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Dinamite comenta demissão de técnicos no Brasileiro e elogia Gomes
Sexta-feira, 15/07/2011 - 10:52
Foi-se a época dos dirigentes intransigentes, quando o menor indício de crise já era motivo para demissão de técnico. Atualmente no futebol nacional não se manda mais treinador embora. É o que demonstra até aqui o Brasileirão 2011. Em nove rodadas de campeonato disputadas, nenhuma equipe demitiu seu técnico. Pelo menos oficialmente.
“Acho que a ordem é essa: se planejar melhor. A partir do momento em que o clube planeja melhor sua vida, o técnico vai ter uma duração maior. Você vai errar menos e vai dar condição para que esse profissional possa melhorar”, opina o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, que bem que perdeu a paciência com o treinador que começou 2011 no comando do seu time, Paulo César Gusmão, mas desde a conquista da Copa do Brasil vive em lua de mel com Ricardo Gomes.
Dinamite é um dos 14 cartolas cujos times seguem com o mesmo técnico desde o início do Campeonato Brasileiro. O número já é maior que o de 2010, quando oito mudanças já haviam acontecido nesta etapa da competição. Destes oito andarilhos, três foram obrigados a se retirar do cargo – Gaúcho, do Vasco, Jorge Fossati, do Inter, e Antônio Carlos Zago, do Palmeiras.
Neste ano as coisas estão diferentes. Silas só não continuou no Avaí porque recebeu proposta tentadora do Catar. Cuca resolveu sair por conta próprio ao enfrentar um período de má fase depois de um ano de bons resultados no Cruzeiro. O mesmo fizeram Adilson Batista, no Atlético-PR, e Renato Gaúcho, no Grêmio, sem a longevidade e os números do colega ex-Cruzeiro.
O consenso
Os outros dois técnicos são um caso a parte. Paulo Cesar Carpegiani, ex-São Paulo, e Mauro Fernandes, ex-América-MG, deixaram seus cargos por ‘consenso’ após conversas com suas respectivas diretorias. “Não sei se isso não é demitir. Isso é mais um teatrinho”, afirma Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG.
O fenômeno do ‘consenso’ já havia provocado dúvidas durante a saída de Adilson Batista do Corinthians no meio do Brasileirão de 2010. Os dirigentes declararam que tinham decidido juntamente com o treinador que era hora de mudar. Adilson deu a entender que não foi bem isso o que aconteceu. Os clubes podem ter descoberto uma forma de maquiar a demissão.
“Acho que 90% dos técnicos hoje quando assinam o contrato lá tem também uma rescisão. O que você não vê muito é o técnico pedir demissão. Em termos de contrato, ele é o que está mais garantido. No final, isso cai no caixa do clube”, diz o vascaíno Roberto Dinamite.
Estariam os times tentando aliviar o prejuízo com a multa rescisória na hora de mandar seu funcionário embora? O atleticano Alexandre Kalil tem opinião diferente. “O que menos importa para um clube grande é a multa do treinador. Os problemas são tão grandes que não é isso que evita a demissão”. Para ele, esconder a verdade pode ser uma forma de fugir da pressão da torcida.
Manobras à parte, os cartolas parecem estar mesmo mais pacientes em 2011. O Corinthians manteve Tite no comando após a humilhante eliminação para o Tolima na fase preliminar da Copa Libertadores e hoje colhe os frutos: é líder do Brasileirão com campanha invejável – oito vitórias e um empate em nove jogos.
Falcão foi bastante contestado e chegou a ouvir gritos de burro dos torcedores que nos tempos de jogador o idolatravam no Beira-Rio, mas deu a volta por cima e ganhou a confiança dos colorados. Vagner Mancini também se recuperou no Ceará após um mau início de competição. No Atlético-GO, apesar da zona de rebaixamento, Paulo César Gusmão segue firme.
O Atlético-MG sofreu três duras derrotas consecutivas antes da vitória do último final de semana sobre o América-MG e nem assim Dorival Júnior caiu. “Até pela escassez de treinadores, quem tem treinador considerado de ponta não quer abrir mão. Todos treinadores de ponta do Brasil estão empregados. Eu não vejo ninguém para colocar no lugar do Dorival”, explica Kalil.
Para Dinamite, já classificado para a Copa Libertadores de 2012, o discurso da permanência é mais fácil. Mas o cartola carioca garante que a estabilidade de Ricardo Gomes não é passageira. “O Vasco está nessa linha. Tem um técnico que achamos que acertamos, que é competente. Eu tenho consciência de o que clube hoje dá ao Ricardo não se dava havia muito tempo.”
Fonte: ESPN.com.br