Tamanho da letra:
José Pinto Monteiro fala sobre o caráter social da escolinha de rúgbi
Sábado, 28/05/2011 - 13:20
Yasmin Juny da Silveira Guizardi é boa de bola. E faz embaixadinhas até mesmo com uma oval, a de rúgbi, que vai estar presente nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Criada em Duque de Caxias, Yasmin era uma das quase cem crianças e jovens que tiveram o primeiro contato com esse esporte na escolinha gratuita que o Vasco — sede do torneio olímpico de rúgbi da Rio-2016 — vem tocando desde abril, em frente a São Januário.
— Gosto muito de esporte. Faço escolinha de futebol em Piabetá. Já tinha visto na TV o futebol americano, mas nunca o rúgbi — contou a adolescente de 13 anos, que sonha em ser atacante de futebol.
Ovais e coloridas, as bolas de rúgbi chamaram logo a atenção das crianças, orientadas a passá-las sempre para quem vem de trás. Nunca para a frente.
— Eu já tinha visto um jogo na TV e sei que só se pode passar a bola para trás. Eu penso em ficar na escolinha — disse Daniel Augusto Divinho, de 10 anos, aluno de uma escolinha de futebol na Barreira do Vasco.
Para outros meninos, tudo era surpresa. Felipe Paiva, de 12 anos, Luiz Felipe Coelho, de 8, e Maycon Santos, de 11, admitiram nunca terem ouvido falar no esporte que tem o nome — Rugby, em inglês — da cidade britânica onde surgiu no fim do século 19.
— A bola parece um ovo de Páscoa. Não conhecia o rúgbi, mas estou pensando em fazer aulas — disse Maycon. — As Olimpíadas serão ótimas para o país.
A escolinha também deverá ter núcleos em Jacarepaguá e Duque de Caxias. A ideia é que cada núcleo tenha, pelo menos, 30 crianças. Segundo Adolfo Guichard Freire, diretor de rúgbi do Vasco, jovens que hoje têm 16 anos vão lutar por vaga na seleção:
— Em 2016, queremos ter jogadores vascaínos na seleção.
Na inauguração da escolinha, crianças e jovens de 10 a 16 anos tiveram uma degustação da modalidade, em trabalho coordenado por Daniel Gregg, do Niterói Rugby e das seleções brasileiras de 15 e de sete jogadores, esta a que vai ser disputada em 2016.
Segundo Gregg, as crianças, curiosas, imaginam que a bola seja de futebol americano, mais conhecido no país, mas logo logo se apaixonam pelo rúgbi.
— No rúgbi, pode ser alto, baixo, magro, gordo. No futebol, um gordinho sempre fica de fora, mas, no rúgbi, pode jogar na defesa. Meninas também têm espaço, e o rúgbi feminino brasileiro domina a América do Sul — explicou ele, que tem dado aulas às segundas, quartas e sextas, às 14h. — Vamos às escolas convidar as crianças, e os horários de treino vão ser conciliados com os das aulas.
Sim, porque, conforme o vice de Esportes Olímpicos vascaíno, José Pinto Monteiro, o projeto vai além de formar talentos:
— Em três anos, este dia será histórico. É essencial levar o esporte a crianças de baixa renda.
Monteiro calcula que ao redor do clube vivam quase dez mil jovens de 11 a 15 anos, em bairros como Manguinhos, Caju, São Cristóvão, Barreira do Vasco e Mangueira. Ele busca parcerias para o projeto, e, baseado em dados de entidades educacionais, quer reduzir a evasão escolar:
— A evasão nessa faixa, quando as crianças saem do ensino fundamental para o médio, é de 40%. Mas aqui, para fazer parte da escolinha, a criança terá que estar frequentando a escola regulamente.
Fonte: O Globo