Antes, os dois times, provavelmente com reservas, se enfrentam no fim de semana pelo Campeonato Brasileiro, domingo, também no Couto Pereira.
A euforia vista em São Januário lembrou os jogos da Libertadores de 1998, quando o Vasco fez do estádio seu caldeirão para conquistar o título. O folclório torcedor Mister M, presente em todos os jogos daquela conquista, voltou com força total e ganhou a companhia de um torcedor fantasiado de Elvis Presley, com direito a guitarra e afins. A presença das belas gêmeas do nado sincronizado, do ídolo Geovani, do ex-zagueiro Odvan e do ex-BBB Kadu eram alguns dos ingredientes que formavam uma imensa panela de pressão num dia diferente. Afinal, depois de alguns anos, o Vasco estava de novo numa final importante.
Mas, antes do jogo, os velhos problemas do futebol brasileiro. O ônibus do Coritiba foi alvejado por uma pedra na chegada da delegação a São Januário. Ninguém ficou ferido e a polícia não conseguiu prender o responsável pela agressão. A entrada dos torcedores também foi bastante confusa. No portão 18, dezenas de vascaínos pularam as roletas e entraram no estádio sem apresentar ingressos. Mais tumulto no portão 5, onde uma enorme fila se formou desde às 19h. Apenas três roletas funcionavam no local e a entrada dos cruz-maltinos era muito lenta. Os torcedores começaram a forçar a entrada e a polícia militar precisou usar gás de pimenta para evitar a confusão. Além disso, a quantidade de ingressos falsos foi grande. Vários torcedores foram impedidos de entrar em São Januário. Um funcionário do Vasco usava alto-falante para alertar ao público do problema.
Com os nervos à flor da pele, os dois times começaram o jogo abusando das faltas e dos passes errados. Qualquer marcação da arbitragem gerava protestos e palavrões dos mais pesados. Ansiosa, a torcida do Vasco colocava uma forte energia em campo. E um dos únicos que conseguia absorver essa força no início era Felipe, que usou toda a sua experiência para colocar a bola no chão e fazer o time respirar. O meia vascaíno tabelava com facilidade e fazia o time rodar. Já pelo lado do Coritiba, a afobação se traduzia em muitos chutões que a zaga do Vasco conseguia anular. Às vezes com dificuldade.
Fernando Prass teve que trabalhar em chute de Bill e o Vasco deu o troco em bela jogada de Diego Souza, que costurou adversários dentro da área antes de bater para o salto de Edson Bastos. Aos poucos, Diego Souza passou a chamar a responsabilidade e dar as conhecidas arrancadas. O Coritiba melhorou a partir do momento que Anderson Aquino passou a tocar mais na bola e tranquilizar o time, enquanto Bill incomodava os zagueiros vascaínos com muita luta e Rafinha corria sem parar. O time paranaense aproveitava os espaços dados pelos donos da casa e, a partir dos 35 minutos, passou a ter mais a bola no pé. Organizado, o Coxa trocou vários passes e quase marcou no fim do primeiro tempo, mas Bill não alcançou o cruzamento de Jonas.
Na saída para o intervalo, um jogador de cada lado apontou a afobação como responsável pelo empate parcial sem gols.
- O que a gente não pode é se afobar. Temos que colocar a bola no chão - destacou Diego Souza, que teve a opinião compartilhada por Davi, do Coxa.
- Estamos muito afobados. Roubamos a bola na defesa e queremos sair de qualquer jeito. Assim não dá.
As palavras de Diego Souza foram ouvidas e compreendidas pelo time. Tanto que, logo aos cinco minutos, Diego, com tranquilidade, recebeu na intermediária e acionou Allan. O volante, que joga improvisado, mostrou talento dos grandes laterais ao cruzar na cabeça de Alecsandro, que mostrou como se faz ao testar para o chão e abrir o placar para o Vasco: 1 a 0 e explosão na Colina. Na comemoração, Alecsandro homenageou o pai, Lela, e fez a careta marca registrada do ex-atacante que, curiosamente, integrou o time do Coritiba campeão brasileiro em 1985.
O Coritiba não pareceu sentir o gol e criou duas boas chances em sequência. Na segunda, a mais perigosa delas, Fernando Prass teve que fazer defesa difícil após chute de Bill. Mas, aos poucos, as duas equipes passaram a sentir o desgaste, fruto do ritmo alucinante do primeiro tempo.
Bernando ainda ameaçou em cobrança de falta por cima do gol e os visitantes arriscaram vários ataques rápidos que deixaram os vascaínos de cabelo em pé. A pressão foi muito grande e, aos 47, a bola quase entrou em conclusão de Emerson, mas o time da Colina controlou os nervos para abrir vantagem na decisão. Agora é tudo ou nada no Couto Pereira.
VASCO 1 x 0 CORITIBA
Local: São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
Renda/Público: R$ 756.765 / 17.922 pagantes/ 21.365 presentes
Árbitro: Paulo Cesar de Oliveira (SP)
Auxiliares: Carlos Berkenbrock (SC) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP)
Cartão amarelo: Anderson Aquino (CTB)
GOL: Alecsandro, 5'/2ºT (1-0)
VASCO: Fernando Prass; Allan, Dedé, Anderson Martins e Márcio Careca; Eduardo Costa, Rômulo, Felipe (Fellipe Bastos, 30'/2ºT) e Bernardo; Diego Souza e Alecsandro (Elton, 36'/2ºT) - Técnico: Ricardo Gomes.
CORITIBA: Édson Bastos, Jonas, Demerson, Emerson e Lucas Mendes; Willian, Léo Gago, Rafinha e Davi (Geraldo, 28'/2ºT); Anderson Aquino (Marcos Paulo, 28'/2ºT) e Bill (Leonardo, 25'/2ºT) - Técnico: Marcelo Oliveira
Estatisticas de Vasco 1x0 Coritiba | Estatisticas de Vasco 1x0 Coritiba | Estatisticas de Vasco 1x0 Coritiba |
Col. | Jogador | Média | Col. no ano | Média no ano |
1º | Fernando Prass | 8.7484 | 5º | 7.0448 |
2º | Dedé | 8.4208 | 1º | 7.7312 |
3º | Anderson Martins | 8.3927 | 3º | 7.1280 |
4º | Alecsandro | 8.2985 | 9º | 6.5428 |
5º | Felipe | 7.9672 | 4º | 7.0726 |
6º | Diego Souza | 7.5740 | 6º | 6.8550 |
7º | Eduardo Costa | 6.7287 | 13º | 6.2713 |
8º | Allan | 6.6865 | 16º | 5.8889 |
9º | Romulo | 6.3782 | 15º | 5.9046 |
10º | Bernardo | 6.2371 | 2º | 7.2138 |
11º | Fellipe Bastos | 6.0806 | 7º | 6.5930 |
12º | Elton | 6.0740 | 12º | 6.3481 |
13º | Márcio Careca | 5.0989 | 18º | 5.6788 |