A ligação de Juninho com o Vasco começou muito antes de o jogador vestir a camisa cruz-maltina. Na verdade, antes mesmo de ele nascer. Tudo começou com seu pai: marinheiro e morador de Recife, Antônio Augusto tinha que permanecer no Rio de Janeiro por alguns períodos. Para ter o que fazer nos momentos de lazer, virou sócio do Vasco da Gama e a paixão não parou de crescer.
Torcedor do Náutico, Antônio passou a frequentar São Januário em meados da década de 1950. Vez ou outra acompanhava os jogos do Vasco no local, experiência que levou para Recife.
"Quando o conheci, ele já era sócio do Vasco e muito fã do time. Torcia pelo Náutico, mas não parava de falar do Vasco. Em Recife, ficávamos tentando sintonizar o radinho para ele poder ouvir os jogos", lembrou Maria Helena, mãe de Juninho Pernambucano.
Quando Juninho, caçula de 5 filhos, nasceu, Antônio não frequentava mais São Januário. Como a família morava em Recife, o jogador sabia pouco da ligação do pai com o Vasco. Mas isso logo mudaria.
Assim que Antônio soube do acerto com o time cruzmaltino, buscou em seus pertences a carteirinha de sócio e presenteou o filho, que a guarda até hoje como um amuleto.
"Eu sabia que meu pai era torcedor do Vasco, mas conhecia pouco a história. Quando assinei o contrato, ele me mostrou a carteirinha de sócio e guardei comigo até hoje. Talvez ele nunca tenha imaginado que um dia me veria jogando em São Januário. Sempre que chegava ao estádio lembrava dele, foi uma coincidência muito legal", afirmou o jogador.
Os tempos mudaram. Hoje, a saúde de seu pai, que, com 79 anos, sofre do Mal de Alzheimer, está debilitada. Mas ele ainda conseguiu acompanhar de perto os principais feitos do filho em São Januário.
"Hoje ele não entende muito, por causa da doença que teve. Mas ele chegou a ir me ver jogando em São Januário. Atuar pelo clube que ele já era sócio e apaixonado me dá muito orgulho", destacou Juninho.
Confira entrevista com Juninho Pernambucano
Seu pai sempre falava sobre as histórias dos tempos de Vasco?
Contava algumas histórias, sim. Ele era da Marinha, gostava de ir ao estádio para jogar sinuca, ficar com os amigos. Ele era fã do Danilo, do Barbosa, se não me engano. Gostava de ir a alguns jogos, era fã mesmo. Minha mãe quem sabe mais das histórias. Eu era muito novo. Mas sabia que ele era vascaíno.
E depois, quando ele soube que você ia para o Vasco, qual foi a reação dele? Ficou feliz?
Foi uma coincidência. Ir exatamente para o clube que meu pai gostava, que era fã. Ele, no Recife, é Náutico, o único lá em casa, na verdade, mas também sempre falava do Vasco.
Você não quis seguir a carreira dele?
Entrar para a Marinha? Não, não. Somente meu irmão mais velho que estudou no colégio militar, mas não seguiu a carreira.
E quando você já defendia o Vasco, ele vinha a São Januário para assistir a seus jogos?
Ele sempre gostou mais de ver jogos pela TV. Mas já veio, sim, a São Januário. Quando estava no Rio de Janeiro, eu o trazia.
E a carteirinha dele você resolveu guardar até hoje?
Claro. Achei legal e ficou comigo. Ele me mostrou, achei legal e guardei até hoje.
Fonte: Terra (texto), Reprodução internet (foto)