Se os jogadores do Vasco estão ansiosos para a final da Copa do Brasil, contra o Coritiba, imagina uma geração de torcedores do clube nascida na última década que ainda não teve a oportunidade de acompanhar um título nacional do clube na elite do futebol brasileiro. Hoje aos 47 anos, o economista Paulo Souza viu o Vasco ser campeão brasileiro em 1974, logo no primeiro ano em que começou a acompanhar o time do coração nas arquibancadas. O seu filho Pedro, de 10 anos, não teve a mesma sorte.
— Em 2003, fomos campeões cariocas, mas o Pedro era muito pequeno. Um título entre os melhores do país é uma dívida que eu tenho com ele — diz Souza. Zagueiro da escolinha do clube, o menino alimenta o sonho de um dia defender a Cruz de Malta. Tímido e já calejado de outras decisões, Pedro afirma que está confiante para a final hoje:
— Temos um jogo muito difícil hoje, mas acho que o Vasco será campeão com gols de Diego Souza e Dedé. Situação diferente vive a sua irmã Clara. Com apenas 2 anos de idade, a pequena vascaína poderá ver o time na Copa Libertadores pouco depois de descobrir a paixão.
— Ela sai correndo pela casa e gritando o nome do time toda vez que sai um gol do Vasco — conta a mãe Simone Souza.
No entanto, essa identificação com o Vasco não foi tão precoce para Guilherme, de 9 anos. O que deixou seu pai, o operador de sistemas Cláudio Gonçalves, preocupado. Na tentativa de manter a paixão viva, valia até recortes de jornais.
— Sempre fiz questão de contar quem foram Roberto Dinamite, Juninho Pernambucano e Carlos Germano. Tenho guardadas as manchetes da virada histórica contra o Palmeiras (4 a 3), na final da Mercosul, em 2000. Hoje, o Guilherme não perde uma discussão de futebol com os amigos — brinca Gonçalves.
Com parte da família tricolor e a outra rubro negra, Gonçalves disse que temeu uma possível troca de time:
— Nunca quis pressionar na escolha do time. Na Libertadores de 2008, vi o Gui (como se refere ao filho) torcer pelo Flu. Só tive certeza do real sentimento do meu filho pelo Vasco quando jogamos a Série B. Foi emocionante descobrir essa paixão escondida.
Presente na comemoração do acesso à Primeira Divisão, em partida que reuniu 81 mil vascaínos no Maracanã há dois anos, Guilherme admite que foi apresentado ao Vasco neste dia:
— Batemos o recorde de público do estádio. Nesse jogo, tive a visão do que é a torcida do Vasco e que faço parte dela.
Assim como Pedro, Guilherme não acredita em clima de já ganhou, apesar de estar confiante e ter planejado o que vai fazer se o Vasco for campeão:
— Não comemoro nada antes, mas, se ganharmos, vou vestir camisa do Alecsandro e festejar na casa do meu tio flamenguista, que mora em Laranjeiras.
NA ESPERA para ver o Vasco campeão, Paulo Souza abraça os filhos Pedro, 10 anos, e Clara, 2 anos, na arquibancada de São Januário
Fonte: O Globo