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Elivélton, sobre agressor: 'Não seria legal vê-lo jogando futebol de novo'


Terça-feira, 26/07/2011 - 15:38

O lance chocou o futebol brasileiro. Durante a partida entre Vasco e Sport, na última segunda-feira, válida pela Copa BH de Futebol Júnior, o goleiro da equipe pernambucana Gustavo deu uma voadora no pescoço do volante vascaíno Elivélton. O jogador do time carioca deixou o estádio de ambulância e com suspeita de trauma na coluna cervical. Dos males, no entanto, o menor. Após exames realizados na manhã desta terça-feira na cidade de Itabira, ficou constatado apenas uma contusão de coluna torácica e cervical do jovem de 19 anos, que ainda tenta entender o que motivou a atitude de seu companheiro de profissão.

Na pousada Solar dos Guarás, em Catas Altas, cidade onde a delegação vascaína está hospedada, localizada a cerca de 93 km de Belo Horizonte, o capitão da equipe cruz-maltina recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM. Com uma proteção no pescoço e sem tirar o sorriso do rosto, Elivélton agradecia a Deus por não ter sofrido sequelas graves. Ainda chocado com a imagem da agressão e sentindo o local atingido dolorido, o volante disse que seu maior medo era ter ficado paraplégico e nunca mais jogar futebol. Ele admitiu que gostaria que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) proibisse Gustavo de voltar a atuar.

- Não dá para saber o que vai acontecer daqui para frente. Mas não seria legal vê-lo jogando futebol de novo. Até o perdoo, mas não seria certo ele voltar a atuar depois do que fez - disse, que se espelha em jogadores como o italiano Gattuso e o argentino Guiñazu.

Dando uma pausa no tratamento analgésico para voltar o quanto antes a vestir a camisa do Vasco, Elivélton disse que sequer se lembra da cara de Gustavo, garantiu nunca ter visto nada parecido no futebol, perdoou seu agressor, mas deixou claro que nunca mais espera vê-lo em um campo de futebol.


Elivélton na pousada do Vasco em Catas Altas

Confira a entrevista abaixo:

Confusão
"Eu estava conversando com o jogador que fez a falta no Romário e criou toda a confusão. Falei que não precisava disso. Ele respondeu que estava tranquilo e tal. Foi quando vi um jogador do Sport correndo por trás, mas não era o goleiro. Quando tentei virar já senti a pancada. Nem vi quem tinha me batido. Caminhei um pouco, falei com um companheiro que eu tinha sido atingido e pensei em sentar para esperar o médico. Depois disso não me lembro mais de nada. Só de acordar na ambulância".

Consequências
"Foi Deus mesmo. Só tenho a agradecer a ele. Pelo que me passaram, eu poderia estar agora em uma cadeira de rodas tamanha foi a violência da agressão. A imagem choca. Prefiro nem pensar nisso, mas eu poderia ter até morrido".

Gustavo
"Eu nem me lembro da cara dele! Não houve desentendimento algum entre nós dois durante o jogo que pudesse justificar aquilo. Eu considero que ele me acertou como poderia ter acertado qualquer outro. Ele queria era machucar alguém da nossa equipe. Até porque já estava tudo controlado. Foi uma confusão pequena".

Agressão
"Nunca tinha visto nada parecido. Foi uma grande covardia. Eu estava tentando separar. Mas também me boto no lugar dele. Não dá para saber o que se passava na cabeça do Gustavo naquele momento. Se ele estava com problemas na família, se não tem tranquilidade na hora do jogo..."

Perdão e banimento
"Não tenho problema algum de perdoar ele. Não guardo rancor. Se aconteceu com ele, outra pessoa também poderia ter aquela atitude. Não dá para saber o que vai acontecer daqui para frente. Mas não seria legal vê-lo jogando futebol de novo. Até o perdoo, mas não seria certo ele voltar a atuar depois do que fez".

Demissão
"Vi no site do Sport. Achei bonita a atitude do clube de mandar algumas pessoas para me visitar no hospital. Foi o médico deles e mais três jogadores. Depois li a reportagem do presidente do Sport anunciado a demissão do Gustavo. Mostra bem que o clube não concordou com o que aconteceu".

Recado
"Se eu pudesse falar alguma coisa para ele, pediria para ele pensar no que fez e ver a imagem da agressão. Ele precisa fazer alguma coisa para que outras pessoas não repitam seu erro. Não é assim que se joga futebol. Para se amanhã ou depois ele tiver a oportunidade de atuar em outro clube, ter mais tranquilidade para a história não se repetir".

Fonte: GloboEsporte.com