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Arquibancadas inferiores do Maracanã serão construídas a partir de outubro


Terça-feira, 21/06/2011 - 17:42

O Maracanã foi chamado de novo em pelo menos duas ocasiões desde 1999: após as reformas para o Mundial de Clubes da Fifa, ao custo de R$ 100 milhões, e para o Pan-2007, por outros R$ 200 milhões. Com obras de demolição e implantação das fundações em curso, em outubro os cerca de 850 operários que trabalham divididos em três turnos começam a colocação dos degraus da arquibancada inferior. Iniciada esta etapa, será possível identificar os primeiros traços da mais recente versão de um estádio que, se não definitiva, promete aliar modernidade e funcionalidade para a Copa de 2014.

- Aquela cara da maquete que mostra como ficará surgirá a partir da colocação desses primeiros degraus, do lado leste, em outubro - revela Ícaro Moreno, presidente da Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro (Emop). - Uma fábrica de pré-moldados foi montada no próprio estádio. Ali os degraus serão produzidos e encaixados um por um.

Projeto em fase de análise

O Maracanã, que já não era mais o maior do mundo, ficará ainda menor - a capacidade após a reforma passa a ser de 78.639 torcedores, com 75 mil assentos cobertos - mas o governo estadual promete que será o melhor. Se assim será, o tempo irá dizer, ainda que não aquele acordado entre as autoridades brasileiras e a Fifa na assinatura do "Acordo do Anfitrião". Com o atraso no cronograma de obras, o próprio Comitê Organizador Local (LOC) já admitiu que o trabalho pode se estender até março de 2013, extrapolando o prazo de entrega exigido pela Fifa (dezembro de 2012), mas possível de ser testado na Copa das Confederações.

Entre outubro de 2009, quando ainda havia expectativa de que a reforma fosse realizada por uma Parceria Público-Privada (PPP), e o anúncio do orçamento final das obras, na semana passada, o preço das reformas subiu com a expectativa da população pelo produto final. Inicialmente orçada em R$ 430 milhões, passou a R$ 600 milhões com a Matriz das Responsabilidades (janeiro de 2010), chegou a R$ 720 milhões no lançamento do edital de licitação (junho de 2010) e, depois dos R$ 705 milhões orçados pelo consórcio vencedor(Andrade Gutierrez, Odebrecht e Delta), alcançou R$ 931.885.382,19. Até que se conheçam os números do "Itaquerão", é o estádio mais caro da Copa e, seguramente, um dos mais caros do mundo.

- O Maracanã é de um tempo em que não havia, por exemplo, o conceito de pessoas com necessidades especiais. Muita coisa mudou. Daí a importância de uma reforma global - pondera o ministro relator da Copa de 2014 do Tribunal de Contas da União (TCU), Valmir Campelo, justificando o custo tão alto.

Como o valor final, 2,6% mais barato do que constava na entrega do projeto executivo, foi conhecido no último dia 13, dois dias antes de expirar o prazo para exigências da Fifa, o TCU tem 45 dias para analisar o projeto executivo, esclarecer dúvidas e fazer recomendações sobre os mais de mil projetos que preservam apenas a fachada. Quer dizer que, até 28 de julho, é provável que o BNDES não seja autorizado a liberar o financiamento de R$ 400 milhões já aprovado.

Enquanto isso, o Estado toca as obras com recursos próprios. A demolição da antiga cobertura, com auxílio de um guindaste, já começou. A nova, de lona tensionada, inspirada em projetos europeus, aumentou o custo da obra em 35%. Duas das quatro novas rampas que serão construídas já têm pilares prontos. À medida que fica de pé, o Maracanã volta a ser chamado novo, ao custo de muito dinheiro público. Resta saber se, desta vez, em definitivo.




Fonte: O Globo online