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Edmundo completa 40 anos, relembra carreira e cogita virar treinador


Terça-feira, 31/05/2011 - 11:48

Edmundo não aparenta ter 40 anos. Com jeito de menino tímido, camiseta, jeans e tênis, o ex-jogador de futebol e atual comentarista esportivo da Band recebeu o UOL Celebridades no restaurante do flat onde mora, no Itaim Bibi, bairro nobre de São Paulo.

Acompanhado do assessor, que esteve presente durante toda a entrevista, Edmundo falou sobre a nova carreira, projetos pessoais, vida em família e por que contratou um profissional especializado para ajudá-lo a mudar sua imagem. Leia a entrevista abaixo.




Você completou 40 anos recentemente, como está essa fase da sua vida?

A idade parece que não muda nada. Minha cabeça continua a mesma, o comportamento também. Mas em relação à nova carreira eu confesso que não estava preparado, que não sabia direito o que eu queria fazer. Fui muito bem recebido nas duas emissoras [Band e RedeTV!] em que eu trabalhei e até agora estou surpreso. Eu não sabia se eu podia falar sobre futebol fora do campo, porque nas minhas rodas, nas rodas de amigos, eu tinha sempre uma visão diferente das pessoas. Eu vivia aquilo lá [o futebol] no dia a dia. Por exemplo: Os caras na TV falando que fulano é "chinelinho" [jogador que se machuca muito, não usa muito a chuteira], e eu estava lá, via que o cara estava realmente machucado. Em futebol, cerveja, pelada... Fica aquela discussão de homem, e eu sempre tive uma opinião contrária do que pensavam os torcedores de uma maneira geral. Eu não sabia que isso poderia ser levado para a televisão. Depois de que eu parei de jogar, fiquei meio sem uma rotina diária, sem ter o que fazer. A gente perde um pouco o chão, né? E, passado um tempo, eu recebi a proposta da RedeTV! e fiquei feliz. Estou gostando dessa fase. Eu diria que fui picado pela mosquinha do jornalismo futebolístico ou algo assim.

Uma das novidades dessa nova fase da sua vida como comentarista esportivo na TV é a mudança do Rio para São Paulo. Quando você tomou essa decisão?

Na verdade, essa foi sempre uma dúvida que tive na minha cabeça, desde que morei aqui pela primeira vez, em 1993. São Paulo é uma metrópole, tem tudo do bom e do melhor, as pessoas são muito bacanas comigo, a cidade me abraçou. Mas profissionalmente, jogando futebol, você precisa viajar, mudar muito de cidade. Agora não. Eu estou trabalhando na TV, e a sede dela é aqui, e juntou uma coisa na outra. É a questão do trabalho com o lado pessoal. Primeiro porque é cansativo ir e vir direto [do Rio], e segundo porque eu penso que, para minha vida e meu futuro, estar em São Paulo vai ser melhor em todos os sentidos, inclusive para minha família.

Por que você contratou um assessor de imagem? Qual é a imagem que você quer passar?

O que acontece é que eu nunca tive um assessor de imprensa, de imagem... Para te falar a verdade, eu nem sei o que eu espero. Já falei isso até com o próprio Luciano [assessor de imagem e imprensa de Edmundo], mas eu acho que é me posicionar. Isso é o mais importante. Mostrar que eu estou aqui, trabalho com isso, que eu vou me instalar aqui para poder socializar dentro da cidade. Eu trabalho na Bandeirantes já há um ano e meio, então eu venho, trabalho e volto. Depois venho, trabalho e volto. Preciso me posicionar aqui... Te digo, por exemplo, que talvez, se não fosse por ele, eu não estaria aqui dando esta entrevista, talvez eu não estaria aqui em São Paulo hoje, poderia ter acordado cedo e ter ido embora. Então, já que eu quero morar aqui, quero me estabelecer aqui, é importante que eu viva e conviva aqui na cidade.

Mas, em relação a sua imagem pessoal, você contratou esse assessor com qual objetivo?

Primeiro tem esse lado do “eu não sou mais jogador, eu sou agora um comentarista”, e eu quero enfatizar isso, mostrar para as pessoas. Esse é um ponto importante. Quero me estabelecer como tal, pois ainda hoje as pessoas me procuram para falar como jogador. Então, se eu me posiciono como comentarista as pessoas vão falar comigo me tratando como comentarista, e aí não vai ter aquela coisa de clube, etc. A outra coisa é que de uma forma geral sempre foi passado para o público um Edmundo que eu não vejo, que eu não sou. Um Edmundo de polêmicas, sendo que na verdade eu nunca me senti assim. Aconteceu, são rótulos que as pessoas ganham, e são difíceis de você tirar ou mudar. Mesmo que seja para poucas pessoas, um trabalho de formiguinha, eu quero mostrar quem eu sou, e para veículos importantes. Assim como estou, com direcionamento. Pois, se você não tem esse direcionamento você acaba falando com todo mundo e a toda hora, e as chances de você falar alguma besteira é maior.

Em entrevista ao jornal "Estado de S. Paulo", você disse que se acha ingênuo. Em que momento você passou a sentir isso?

Na verdade eu sou ingênuo em todos os momentos, eu não tenho maldade. Não tenho maldade para vida, apesar dos 40 anos... Bem, a gente aprende... Se você viu algo que não deu certo, até tenta não repetir no futuro. Eu sou ingênuo no geral. As pessoas me manipulam, me enrolam, passam para trás. Mas digo que é um ingênuo do lado bom, que não tem maldade no coração, que acredita em tudo, que acredita nas pessoas e no ser humano de um modo geral. Eu parto do princípio que todo mundo é legal, desde que se prove o contrário. E isso de ser ingênuo é algo que eu gosto de falar, pois vira e mexe eu tô aí batendo cabeça.

Você acha que o excesso de fama que o jogador de futebol tem hoje pode atrapalhar na carreira? Que dica você daria para a nova geração?

Eu não diria especificamente para os jogadores, eu diria para os clubes. Eu acho que os clubes têm mais que preparar o homem, mas os clubes se concentram apenas em preparar o atleta. O Neymar é um exemplo de garoto bem-sucedido, mas existem muitos outros garotos da idade dele, lá no Santos ou no Flamengo, Botafogo, Corinthians e tantos outros clubes, que não vão ter uma carreira tão bem sucedida como a dele. E aí, esses garotos vão sair dali e vão usar drogas e vão se envolver em outras questões. Eu estou dizendo isso porque o clube se preocupa muito em preparar o atleta fisicamente, mas esquece de preparar o homem para a vida, e existe uma vida lá fora. Acho que tudo é momento, e você tem que viver intensamente, seja bom ou ruim. Sempre fui um cara que nunca fiquei muito feliz com o sucesso e também nunca fiquei muito abatido com o fracasso. Não é só o dinheiro que faz do homem um homem de sucesso, você pode ser um homem de sucesso sem ter grana.

Atualmente, quem é o melhor jogador do Brasil?

Ah, eu acho que é o Neymar. Talvez não seja o mais importante dentro do time, mas eu sou "fanzaço" do futebol dele, do brasileiro e acho que é ele esse típico jogador daqui. Ele tem a ginga, a malícia, o drible, a malandragem, mesmo tendo 19 anos...

Foi difícil você se aposentar?

Não foi difícil, não. Eu sempre tive na minha cabeça, desde quando eu comecei a jogar futebol profissional, em função de ter esse rótulo, de ter jogado a minha vida inteira com uma "ficha" só... Eu só tinha o meu futebol. Não tinha assessoria, não era querido, não era bonitinho, enfim, não tinha o rótulo "positivo". Eu tinha que jogar para pessoas falarem bem de mim. E eu sempre tive na minha cabeça que eu não ia me arrastar em campo, que eu não ia "roubar". No futebol a gente usa essa palavra “roubar”, para avaliar quando você não joga mais e ganha um bom salário. Eu já tinha em mente que, quando meu corpo não aguentasse mais, que quando eu não pudesse mais ser útil, eu iria parar. Em alguns momentos eu achei que estava na hora e consegui ainda jogar em alto nível, mas depois eu vi que não estava mais conseguindo jogar em alto nível. Na minha vida sempre tive dezenas de propostas no final do ano. Depois de um tempo, quando começava a chegar o final do ano e essas propostas já não vinham mais (ou vinham de times de menor expressão e que iam pagar um salário mais baixo), eu pensei: "É, realmente chegou a hora de parar!" (risos). A decisão foi fácil de ser tomada, mas conviver com ela é um pouco mais complicado. É aquele lance de treinar todo dia, ter aquela rotina... Todas as coisas fazem falta, mas eu continuo jogando minha "peladinha" e agora que me encontrei na televisão, eu estou bem mais tranquilo.

Você guarda mais carinho da "torcida" do Palmeiras ou do Vasco?

Olha... (risos) Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida, mas eu acho que encontrei --veja bem, eu acho-- uma maneira boa e bem verdadeira de explicar. O Vasco é amor de mãe, eu nasci no Vasco. O Palmeiras é amor de mulher, eu amo igual, não posso dizer que amo mais minha mãe ou minha mulher, eu amo igual. Só que conheci em momentos diferentes e seria hipocrisia minha eu dizer que nasci palmeirense. Mas é uma grande verdade dizer que eu me apaixonei pelo Palmeiras. O que eu te digo é que sou eternamente grato aos dois clubes, eu os agradeço por tudo. Quando estou aqui, é lógico que recebo mais carinho da torcida do Palmeiras; quando estou no Rio, recebo carinho da torcida do Vasco.

Já pensou em ser treinador?

Bom, como eu vivi 30 anos em uma rotina de futebol, cansativa, perdendo sábado, domingo, final de semana, dias dos pais, dia das mães, aniversário de filho e todas essas coisas... Quando você é um atleta de alto nível, de seleção, você não tem férias, viaja muito. Eu cheguei a passar três meses viajando com a seleção brasileira. Então, no primeiro momento em que eu parei de jogar, a última coisa que eu pensei foi em ser técnico. Se você parar para ver, a rotina do técnico é bem maior que a do jogador. O técnico não se machuca, o técnico não é suspenso, entende? Ser técnico era uma coisa que nunca esteve nos meus planos em função dessa rotina, só que agora, passados dois anos e meio da minha aposentadoria, já não descarto essa possibilidade. Isso agora já é uma coisa em que eu penso, pois ser treinador no Brasil é muito benéfico, ganha-se dinheiro, você continua trabalhando dentro do futebol, que é uma coisa gostosa, você continua em evidência...

Por que você virou comentarista esportivo?

Eu nunca pensei em ser comentarista, minha ideia era ser empresário, cuidar da carreira de atletas --até montei um escritório para isso. Em um jogo que eu estava participando, me encontrei com o Ronaldo [ex-goleiro do Corinthians e comentarista da RedeTV!], que me falou que eles estavam precisando de um comentarista lá e perguntou se eu queria. Eu disse: "Quero, claro que quero!". Sem pretensão nenhuma de ser. Trocamos telefones, e, dois meses depois, Terence [Paiva, diretor de esportes da RedeTV!] me ligou e me chamou para conversar na RedeTV! com o Zé Emílio [José Emílio Ambrósio, atual superintendente de jornalismo e esportes da Band, na época, da RedeTV!] e me fez uma proposta para eu trabalhar na emissora só aos domingos. Era até um salário pequeno, mas, como era uma vez por semana, eu fiquei pensando. Quando retornei a ligação para dizer que toparia, ele me fez outra proposta e me chamou para ser comentarista da Copa UEFA, e eu topei.

Fui e, para a minha sorte, tinham o narrador Luiz Alfredo e o comentarista Bruno Prado. Se se não fossem eles, a minha carreira de comentarista teria começado e terminado no primeiro dia. Fiquei muito nervoso, engasguei para caramba, suei para caramba, e eles foram muito "de boa". Classifico o Bruno como o melhor comentarista do Brasil, e não só porque ele me ajudou, mas porque são bastante pertinentes os comentários dele. A gente fazia uma dupla perfeita. O Luiz levantava a bola, e eu e ele, a gente cortava (risos). Foi uma tabela perfeita, nós ficamos juntos cerca de cinco meses. Mas, no final de 2009, o José Emílio Ambrósio foi para a Bandeirantes e me chamou para ir para lá.

Por que você trocou a RedeTV! pela Band?

Na verdade, no início eu não queria, porque eu já vivi uma experiência de atleta, que não era muito boa nem muito positiva nesse aspecto de trocas. Então a primeira coisa que me fez não aceitar, num primeiro momento e gerou essa dúvida, foi isso. Por lealdade, por gratidão à RedeTV!, fui lá dizer que havia sido convidado, e o Terence também havia sido convidado para ir para a Band, porque ele era braço direito do Zé Emílio. Ele [Terence] me explicou que era a oportunidade para ele ali na RedeTV!, e que para mim também seria, só que naquela época na RedeTV! [2009], o futebol não era o carro-chefe da empresa. Na Band, a proposta financeira foi muito boa, e também tinha a Copa do Mundo de 2010, o que me chamou muito a atenção. Além disso, havia os eventos da Bandeirantes, como o Campeonato Brasileiro, jogos da seleção e todas essas coisas que te dão uma exposição maior. Eu não me arrependo da escolha que fiz.

Hoje, você tem vontade de fazer mais o quê, além de ser comentarista?

Eu quero viver da carreira de comentarista. Escrever em um blog, participar de um programa de rádio... Viver e trabalhar em outros meios de comunicação aqui em São Paulo. Pelo fato de trabalhar na Bandeirantes daqui, os convites acabam sendo mais daqui mesmo, e por isso também eu quero me mudar para cá. Morando no Rio, eu acabo não aceitando essas coisas.

Você já fez uma participação em uma peça de Eri Johnson. Como foi?

(Risos) O Eri é meu amigo há muitos anos, antes de ele ser famoso, antes de eu ser famoso. A gente é amigo desde a infância. Quando eu vim para São Paulo em 1993, não conhecia ninguém, não tinha amigos. Ele veio com a peça, e eu ia direto vê-lo. Ou eu ficava nos bastidores ou assistia à peça, e eu já sabia a peça de cor e salteado. O papel dele era de um ator que era contratado por uma garota judia para fingir ser seu namorado. Ele tinha que se passar por um médico judeu e tinha um bip... E, em um momento da peça, ele falava do bip e falava que era de um amigo dele, e sempre havia um ator convidado para aparecer como este amigo. Um dia ele comentou que já que eu estava lá sempre eu poderia ser esse amigo. E foi bem legal. Mas, fora isso, eu também fiz participações em novelas. E se rolar outros convites, eu vou. Sempre fiz participações sendo eu mesmo.

Você e o Eri moram em cidades diferentes. Como fica o futebol, os encontros de amigos?

A vantagem do Rio de Janeiro é essa. Você tem os pontos onde encontra os seus amigos. Por exemplo, se eu estiver lá no sábado, não preciso marcar com ninguém. É só eu ir até certo ponto da praia e lá vou encontrar o pessoal. Isso facilita demais o convívio com as amizades. Tenho lá em casa um campinho de futebol, uma vez por semana os caras vão para lá, para jogar uma bola, fazer um churrasco. Mas, com essa minha vinda para cá, as viagens dele pelo Brasil com a peça, acaba que em algumas épocas nós nos vemos muito e em outras nos vemos menos. Mas, nos falamos por telefone e mantemos um contato.

O apelido "Animal" te incomoda ou você já não pensa mais nisso?

Não, na verdade nunca me incomodou. É lógico que ele tem uma conotação positiva e negativa. É dúbio, depende de como a pessoa fala com você. Por exemplo, na época, isso virou gíria de escola. E isso era muito benéfico, muito positivo. Mas, em outros momentos, quando eu via que era pejorativo, é claro que eu ficava chateado. Hoje vendo os rótulos que as pessoas têm por aí, como Ronaldo Fenômeno, Adriano Imperador, é claro que se eu pudesse ter um rótulo que não fosse tão polêmico ou dúbio, eu gostaria. Mas, por outro lado é bom, porque sou o único e depois que o Osmar Santos [narrador esportivo, que criou o apelido para Edmundo] sofreu o acidente, ele não pode mais chamar ninguém por este apelido...

Você tem quatro filhos, com três mulheres diferentes. Atualmente, como é a convivência da família Edmundo? Os quatro se encontram em algumas ocasiões? Existe essa preocupação?

Meus filhos são tudo na minha vida, são tudo pra mim. Talvez, se eu não os tivesse , com o falecimento dos meus pais, eu acredito que minha conduta seria bem diferente. Eu iria viver de "juros", iria morar na praia e... Se eu não tivesse meus filhos, não tivesse os compromissos que tenho com educação, plano de saúde, alimentação deles, talvez eu ficasse lá no Rio, o dia inteiro na praia, assim como alguns amigos que tenho. Os meus filhos são tudo, mas só que, eu não sei se isso é bom ou ruim, eu me acostumei a viver longe deles, me acostumei com a distância e acho que eles também. Claro que isso por causa das minhas viagens profissionais e tudo mais. Então, quando eu estou no Rio de Janeiro, e os quatro moram lá, eu faço questão de estar com eles, de jantar com eles. A Catarina vai fazer dois anos, ela ainda não entende, mas o Juninho tem 13 anos, a Carol 16, o Alexandre vai fazer 17, então já são praticamente adultos e a gente já conversa, quase que de igual para igual, então eu faço questão de estar com eles e também que os quatro tenham uma boa convivência.

Você está solteiro? Como é o imóvel que você procura aqui? É para caber toda a "família Edmundo" aqui?

Estou casado. Bom, eu moro aqui no apart-hotel, mas eu quero ter a minha casa, com minha mulher e minha filha, com quartos para eu poder receber meus filhos que moram no Rio. Pretendo ter um apartamento grande, confortável, a minha casa. Não um lugar que eu venha passar a noite. Quero um apartamento, mas eu tenho uma vida no Rio e não dá para largar tudo e vir de uma vez. Então, pelo menos por um tempo eu vou alugar um apartamento, pois é mais fácil de você fazer manutenção e tem uma segurança maior, e quero aqui nessa região do Itaim mesmo, pois já morei e para minha mulher que não morou fora do Rio, também vai ser mais fácil para se adaptar e ter uma boa qualidade de vida aqui.

Conte a sua versão da história que rolou na Copa de 1998, em que você estava escalado para jogar a final entre Brasil e França, mas na última hora mudou tudo. Isso te deixou frustrado?

(Gargalhadas) Bom, eu já falei sobre isso 500 vezes e inclusive hoje no almoço, eu já falei também. Já contei tudo, mas eu vou repetir para você. Eu estava lá no hotel, no meu quarto, aqueles interligados, e eu passei para ir ao banheiro e vi o Ronaldo passando mal. Até então eu não sabia que era convulsão, e eu chamei o Roberto Carlos para ver, e ficamos desesperados e acordamos a concentração inteira. Isso às 15h e a final era às 20h. Isso mexeu muito com todo mundo e o Ronaldo sempre foi uma pessoa muito querida, ele é uma pessoa do bem. Isso mexeu muito com todos, e aí Zagallo me colocou para jogar, mesmo eu não sendo a primeira opção dele. Até aquele momento eu ainda não havia jogado, o Zagallo sempre deixou clara a preferência pelo Denilson, e enfim... Para te falar a verdade a minha frustação já existia, não foi naquele dia, por causa dessa atitude. Eu já estava frustrado antes, há 50 dias, primeiro porque a Copa foi no meio de 1998 e em 1997 eu fui o melhor jogador de futebol do Brasil, e isso não é pretensão minha não. Por isso eu acho que poderia ter jogado, ter sido explorado de uma forma melhor. Vou te confessar que a minha Copa, e isso eu falei até para os meus amigos... Eu me sentia como um espectador, como você, como ele, ou como qualquer outro que estivesse lá para assistir aos jogos. A única diferença era que eu estava assistindo do banco de reservas, mais próximo ao campo. E te digo que mesmo tendo jogando quase nada naquela Copa, eu voltei ao Brasil ainda como um dos poucos brasileiros que tinha respeito por parte dos torcedores que nos esperavam aqui.

Fonte: UOL