Há 50 Anos
Em batom: ‘Queremos Belini!’
Otelo Caçador escreve hoje em sua página: “A Comissão Técnica da CBD nem sabe o risco que está correndo pelo fato de ter barrado o Belini da seleção. O zagueiro vascaíno tem um fã-clube feminino terrível, e as môças desgostosas com tão estranha atitude dos técnicos poderão invadir a CBD e arrebentar os móveis, queimar os papéis, amassar os canecos. Mulheres em fúria é pior do que terremoto. Soubemos que várias líderes estão conspirando ativamente para formar um Exército Revolucionário de Emergência e já contam com mais de 20 mil voluntárias suicidas, que estão dispostas a dar a própria vida para desagravar seu grande ídolo. Nos recreios dos colégios femininos, nas horas de folga nas fábricas, nas repartições, nos bastidores dos teatros, nas praias, nos cabeleireiros, vêem-se grupinhos de mulheres cochichando furiosamente e traçando planos para a GUERRA! Não somos alarmistas, mas o ar já está cheirando a sangue! Antes do quebra-quebra da CBD, as mulheres darão uma única oportunidades aos técnicos. Elas escreverão com batom, nas fachadas dos edifícios, a frase: “Queremos Belini!”.
O caso da despedida do capitão
Com o regresso da delegação brasileira de Santiago, parece desfeito o que seria o “caso Belini”. O jogador estava magoado por não ter sido escalado para o segundo jôgo com os chilenos, mas os dirigentes do scratch explicaram que não havia razão para substituir Mauro, que fôra o melhor jogador da equipe no primeiro encontro da capital chilena. Como Belini se contundira em Assunção e não pudera atuar, acharam melhor conservar Mauro. Não se compreenderia, por sinal, o que se falou e escreveu tanto sôbre a volta do regionalismo na seleção, pois o supervisor Carlos Nascimento é carioca, e o técnico Aimoré Moreira, fluminense, de Miracema. E trocaram o paulista Belini, de Itabira, pelo mineiro Mauro, de Poços de Caldas. Pelo visto, considerando-se que a seleção é brasileira, não importa quem seja o ocupante de um determinado pôsto, desde que tenha categoria.
Milan contrata Pernambuquinho
Almir foi vendido ao Milan. O jogador afirmou que preferia ficar no Boca Juniors, para onde se transferiu há pouco tempo, mas que irá para a Itália, pois é profissional.
Jânio derruba rendas do turfe
São imprevisíveis, para turfe nacional, segundo a opinião unânime das pessoas nêle interessadas, os efeitos do Decreto 50.578. O que já se sabe: prêmios diminuirão, já que suas rendas se reduzirão a 1/3 das atuais; o Jockey Club do Rio suspendeu sua temporada internacional.
* O GLOBO não circulou no domingo 14 de maio de 1961. A coluna volta na segunda-feira
Fonte: O Globo