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Conheça mais sobre a vida e a carreira de Ricardo Gomes


Domingo, 12/06/2011 - 18:35

" Tem muito folclore no que escrevem sobre mim. Eu não sou assim, meus amigos que estão sempre por perto sabem disso. Dizem isso por ter ido para a Europa cedo, porque morei na França. Não sou profundo conhecedor de vinhos, apenas apreciador, não sou tão fã de jazz, não sou tão calmo como parece. Sou um homem comum " garante o técnico, que admite uma paixão: a leitura. " Adoro ler tudo que é bem escrito. Sou fã do João Ubaldo Ribeiro.

Nem mesmo tão vencedor, apesar dos 18 títulos conquistados como jogador e técnico. Ele computa derrotas e vitórias na profissão e na vida da mesma forma. Tudo faz parte do processo. O que importa é sempre o dia seguinte, o próximo campeonato. Planos, somente a curto prazo. Assim como não pensa em seleção brasileira, também não pensa em Libertadores. Com contrato até o fim do ano, deixa em aberto sua permanência no Vasco, que terá de ser renegociada.

" Tem que se preparar para cada dia. Deixei de sonhar já tem um tempo, e isso serve para qualquer coisa. Procuro fazer o melhor, mas não faço grandes planos. Se me derem um agenda, vai ser bem pequena, de uma semana no máximo " declarou o técnico.

Prova do amadurecimento do tijucano de 46 anos, casado com Cláudia há 26, e pai de Diego, 24 anos, e Ana Carolina, 19 anos. Adolescente na época da reabertura política do país, estudante do Pedro II, da Tijuca, o filho de seu Raimundo, militar e ex-combatente, tinha posições bem ra$sobre política e vida.

" Participei de movimentos, fui um dos primeiros jogadores a falar de Fernando Henrique e Lula no início dos anos 80. Hoje, vejo tudo de uma forma bem diferente. Aos 19 anos, você acha que sabe tudo, que é de ferro. Depois, percebe que não sabe tanto assim. Quando envelhece, descobre que não sabe nada e que só tem a aprender " disse.

Pressão rubro-negra

Prova de que a linha dura do pai militar serviu para formar o caráter do filho. Disciplina, mas sem ditadura, que passou bem longe da casa da Rua São Francisco Xavier, onde passou a maior parte da infância. Único homem e caçula de quatro irmãos, recebeu de seu Raimundo o gosto pelo futebol. Aos 4 anos, já tinha como passatempo predileto a bola:

" É uma das primeiras lembranças que tenho e único brinquedo que não largava logo.

E o domingo era sinônimo de futebol na Quinta da Boa Vista, seguido por jogo no Maracanã. Porém, não seguia o time de coração do pai rubro-negro.

" Fui Botafogo até os 6 anos, até que vi uma partida contra o Fluminense e fiquei com raiva. $6 aos 12, a pressão foi grande para eu virar rubro-negro, assisti a muitos jogos do Zico nesse período. Depois, fui para o Flu, onde passei dez anos " disse Ricardo, sem confirmar que seja tricolor, como os filhos.

Tanto como peladeiro, na infância na Tijuca, quanto como jogador, tem um marco na vida:

" Se tem uma coisa que marcou a minha vida foi o Maracanã. Tudo aconteceu ali.

Ricardo não sonhava ser jogador de futebol. Com 8 anos, foi levado para o futsal do Vila Isabel, por uma vizinha aos 8 anos. Gostava de jogar, mostrou técnica e foi para na base do Fluminense. No mesmo ano em que começava a faculdade de Engenharia, que durou poucos dias por causa dos jogos, subiu para o time profissional. Somente após o primeiro jogo, teve certeza de que podia ser jogador.

" Na época, já era difícil conciliar. Meu pai me deixou jogar futebol, mas tinha que ter outra formação porque a carreira era curta e os valores não eram tão grandes " lembrou ele, que ainda tentou a faculdade de Administração, também inacabada.

A carreira quase foi mais curta do que imaginava. Aos 19 anos, teve lesão nos ligamentos cruzados do joelho. Problema $é simples. O que complicou foi a infecção hospitalar, que o deixou um mês e meio no hospital. Oito meses parado, de fisioterapia de manhã e de tarde:

" Não pensei se a carreira ia acabar ou não. Só queria recuperar a minha saúde.

Seul-88: calo na carreira

Depois da recuperação, tudo passou muito rápido na vida de Ricardo Gomes. Campeão brasileiro pelo Fluminense em 1984, braçadeira de capitão do tricolor aos 20 anos, convocação para a seleção sub-20 e para a principal pelas mãos do técnico Edu. Em 1988, após longa negociação, foi comprado pelo Benfica por US$ 600 mil. Foi campeão na mesma temporada.

Casado há pouco tempo com Cláudia e com o filho Diego recém-nascido foi para Portugal. Lá, deparou-se com outro nível de país e de estrutura de futebol " comparação que, segundo ele, vale até os dias de hoje. No Estádio da Luz, viveu momentos inesquecíveis. E foi o primeiro estrangeiro a receber a faixa de capitão do time.

De 1991 a 1995, jogou no Paris Saint-Germain. Encerrou a carreira no Benfica em 1996. E, no mesmo ano, virou técnico do Paris Saint-Germain. Depois, vieram 11 clubes. Sucesso na França, com três títulos (todos da Copa da França). No Brasil, o reconhecimento chega com a Copa do Brasil. Mas ele foi campeão baiano e da Copa do Nordeste, com o Vitória.

Em seu país é mais gostoso vencer, disse Ricardo após a decisão. Serve para curar cicatrizes pelas críticas por não classificar o Brasil para os Jogos de Atenas. Um dos calos na carreira, mas não o mais grave.

" Não ter ido às Olimpíadas de 88, quando o Benfica não me liberou, me marcou muito " afirmou, considerando o corte, por lesão, da Copa do Mundo de 1994, coisa do destino.

Os anos fora do país o afastaram de amigos. De volta ao Rio, e próximo da Tijuca, os velhos contatos se reaproximam. Mas, sem saudosismo, vive apenas o presente, que no

Fonte: Extra Online