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Estudo diz que Brasileiro está 30% mais equilibrado que na década de 70
Domingo, 17/07/2011 - 12:36
Os professores e pesquisadores em Economia do Ibmec de Belo Horizonte, Ari Francisco de Araújo Júnior e Cláudio Shikida, e o economista Lucas Drummond, elaboraram um estudo intitulado ‘Campeonato Brasileiro de Futebol e Balanço Competitivo: uma análise do período 1971 – 2009’ que em síntese aponta que no período, o Brasileirão se tornou 30% mais competitivo. O estudo, que levou seis meses para ser desenvolvido, usa como base a própria Economia e seus índices para elaborar trabalhos sobre distribuição de renda.
Para chegar a esta porcentagem, os autores criaram ferramentas semelhantes às da ciência, com base em fatores como o número de equipes envolvidas na competição, o modelo de pontuação e o sistema de disputa.
- Usamos estatísticas que nos ajudam a ter conclusões, como o que pode ter acontecido para ter tido o acréscimo de competitividade. E a gente chegou à conclusão que isso tem ligação clara com a redução do número de times, o que vale também para a Economia. Vamos supor uma distribuição de renda desigual, em que tiramos os indivíduos mais pobres, ou os mais ricos. Com isso, a distribuição ficará mais equilibrada. Desta forma, a redução dos times mostra que o campeonato hoje é mais homogêneo e tem uma distribuição de pontos mais igualitária, explica o professor Ari.
No estudo, os pesquisadores criaram quatro indicadores. Todos eles são relacionados, principalmente, à distribuição de pontos entre todas as equipes participantes do campeonato, sobretudo a soma dos quatro primeiros. Caso eles acumulem a maioria dos pontos da competição, mostra que o nível de competitividade foi baixo, e vice-versa.
- Todos eles (indicadores), em última instância, revelam como se dá, em determinado Brasileirão, a distribuição de pontos entre as equipes. É a mesma lógica usada na distribuição de renda. Num grupo de pessoas, faço um ranking de acordo com a renda delas, aí consigo montar um indicador para saber se a distribuição naquele momento é razoável ou não.
No futebol, com o passar dos anos, a distribuição de pontos passou a ser mais igualitária. Por exemplo, em 1980, o Flamengo foi campeão com 34 pontos, 8,5 vezes mais do que o lanterna, o Maranhão, que fez apenas quatro. Já em 2009, último ano abordado pelo estudo, mostra que a competitividade atingiu seu nível quase máximo, já que o campeão Fla somou 67 pontos, enquanto o Sport, lanterna, fez 31, pouco menos da metade.
- Conseguimos observar que a distância entre o primeiro colocado e o último é menor do que era no passado. Esta não é uma medida perfeita, mas dá um exemplo de que agora esta distribuição de pontos é mais igualitária e o campeonato é mais competitivo do que no passado.
Outra variável que dá a mesma ideia está relacionada ao sistema de pontos corridos, adotado a partir de 2003. De lá para cá, a regra adequou apenas o número de equipes participantes.
- O modelo estatístico mostra que esta distribuição igualitária aumentou com a implantação do sistema de pontos corridos, que é uma variável importante do estudo. Ele (o sistema) gera mais competitividade. E essas regras se tornam estáveis a partir daí, pois todos sabem no início do campeonato quantos times vão cair, quantos vão para a Libertadores, além de se ter um número fixo de equipes.
Ideia
Ari explica que a ideia para o estudo não surgiu repentinamente. Na instituição onde leciona existe um grupo de estudo que já publicou outros dois trabalhos relacionados à Economia no esporte. E o interesse do então aluno Lucas contribuiu para a análise da competitividade.
- Temos um grupo de pesquisa em Economia Aplicada e um dos assuntos abordados ultimamente é a Economia do futebol. Estudamos o futebol ou o esporte de um modo geral sobre esta ótica. E este artigo específico surgiu por causa de uma ideia do Lucas (aluno do Ibmec na época), que tinha interesse nesta área. Como estudamos desigualdade de distribuição de renda entre os indivíduos, esta metodologia pôde ser usada.
Fonte: GloboEsporte.com