ponto em que estavam matando a gente. Era um massacre. A editora faliu ao fim de três ou quatro anos. Abocanharam uma fatia grande de mercado com essa política, destruíram incontáveis carreiras e enriqueceram.
E a "Anna Julia" existiu?
Sim. O Alex, que é meu amigo e produtor há muito tempo, gostava da Anna Julia, teve um rolo com ela.
Depois da música nasceram no Brasil muitas Annas Julias?
Muitas. Hoje têm 10 ou 11 anos. Conheci várias.
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Marcelo Camelo
Fonte: Ionline