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Dorival Jr.: 'Um dia, quem sabe, posso voltar ao Rio, voltar ao Vasco'


Domingo, 24/07/2011 - 06:26

No ano passado, quando houve o primeiro encontro entre Vasco e Dorival Junior depois da bela história que uniu um treinador emergente no cenário nacional a um clube em recuperação até o título da Segunda Divisão em 2009, o paulista de Araraquara, de 49 anos, não precisou nem de Neymar para ver seu Santos vencer os vascaínos por 4 a 0. Na época, o resultado deixou o Vasco na vice-lanterna do Brasileiro antes do recesso para a disputa da Copa do Mundo.

Agora, a situação é quase inversa. Campeão da Copa do Brasil — como Dorival foi no ano passado no comando dos Meninos da Vila — o Vasco está em 6º lugar no Brasileiro, e o Atlético-MG já se encontra pressionado pela proximidade com a degola, com o treinador correndo risco de demissão. Em entrevista por telefone, Dorival mostra felicidade com o momento do Vasco e lembra que já esperava esse crescimento após o trabalho que iniciou.

Sem temer uma possível demissão com a derrota de hoje, Dorival também fez elogios a Dedé, que ele trouxe do Volta Redonda em 2009. O zagueiro, aliás, revelou gratidão ao ex-comandante, mas lembrou. “Se fosse parar para pensar nisso, até porque tenho que agradecer a ele por estar no Vasco hoje, teria que poupá-lo. Mas não dá. Se tiver que acontecer, vai acontecer, porque estou aqui para defender o Vasco. Mas espero que ele volte a ganhar a partir da próxima rodada. Nesse jogo vai ser ruim para o lado dele”, disse o vascaíno.

Confira abaixo alguns assuntos que o treinador do Galo comentou. Dorival reconhece no ex-time, com jogadores importantes e experientes, uma equipe “encorpada”, em condições de brigar por todos os títulos. Sobre o futuro, ele suspira: “Um dia, quem sabe, posso voltar ao Rio, voltar ao Vasco”.

NOVO TIME E NOVO MOMENTO DO VASCO

Vasco já vinha se preparando para um momento como esse que vive agora desde a nossa passagem. Na época, já ficou uma estrutura de grupo. Claro que as oscilações são normais dentro de uma remontagem de time. Mas, a partir da chegada de jogadores mais experientes, o time deu um salto de qualidade e conseguiu atingir esse alto nível, de brigar pelas colocações mais altas nas competições. De modo geral, fico contente de ver o Vasco crescendo novamente desse jeito.

DEDÉ

Tínhamos observado o Dedé ainda no Volta Redonda, e ele nos chamou muito a atenção. Tínhamos previsto que na abertura de 2010 ele ficaria de titular já, mas aconteceu ao longo do ano. Com o tempo, ele foi adquirindo experiência, e tivemos agora a confirmação de grande profissional que imaginamos nesse atleta.

JUNINHO, FELIPE E DIEGO SOUZA

O time se qualificou muito com desde a chegada do Felipe, do Alecsandro, do Eduardo Costa, até do Diego Souza. Ficou encorpado. Também teve um crescimento muito grande do Eder Luis, que foi muito importante, o aparecimento de alguns garotos, além da presença do Juninho. Ele tem uma história muito bonita no clube, é uma referência no futebol brasileiro e é um jogador excepcional, que passa uma tranquilidade ainda maior. Tem condições de contribuir muito ainda.

DIFICULDADES TÍPICAS DE SÉRIE B

Aconteceu uma coisa interessante no Vasco, que já tinha se passado comigo no Sport, em 2005, 2006, na Série B, quando tivemos que remontar o time. As mesmas frases que escutamos naquela ocasião foram iguais as que nós observamos, com outros jogadores e em outras situações, quando o Vasco disputou a Segunda Divisão. Era uma dificuldade muito grande, o Rodrigo (Caetano) sabe bem disso, o Roberto (Dinamite) também. Aquele trabalho foi iniciado com muita dificuldade. O clube vivia um momento conturbado em todos os sentidos. Para contratar, para ter material... a diretoria tentava, dentro das limitações, nos dar todas condições de trabalho. Mas a gente sabe como funciona, o profissional espera até o último instante por uma proposta de um time da Primeira Divisão. Muitos descartavam o Vasco já na primeira ligação. Por isso foi tão marcante aquela conquista.

Não quis me defender de nada, de tudo que falaram. Com o tempo, sabia que a verdade seria restabelecida. Não houve situação desconfortável. Só que nunca cobrei nada do Vasco, nunca disse nada sobre essas coisas (refere-se às exigências que foram veiculadas na época que não renovou, como centro de treinamento e reajuste salarial). Apenas quero as melhores condições para poder trabalhar com os jogadores. Mas não foi minha vontade (sair).

FUTURO, RIO, VASCO

Sai com as portas abertas, bem tranquilo. Um dia, se Deus quiser, vou querer voltar ao futebol do Rio, sei lá, ao Vasco, quem sabe. Eu gostaria, sim. Tentei fazer o meu melhor pelo clube e sinto o carinho dos torcedores, sei do reconhecimento do meu trabalho.

DERROTA HOJE PODE SIGNIFICAR DEMISSÃO

Não me preocupo com demissão. É uma coisa com a qual nunca me preocupei em toda a minha carreira. Não penso dessa maneira também (que a derrota signifique demissão). Meu trabalho no Atlético-MG é de médio a longo prazo, o Brasileiro é um campeonato difícil e espero ficar no clube até o fim do contrato, em dezembro de 2012. Nesse tempo, surgiram alguns convites, mas nunca quis levar para a diretoria, nunca quis tirar proveito dessa situação.

RICARDO GOMES

Nunca trabalhei com ele, nem jogamos contra quando éramos jogadores. Mas sei que é um grande profissional, pelo que me falam, pelo que observo. Tenho um respeito muito grande pelo profissional. Sempre acompanhei sua carreira e, agora que conquistou a Copa do Brasil, um título importantíssimo para todos nós, atingiu uma conquista que ele já merecia por todos os trabalhos que já tinha feito em outros clubes. Tenho certeza de que tem muito a contribuir com o Vasco.

Fonte: O Dia