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Lopes, sobre Juninho: 'Um cara de uma índole fantástica'


Sábado, 14/05/2011 - 17:17

Aos 69 anos, o que não falta a Antônio Lopes são histórias para contar. O que também sobra no currículo do velho treinador são conquistas. No entanto, desde 2005, quando levantou a taça do Campeonato Brasileiro pelo Corinthians, o atual técnico do Vitória não sabe o que é tirar da garganta o grito de campeão.

Na semana em que pode dar fim ao jejum, Lopes recebeu a equipe do GLOBOESPORTE.COM, no Barradão, onde falou sobre a carreira. Sobre o longo período sem vencer, o treinador negou que exista algum tipo de frustração.

- Não existe isso. Ganhei título em tudo quanto é lugar. Esse tipo de coisa acontece com todo treinador. Não dá para ganhar título todos os anos, toda hora. Até porque os outros que concorrem também são bons profissionais. Então não tem frustração nenhuma.

Neste domingo, com um empate diante do Bahia de Feira, Lopes pode conquistar o 38º troféu da carreira, o nono estadual. Para o Vitória, o título significa o inédito pentacampeonato. A marca histórica motiva ainda mais o veterano campeão.

- Com certeza, motiva mais. Mas o prazer é o mesmo. Gosto de trabalhar, independentemente de ter condições de ganhar o título ou não.

Antônio Lopes chegou ao clube baiano em outubro de 2010 e não conseguiu reverter a queda de rendimento da equipe. No final do Campeonato Brasileiro, o Vitória foi rebaixado para a Segunda Divisão. Foi a primeira queda na carreira de Lopes. Como quem não precisa provar mais nada na carreira, o “delegado” decidiu ficar e encarar o desafio de reerguer o Rubro-negro baiano.

- O presidente Alexi Portela propôs que eu continuasse. Foi uma proposta importante para que a gente desse sequência ao trabalho. No ano passado, tivemos pouco tempo para trabalhar.

Com tempo, Lopes arrumou a casa. Antes, mais um tropeço. A desclassificação precoce na Copa do Brasil, diante do Botafogo-PB, ainda na primeira fase do torneio. Depois disso, o time evoluiu.

A necessidade obrigou o técnico a mudar a forma de jogar. Sem um homem de área, Lopes teve que escalar meias no ataque. Nascia o “Trio Elétrico do Delegado Lopes”. Com Nikão, Elkeson e Geovanni, o Vitória se tornou o melhor time do Campeonato Baiano e alcançou a marca de 42 gols em 21 jogos. Somente o trio balançou a rede 26 vezes.

O xodó do treinador é o atacante Nikão. O garoto de 18 anos chegou no meio do estadual e alcançou a marca de nove gols. Sempre que pode, Lopes faz questão de rasgar seda para o jovem.

- É craque! Ele sabe o que faz com a bola – disse.

Acostumado a trabalhar com jovens revelações, Lopes encontrou no Vitória um oásis. Neste ano, o treinador já chegou a entrar em campo com sete dos onze titulares formados nas divisões de base do Rubro-negro. Com a experiência de quem lançou para o mundo ninguém menos do que Romário, o treinador falou da alegria em ver novos talentos no gramado.

- Eu gosto de lançar essa gurizada. Fico muito feliz quando a gente consegue acertar. É bacana quando a gente transforma um garoto desses num jogador top. É uma alegria muito grande – disse.

Um desses garotos ganhou o coração de Lopes. Ao chegar ao Vasco no final de 1999, na sua quarta passagem pelo clube, conheceu Juninho Pernambucano. O meia estava insatisfeito e pretendia deixar o time carioca. O Delegado bancou sua permanência e fez de Juninho um dos maiores ídolos da história vascaína.

- Ele foi o jogador de melhor caráter com quem trabalhei até hoje. Uma figura excepcional, não só dentro do campo, mas principalmente fora. Um cara de uma índole fantástica – lembrou Lopes.

O Vasco, time do coração do treinador, voltou a ser tema do bate-papo. Perguntado se ainda acompanha o Gigante da Colina, o treinador franziu a testa, pensou um pouco e respondeu:

- É uma relação normal. Tenho muitos conhecidos no Vasco. Tenho uma história lá. Tem o pessoal da situação, também o pessoal de oposição à política atual do clube. A gente vem se falando. Fizemos muitos amigos lá, trabalhamos muito tempo, então a gente se relaciona bem.

Por fim, Lopes não esquece a família. O treinador conta que Dona Elza, esposa e parceira de todas as horas, está sempre presente e fala da saudade dos netos.

- Ela não fica distante. A todo o momento, a Elza está aqui em Salvador. Lógico que ela fica fazendo ponte aérea, porque tem muita coisa pra resolver lá no Rio, e a gente tem a nossa casa lá. Quanto aos filhos e os netos, a gente está sempre se falando por telefone. Tenho saudades sim, mas vamos convivendo – finalizou.

Fonte: GloboEsporte.com