Técnico do São Paulo: 'É terrível para trabalhar em São Januário'
Domingo, 22/05/2011 - 22:48
Ainda antes do jogo contra o Fluminense em São Januário o técnico do São Paulo, Paulo César Carpegiani, anunciara: não daria entrevistas, independentemente do resultado. O treinador passou a semana irritado com a imprensa em função das informações sobre sua possível demissão. Como sua multa rescisória é alta (R$ 1 milhão) e a diretoria não encontrou nenhuma outra boa opção no mercado, Carpegiani ficou e quem caiu foi o vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O sucessor dele, João Paulo de Jesus Lopes, tratou de falar em nome de Carpegiani.
- Não era por causa de briga com a imprensa, era por causa das situações precárias para conceder a entrevista. Mas ele entendeu que era necessário e veio falar com vocês - disse Jesus Lopes.
Carpegiani acabou, portanto, sendo convencido a mudar de ideia. Com os 2 a 0 sobre o Fluminense, o técnico resolveu quebrar a "greve de silêncio" que ensaiara pouco antes. Dentro de campo, falou com os jornalistas e reforçou a explicação do dirigente.
- Agora não tem nenhum torcedor aqui atrás de mim, mas geralmente fica um monte de gente falando, xingando. Isso me desconcentra e eu corro o risco de falar besteiras que depois serão muito bem aproveitadas por vocês da imprensa.
Sobre a postura que adotou durante o jogo, quando praticamente não orientou os jogadores do banco de reservas, o treinador fez a seguinte observação.
- A diretoria do Vasco tem de rever a posição dos bancos. O banco tem de ser na lateral do campo. De lá (atrás de um dos gols), você não vê jogo algum. É terrível para trabalhar em São Januário.
O técnico se sente agora mais prestigiado. Jesus Lopes voltou a dizer que a diretoria não cogita a demissão de Carpegiani. Nos bastidores do clube, porém, o comentário ainda é de que o técnico anda na corda bamba. Cuca, do Cruzeiro, é o nome que mais agrada ao presidente Juvenal Juvêncio.
- A tradição do São Paulo é de manter os treinadores e dar a eles liberdade para trabalhar. Um ou outro percalço não deve afetar a confiança que temos no Carpegiani. Não temos nenhuma intenção de demitir o técnico. O trabalho dele é positivo, embora, é claro, estejamos muito desgostosos com os últimos resultados, tanto no Paulista como na Copa do Brasil – disse Jesus Lopes.
Na segunda-feira passada, Juvenal teve uma reunião com Carpegiani e Rivaldo, que havia criticado publicamente o treinador. O meia chegou a dizer que nunca se sentira "tão humilhado", depois de Carpegiani ter optado por mantê-lo no banco durante todo o jogo contra o Avaí, pela Copa do Brasil. O técnico rebateu, dizendo que "é nessas horas que se vê o caráter das pessoas". Juvenal fez com que ambos se desculpassem publicamente. Mas o clima entre os dois continua estremecido. Durante o jogo em São Januário, Rivaldo ficou "largado" num canto do banco de reservas, enquanto Carpegiani se sentou na outra ponta.
Neste domingo, contra o Flu, o técnico acabou se rendendo e colocou Rivaldo para jogar nos últimos minutos, quando a vitória já estava garantida.
- Não coloquei o Rivaldo para dar resposta a ninguém. Cabe a mim a decisão de colocar ou não qualquer jogador. Não adianta ele jogar com Dagoberto e Lucas. Ele tem que jogar com atacantes que ele possa lançar. Sou profissional contratado e vou até quando o clube quiser.