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Regra do pênalti completou 120 anos em junho


Domingo, 24/07/2011 - 14:46

Nas últimas semanas, a cobrança de pênaltis foi a grande vilã do futebol brasileiro. A seleção feminina caiu na Copa do Mundo diante dos EUA; a masculina foi eliminada da Copa América pelo Paraguai; e nos Jogos Mundiais Militares, a equipe verde e amarela perdeu para a Argélia. Mas você sabe como o pênalti foi criado? Em junho de 2011, a invenção dessa regra completou 120 anos de vida. Antes disso, uma falta dentro da área era apenas... uma falta dentro da área.

O autor da ideia foi o goleiro e empresário irlandês William McCrum. No fim do século XIX, o futebol enfrentava muitas polêmicas. Uma delas aconteceu na Copa da Inglaterra de 1891, no jogo entre Notts County e Stoke City. O Notts vencia por 1 a 0 quando o zagueiro Henry colocou a mão na bola em cima da linha do gol para evitar o empate do Stoke. A cobrança de falta foi uma confusão só. O goleiro ficou em frente à bola e todos os jogadores praticamente dentro do gol.

Foi nesse contexto que, no dia 2 de junho de 1891, McCrum sugeriu à International Board (a Fifa da época) a inclusão de uma nova regra no futebol. Nascia então, em Glasgow, na Escócia, a penalidade máxima. No início, muita polêmica. Alguns clubes ingleses resolveram boicotar a decisão. Goleiros ficavam encostados na trave, enquanto jogadores chutavam a bola para fora de propósito. Apenas em 1905 estipularam que os goleiros não poderiam se adiantar, tinham que ficar embaixo do travessão.

Pênaltis para a história: heróis e vilões

Com o tempo, o pênalti ganhou espaço. O Rei Pelé marcou o milésimo gol da sua carreira, em 1969, de pênalti, na vitória do Santos sobre o Vasco, no Maracanã. Em 2007, Romário também alcançou a marca histórica de pênalti, na vitória do Vasco sobre o Sport. Apesar do momento marcante na carreira, o Baixinho reconhece que prefere a bola rolando:

- Eu nunca gostei de bater pênalti. Depois de 94 eu passei a bater, mas pênalti nunca foi o meu forte, não - disse o craque, que, na decisão da Copa do Mundo de 1994, contra a Itália, cobrou apenas o terceiro pênalti da sua carreira - e converteu.

Enquanto alguns jogadores são eternizados por gols de pênalti, outros são lembrados pelas cobranças que não converteram. Ídolo do Flamengo e da Seleção Brasileira e um craque das bolas paradas, Zico ficou marcado pelo erro nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986 contra a França.

- Trocaria todos os pênaltis que eu fiz por um que eu perdi e ficou marcado. Não adiantou eu bater bem, botar goleiro para o lado, eu perdi um (pênalti) importante e esse é o que todo mundo fala - lembrou o Galinho.

Curiosidades e criatividade

O argentino Palermo protagonizou uma cena curiosa na Copa América de 1999 contra a Colômbia. O jogador perdeu três pênaltis na mesma partida. Apesar do episódio, não perdeu o prestígio com os torcedores hermanos.

As cobranças também evoluíram. Os jogadores começaram a ousar com muita criatividade no momento decisivo. A "paradinha" foi adotada como forma de enganar o goleiro. Romário, Neymar, entre outros, abusaram do artifício, e a Fifa proibiu o uso antes da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.

Outra forma inusitada de cobrança foi criada pelo holandês Johan Cruyff, que inventou o pênalti cobrado em dois toques. A técnica consistia em rolar a bola para a frente, enquanto um companheiro de time corria de trás para chutá-la mais de perto. Cobrar a penalidade chutando a bola com o pé de apoio pode parecer meio esquisito, mas também foi uma forma adotada pelos batedores.

A regra é clara

Ex-árbitro e comentarista de arbitragem da TV Globo, Arnaldo Cézar Coelho ressalta o outro lado do pênalti: o de quem tem a obrigação de marcá-lo ou não. Ele ressalta a importância dessa decisão durante uma partida de futebol:

- A marcação de um pênalti, como a cobrança, é de muita responsabilidade. O juíz pensa duas vezes antes de marcar um pênalti para não ser injusto, porque em 90% dos pênaltis a bola acaba entrando. Portanto, ele tem que pensar muito se realmente houve uma infração para marcar um pênalti.

A bola é colocada a 11 metros do gol. Sete metros separam uma trave da outra. No momento decisivo, apenas dois jogadores se enfrentam. Uma invenção de um goleiro para tentar consagrar quem joga futebol com as mãos. Alguns se tornam ídolos, outros vilões.

Fonte: GloboEsporte.com