Tamanho da letra:
|

Vasco, Santos e Fluminense não vetaram árbitros para o Brasileiro


Quarta-feira, 18/05/2011 - 11:46

Chororô, mimimi ou uma expressão engraçadinha à sua escolha. Os clubes brasileiros se especializaram em reclamar de arbitragens para explicar fracassos e a pedir o veto daqueles que desagradam às Federações locais ou à CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O iG ouviu dirigentes dos principais clubes do país e constatou que três árbitros, coincidentemente nascidos em Minas Gerais, encabeçam a lista dos rejeitados: Alicio Pena Jr e Ricardo Marques Ribeiro, da Federação Mineira, e Sandro Meira Ricci, que apesar de nascido em Poços de Caldas é filiado ao Distrito Federal.

O Campeonato Brasileiro começa no próximo final de semana e muitas vezes os dirigentes entendem que entrevistas criticando árbitros servem para que a CBF não os coloque no sorteio. Pelo Estatuto do Torcedor, lei de 2003, os juízes precisam ser sorteados, em evento público, até 48 horas antes das partidas. Nesta terça-feira (17 de maio), a CBF indicou os árbitros que participarão da primeira rodada da Série A: coincidência ou não, nenhum dos citados na tabela mais abaixo participaram sequer do sorteio dos respectivos clubes desafetos. Às vezes reclamar dá certo.

A maioria dos clubes nega que peça vetos formais. Outros, como o Botafogo no caso de Marques Ribeiro na partida contra o Avaí, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, não só pediu como entrou em confronto com a ANAF (Associação Nacional de Árbitros de Futebol), que respondeu acusando alguns clubes de jogarem a culpa nos árbitros para esconder os próprios fracassos.

“Com certeza seria inadmissível o Ricardo Marques Ribeiro apitar um jogo do Botafogo neste Campeonato Brasileiro”, disse o técnico do Botafogo, Caio Júnior. Para a ANAF, os clubes desviam seus problemas de estrutura acusando árbitros de erros – a entidade orientou os juízes a evitarem dar entrevistas.

Veja abaixo qual árbitro o seu time não quer ver nos jogos:

CLUBES - ÁRBITRO(S) INDESEJADO(S)
ATLÉTICO-MG - Ricardo Marques Ribeiro (MG) e Alício Pena Jr.(MG)
BOTAFOGO - Ricardo Marques Ribeiro(MG)
CORINTHIANS - Alício Pena Jr. (MG)
CRUZEIRO - Sandro Meira Ricci (DF) e Cleisson Velloso Pereira (MG)
FLAMENGO - Sandro Meira Ricci (DF) e Marco André Gomes da Penha (ES)
FLUMINENSE - Não tem no momento
GRÊMIO - Heber Roberto Lopes (PR) e Altemir Hausmann (auxiliar-RS)
INTERNACIONAL - Márcio Chagas (RS)
PALMEIRAS - Paulo César de Oliveira (SP)
SANTOS - Não tem no momento
SÃO PAULO - Sálvio Spínola Fagundes Filho (SP)
VASCO - Não tem no momento

“O único juiz que temos restrições claras, que não podemos nem ver pela frente atualmente, é o Sandro Meira Ricci, por motivos óbvios depois do que ele fez naquele jogo contra o Corinthians no ano passado. Imagine se o Sandro apita um jogo importante do Cruzeiro agora e erra novamente?”, perguntou Valdir Barbosa, gerente de futebol do Cruzeiro. O jogo a que ele se refere foi em rodada decisiva do Brasileiro de 2010 e o pênalti marcado contra os cruzeirenses acarretou na derrota por 1 a 0. O Cruzeiro não pediu o veto, mas as palavras de Barbosa são um recado: não o coloquem em sorteio, por favor.

Oficial

A obrigatoriedade em sortear um árbitro pretendia evitar dúvidas sobre escalações, mas mesmo assim ainda são criadas polêmicas sobre o tema. Antes de uma das semifinais do Paulista, entre Palmeiras e Corinthians, o “Jornal da Tarde” publicou na manhã do dia da escolha que o “sorteado” seria Paulo César de Oliveira. Bingo. Ele foi escolhido, o que desagradou os palmeirenses. No jogo, Oliveira expulsou Danilo e Felipão e o Palmeiras perdeu nos pênaltis.

O clube chiou, o que deve fazer com que o juiz não apite mais jogos do time nesta temporada (clássicos regionais no Brasileiro). Mas o assunto fez os dirigentes da FPF (Federação Paulista de Futebol) baterem cabeça no final da semana passada, antes do sorteio para a final entre Santos e Corinthians.

“Eu só ouço veto no jornal. Não me lembro de ter recebido um pedido. Veto só no jornal, na entrevista”, disse o presidente Marco Polo Del Nero. Ao seu lado, e quase no mesmo instante, Marcos Marinho, chefe da arbitragem paulista, dizia o contrário:

“Sim, acontece (pedido de veto). Palmeiras, Corinthians, São Paulo e outros clubes do interior já fizeram isso. Temos ai uma média de cinco pedidos por campeonato. Me ligam. Já teve clube que mandou um documento, um ofício pedindo o veto a um árbitro”, disse Marinho.

Chamado de “safado” pelo então presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Belluzzo depois de anular gol contra o Fluminense, pelo brasileiro de 2009, o árbitro aposentado Carlos Eugênio Simon ainda é lembrado hoje como indesejável. No “auge”, pelo menos cinco times não o queriam em seus jogos: Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Flamengo e São Paulo.

“Que pediam, pediam (veto), mas não sei dizer se alguma vez aceitaram. Não sei nem se os clubes formalizavam esses pedidos. Eu acho que isso (veto) é uma coisa do passado”, disse Simon, hoje coordenador geral do Governo gaúcho para a Copa do Mundo de 2014.

Fonte: IG