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Psicóloga Maria Helena explica como o Vasco deu a volta por cima


Domingo, 19/06/2011 - 01:06

O desejo e o sonho que nos alimentaram durante este tempo todo estão perto de se tornarem realidade. Que vocês possam, acima de tudo, dar o máximo de si e dizer: valeu a pena arriscar. A mensagem acima é um curto trecho do que foi escrito pela psicóloga do Vasco, Maria Helena Rodriguez, para todos os jogadores antes da partida final da Copa do Brasil. Perto de completar 25 anos de clube, ela conta como todos venceram as desconfianças e conseguiram reverter o trágico início de ano: “Nós, da comissão técnica, também nos questionávamos: ‘Meu Deus, o que está acontecendo, onde nós erramos?’”, lembra a psicóloga, numa das muitas dificuldades que o grupo teve até chegar ao título inédito.

“Quando perdemos a Taça Rio, alguns jogadores sentiram muito. Mas, na segunda, já viajamos. Viramos a página”, destaca Maria Helena, que sentiu o título próximo na cena do grupo tomando café da manhã, todos sentados juntos, antes do embarque para Curitiba, a dois dias da final.

MARCA BRASIL: Como foi trabalhar os jogadores depois de início de ano tão ruim como o do Vasco?

Maria Helena: A autoestima de todos, realmente, estava muito baixa. Tivemos que resgatar aquela confiança, aquela credibilidade. Nesse processo que estávamos passando, tivemos muitos atendimentos individuais, nos quais falávamos do projeto de vida deles como atletas, sonhos, realizações. Quando conseguimos recuperar tudo, veio a perda da Taça Rio para o Flamengo.

MB: Todos estavam muito abatidos após a derrota. Como foi lidar com isso?

MH: É normal que tivesse que ser respeitado um luto, a nossa perda, mas não tínhamos tempo. Perdemos no domingo, na segunda já viajamos para Curitiba (primeiro jogo das quartas de final da Copa do Brasil contra o Atlético-PR). Era um tempo muito curto para conversar com os atletas, então fui atender aqueles que precisavam mais desse suporte. Conversei com alguns na hora do almoço, no ônibus. Tínhamos outro sonho para ser conquistado. Sabíamos que seria muito difícil de alcançar, mas a gente precisa resgatar a autoestima. Não só dos atletas, nós, da comissão técnica, estávamos nos questionando: ‘Onde nós erramos?’

MB: O Ricardo Gomes pareceu muito abatido após a perda da Taça Rio.

MH: Ele acredita, gosta e solicita muito o trabalho da Psicologia Esportiva. Sempre me deixou muito à vontade e isso ajudou muito. Ainda mais por ser uma pessoa extremamente inteligente, em nenhum momento perdeu o equilíbrio. Depois, em Curitiba, fizemos um trabalho com a comissão técnica, uma dinâmica com algumas palavras (como superação, fé, determinação, amizade, espírito de equipe, confiança). Eles tinham que falar o que significavam naquele momento. Foi maravilhoso, naquele momento, fechamos que merecíamos a Copa do Brasil. Fortalecemos a comissão e, em consequência, os jogadores, que começaram a perceber nossa união.

MB: Teve um momento que te chamou mais a atenção antes da conquista da Copa do Brasil?

MH: Quando encontrei com os jogadores antes da viagem para Curitiba, no aeroporto, aqui no Rio. Foi uma emoção muito grande, porque sabia que tínhamos uma coisa muito boa pela frente. Por que essa certeza? Trabalho com esse grupo no dia a dia, senti na energia deles. Era 7h30 e não estava um ali, outro lá, o que seria normal. Estavam todos juntos para tomar café da manhã. Como se dizendo: ‘Estamos indo para uma grande oportunidade, esse título vai ser nosso’.

MB: Quem são os líderes nesses momentos?

MH: Uma das pessoas que falaram muito bem com o grupo foi o Alecsandro. Ele disse que já tinha perdido uma Copa do Brasil (em 2009, o Internacional foi derrotado pelo Corinthians) e que não ia perder outra. Aquilo marcou muito. O Felipe também pela facilidade de conversar com os mais novos, passar a experiência dele. O Fernando Prass, com palavras sempre positivas. O Eder Luis também, sempre brincando, alegrando todos.

MB: Como eram os trabalhos com os jogadores?

MH: Colocava placas nas mesas do hotel, com algumas palavras, era só para eles lerem. Quando reparei, não acreditei: eles estavam escolhendo onde sentar. Lembro do Leandro, do Diego Souza, do Alecsandro e do Eduardo Costa sentados na mesa “garra”. O Felipe, o Allan, o Dedé e o Romulo na mesa que tinha as palavras ‘espírito de equipe”.

Fonte: Marca Brasil