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Roberto Dinamite faz balanço de sua gestão à frente do Vasco


Sábado, 23/07/2011 - 09:09

No ano de 1993, em uma partida contra o Deportivo La Coruña, da Espanha, Roberto Dinamite fazia seu jogo de despedida do Vasco e do futebol. Depois de muitos gols e títulos, o atacante havia se tornado o maior ídolo da história do clube.

Quinze anos depois, Roberto Dinamite estava de volta ao Vasco. Dessa vez, o ídolo cruz-maltino teria outra função. Seu papel não seria mais fazer gols. Ele teria que comandar a equipe fora das quatro linhas, teria de trabalhar para montar um time forte. Roberto Dinamite se tornava presidente do Vasco. Uma tarefa nada fácil.

Três anos se passaram e o mandato do presidente (que foi prorrogado) está chegando ao fim. E em entrevista ao Blog CRVG, Roberto Dinamite faz um balanço de sua gestão, que começou conturbada com o rebaixamento e está terminando com o título da Copa do Brasil.

Confira o bate-papo exclusivo com o dirigente vascaíno:

Roberto, você se tornou o maior ídolo da história do Vasco dentro dos gramados. Como foi voltar ao clube anos depois de se aposentar para uma função muito importante, mas fora das quatro linhas?

Encarei como mais um desafio na minha carreira, em função da situação difícil em que o clube se encontrava. Mas só entrei na batalha para atender pedidos dos torcedores que me paravam na rua e perguntavam por que eu não me candidatava a presidente do Vasco.

O Roberto Dinamite jogador conquistou a torcida vascaína muito rápido. Depois de três anos de gestão, acha que o Roberto Dinamite presidente já conquistou a torcida?

São duas situações diferentes. Como atleta, o objetivo (a vitória) depende de onze homens em campo e 90 minutos de jogo. Mas como presidente, a coisa complica. São diversos departamentos, inúmeras diretorias e vice-presidências, milhões de torcedores e dezenas de funcionários e um nome do tamanho do Vasco. Combinar tudo isso dá trabalho. Em três anos de gestão, o máximo que você consegue é vencer algumas batalhas, mas para ganhar a guerra, é preciso mais tempo.

Nesses três anos de gestão, qual momento destacaria? E o momento mais negativo? Enfim, como avalia sua gestão?

Eu não gosto de ficar lembrando coisas tristes. O que passou, passou. É óbvio que não dá para apagar da memória a queda para a Segunda Divisão. Mas insisto em dizer que não quero nunca mais passar por isso, apesar de termos aprendido lições importantes. Se pesarmos numa balança os prós e contras, tenho a certeza de que o saldo é positivo. E o melhor momento da minha gestão, sem dúvida, foi a conquista da Copa do Brasil 2011.

A queda do Vasco para a série B é algo que gostaria de esquecer do seu mandato. O que passou pela sua cabeça quando o árbitro apitou o fim da partida contra o Vitória?

Pode parecer absurdo o que vou dizer, mas quando ouvi a torcida entoar o hino do clube, houve uma mistura de emoção e revolta. Revolta contra tudo o que haviam feito ao Vasco. Mas também compreendi naquele momento, que era hora de sacudir a poeira e dar a volta por cima. Lembrei-me do torcedor que me parava na rua pedindo para presidir o Vasco e disse para mim mesmo: nem que seja a última coisa que faça pelo clube, vou lutar como nunca para dar alegria a essa imensa legião de vascaínos. E é o que venho fazendo.

E quando Salvio Spinola apitou o fim de Coritiba 3 x 2 Vasco, o que passou pela cabeça? Veio à mente o rebaixamento e todo o trabalho feito para melhorar a equipe?

Rebaixamento nem me veio à cabeça. Queria comemorar, abraçar os jogadores, comissão técnica e, se pudesse, queria abraçar cada torcedor que nos ajudou a chegar lá, que acreditou na gente. Queria ligar para cada patrocinador e parceiro nosso que acreditou no projeto de um novo Vasco.

Quando assumiu a presidência, é bem provável que tenha traçado muitas metas para a melhora do Vasco. Depois desses três anos, acha que conseguiu cumprir boa parte ou ainda falta muita coisa?

Ainda faltam algumas coisas. Mas como disse antes, o saldo até agora é positivo.

O senhor assumiu o Vasco em um momento muito difícil. O time estava mal no campeonato e tinha muitas dívidas. Depois de três anos, a questão elenco mudou muito. Hoje o Vasco tem um time muito forte e conquistou recentemente um título importante. O que fazer para que a parte interna também tenha uma mudança e as dívidas sejam estabilizadas?

Estamos trabalhando para resolver tudo isso. * (De acordo com o presidente, "a atual gestão já pagou cerca de 140 milhões de um total de 377 milhões de dívidas deixadas pela administração anterior.")

Nesses três anos de gestão, qual a sua melhor contratação?

Não gosto de ficar citando este ou aquele nome. Somos um grupo. Todos têm a sua importância. Trabalho de equipe é isso.

De todas as contratações feitas pelo Vasco para a disputa da série B em 2009, o nome mais conhecido foi o de Carlos Alberto. O meia fez boas partidas e foi um dos destaques da equipe na campanha do retorno. Em 2010, ele já não teve mais o mesmo rendimento e esse ano piorou. Vocês chegaram a discutir no vestiário do Engenhão após uma derrota para o Boavista e meses depois ele o criticou via Twitter. Ele ainda tem contrato com o Vasco. Se Carlos Alberto recuperar o bom futebol, mesmo depois de tanta polêmica, pode voltar ao Vasco?

Não gosto de fazer previsões. A gente deve viver um dia de cada vez. Na minha opinião, o caso “Carlos Alberto” está encerrado.

As eleições estão chegando e todos sabem que títulos são muito importantes em uma gestão. Com o senhor na presidência, o Vasco voltou a conquistar um título depois de oito anos. Depois dessa conquista, ficou mais confiante na reeleição para dar continuação ao trabalho?

Não trabalho pensando em reeleição. Trabalho de olho nos objetivos que eu e minha equipe traçamos para dar ao torcedor vascaíno a alegria de voltar a gritar “É Campeão”.

Um ponto positivo de sua gestão são as parcerias do Vasco. Fale um pouco sobre as parcerias fechadas em sua gestão.

Quando assumi o Vasco, tínhamos dois patrocinadores (MRV e Habib’s) cujos contratos eram lesivos ao clube. Hoje temos, além dos patrocinadores oficiais (Eletrobras, Brahma, Combustíveis ALE, Penalty e BMG), mais 25 parceiros. Basta olhar para esses dados e perceber que melhoramos muito nos últimos três anos.

Presidente, em caso de reeleição, já tem planos para os próximos anos de gestão? E o 'Projeto Libertadores 2012', a torcida pode esperar um Vasco mais forte pra brigar pelo título?

Esse tem sido o nosso pensamento. Mas não estou esperando a reeleição para fazer. Já estou trabalhando nisso.

Hoje, o senhor tem duas importantes 'tarefas'. Além de administrar o Vasco, é Deputado Estadual. Como foi e como tem sido conciliar essas duas importantes funções?

Já respondi essa pergunta algumas vezes em outras entrevistas e vou repetir: não misturo as coisas. Sei separar.

Fonte: Blog CRVG