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Completando 1 ano de Vasco, Eder Luis curte a vida de carioca


Sexta-feira, 15/07/2011 - 12:04

O atacante Eder Luis completou neste mês um ano de Vasco. Neste período, disputou 61 jogos e marcou 15 gols, um deles o do título da Copa do Brasil, seu ponto alto com a camisa cruz-maltina até agora. Dentro de campo, o camisa 7 continua sendo o motorzinho do time com sua velocidade, mas fora dele, já não é mais o mesmo. Nascido em Uberaba, ele sempre foi conhecido pelo clássico estilo "mineirinho".

Apesar de não deixar de lado suas origens e preferências, Eder Luis tomou gosto pela vida carioca. Com a Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar ao fundo, ele disse que a imagem de "cidade violenta" ficou no passado e, junto com a família, teve uma boa adaptação. O passeio no bondinho ele preferiu não aceitar por causa do receio, mas não descartou se “arriscar” em uma oportunidade futura: “Deve ter uma visão bonita lá de cima”..

Apesar de negar, o atacante está tão descontraído que até solta alguns palavrões quando está na companhia de seus companheiros.

- Ainda não estou falando muitos palavrões não (risos). Acho que mudei um pouco sim, mas a mudança foi principalmente na minha família. Meus filhos já estão até puxando o "s" nas palavras, a adaptação foi muito boa. Sinceramente não esperava isso. A gente tinha outra imagem. Quem é de fora ouve muito de violência. Eu sou muito mineiro, um cara muito tranquilo. O carioca não, qualquer feriado já é festa, praia... - afirmou o jogador, que mora com a esposa, e os filhos Davi Luis e Luisa Victoria.

Para felicidade da torcida cruz-maltina, Eder ficará no Rio pelo menos até a metade de 2012, já que renovou seu contrato recentemente. A negociação com o Benfica foi arrastada e tirou o sono do atacante, que, às vésperas do término de seu vínculo com o Vasco, confessa que chegou a reservar passagens para retornar a Portugal.

- Comecei até a ficar nervoso porque faltavam duas semanas para acabar e nada. Fiquei no "marco ou não marco minha passagem para Portugal?". Acabei marcando, mas no dia antes de eu ir, tudo se resolveu. Minha vida ficou no limite. O Rodrigo Caetano sempre me disse que tudo ia dar certo, mas nunca assinava. Só se tem certeza quando está no papel. Na última semana antes do fim, até dei entrevista dizendo que tinha jogado o último jogo. Era o que eu tinha naquele momento. Ainda bem que tudo deu certo e posso ficar mais um ano para tentar disputar o título do Brasileiro e da Libertadores, que é o principal objetivo do Vasco.

Eder Luis vive o melhor momento de sua carreira, mas a trajetória até o sucesso no Vasco foi cheia de dificuldades. Os piores capítulos foram no Comercial, de Ribeirão Preto, equipe que foi defender quando tinha 14 anos. Lá, confessa, acanhado, que tinha dificuldades até com alimentação. Longe da família, passou fome em alguns momentos. E não foi só. Depois de ser submetido a uma cirurgia, não teve uma boa recuperação e sua perna direita não estica completamente até hoje. O medo de não voltar a jogar passou, mas as lembranças ficaram.

- O momento mais foi difícil quando tive que sair da minha cidade e ir para um time pequeno, o Comercial, de Ribeirão Preto. A estrutura não é a mesma, tínhamos problema até com alimentação. Em alguns momentos passei fome. Também tive um problema quando fui fazer uma pequena cirurgia. Não tive uma recuperação adequada e até hoje a minha perna direita não tem a extensão toda. Achei até que poderia não voltar mais a jogar. Tenho sempre que fazer fisioterapia para não me prejudicar mais para frente. Ser jogador era o meu sonho, precisei passar por cima disto tudo. Ainda bem que deu tudo certo.




Confira a entrevista completa com o camisa 7 da Colina:

Já conseguiu se acostumar com a rotina carioca? Ainda sente falta da vida no interior?

Olha, eu gosto muito de roça, do interior. Aqui é tudo muito mais corrido, mas já me acostumei e aprendi a gostar. Outro dia estive em Belo Horizonte com minha esposa e comentamos que não era igual ao Rio. Ainda mais que moro de frente para o mar. O Rio de Janeiro te dá mais opções de lazer. Aqui em um dia de sol você vai para a praia, brinca com as crianças, dá uma canseira nelas. Fora que tem muitos restaurantes também.

Deixou de lado a comida mineira? Já experimentou algumas outras especialidades?

Eu vou muito em um restaurante mineiro que é muito gostoso, mas conheci outros muito legais também. Essa semana, por exemplo, fui em um mexicano, lá no chapéu (risos). Comida boa, com bastante pimenta. Sem pimenta não dá! Mas a mineira também é boa. Só tem de tomar cuidado porque é pesada. Que nem feijoada. Não pode exagerar.

O que mais pesou na decisão de permanecer no Vasco?

Primeiro pesou o próprio clube, já que houve uma adaptação rápida e um carinho enorme da torcida. Quando eu cheguei, também chegaram Felipe, Zé Roberto, o Carlos Alberto já estava... Quase ninguém me conhecia, cheguei em um patamar abaixo do deles. Fui conquistando, fui conquistando... acabou que fui o artilheiro do time no Brasileiro, o que foi uma surpresa para mim. Antes do fim do meu contrato, teve o título da Copa do Brasil. Conta muito, o torcedor passa a se identificar mais. A família também pesou na escolha. A esposa quis ficar, e também seria ruim interromper a escola da minha filha.

De coadjuvante, você virou protagonista e fez até gol de título. Como encara este novo status e os elogios?

As pessoas costumam dizer que sou muito humilde, mas é porque fui criado assim. Depois que o jogador começa a conquistar as coisas, o reconhecimento aparece também dos próprios companheiros. O treinador falou, até o presidente falou da minha importância... Aí que comecei a ver. Depois disso, o trabalho tem que ser maior, porque a cobrança cresce também. Fico satisfeito com este carinho.

Quem acompanha o seu dia a dia também nota um Eder Luis bem mais à vontade e brincalhão agora do que no início...

Isto é mais da minha personalidade. Quando eu sou novo, estou em um lugar que não conheço bem as pessoas, fico mais quieto. O momento do clube quando eu cheguei era difícil, e isso faz diferença. Com o decorrer do tempo, fui pegando mais intimidade com meus companheiros e gosto de brincar mesmo. Pego no pé dos amigos.

Sua única Libertadores foi em 2007, pelo São Paulo. Quais são as lembranças? O que pode passar para ajudar os seus companheiros para o ano que vem?

Acho cedo ainda. Até a Libertadores tem muita coisa para acontecer. Mas acho que temos tudo para fazer um bom papel. A tendência é termos um time ainda mais entrosado e eu torço para que a base seja mantida, já que em dezembro vai ser normal alguns jogadores receberem propostas. Quanto ao campeonato, é no mesmo estilo da Copa do Brasil. Jogos decisivos em que a atenção tem de ser total.

A eliminação do São Paulo, naquele ano, aconteceu perto do fim do jogo. Como foi aquela noite? Qual a lição que ficou?

É simples: o jogo só termina no apito do juiz. Ninguém no São Paulo imaginava aquele gol (NR: o Grêmio marcou o gol decisivo aos 29 minutos do segundo tempo). Sinceramente achei que já estava com a vaga na mão. Mas saiu o gol. Na final da Copa do Brasil vivemos situação semelhante, mas conseguimos segurar a pressão. O estilo dos jogos não é muito diferente.

Depois da entrada do Juninho, seu posicionamento mudou. Virou um lateral quando o time está sem a bola e atacante quando a posse é do Vasco?

Nestes dois jogos foi assim. Brinquei com o Ricardo Gomes, que ficava gritando meu nome, e disse que tem hora que não dá. Não estou acostumado a fazer isso. Tento ajudar, mas a mudança passa também pela cabeça. Estou bem fisicamente e acho que posso fazer esta função. Meu pensamento é sempre de buscar o gol, tenho de me habituar ao novo esquema. Algumas pessoas dizem que estou fazendo poucos gols, mas é também por causa desta mudança em relação ao ano passado. Nem sempre vou estar dentro da área.




Fonte: GloboEsporte.com