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Confira entrevista de Dedé, em destaque no site da Fifa


Quinta-feira, 12/05/2011 - 15:42

Abrir o jornal poderia ser um problema para o zagueiro Dedé. Em baixa em São Januário, seu nome era recorrente nas tradicionais listas de possíveis dispensas do Vasco, isso não mais do que um ano atrás. De algum modo, esse mesmo jogador terminou a temporada passada com seu nome citado numa situação bem diferente: na lista de nomes indicados ao mesmo tempo ao prêmio de maior revelação e melhor atleta do Campeonato Brasileiro.

Em entrevista ao FIFA.com, o vascaíno, de apenas 22 anos, faz uma reflexão sobre como ocorreu essa virada e sobre como escapou de ser apenas mais uma baixa no contínuo processo de seleção do concorridíssimo mundo do futebol profissional, ao contrário de muitos companheiros dos tempos de base do Fluminense.

Um defensor de muita categoria, ele quer continuar sua escalada sob o comando do técnico Ricardo Gomes, que é autoridade quando o assunto é a zaga, tendo a segurança e a tranquilidade de alguém que já esteve contra a parede e conseguiu reagir em grande estilo. “Ganhei uma oportunidade e abracei. Nem sempre essa oportunidade aparece duas vezes”, afirma. “Enquanto muita gente me tratava com ironia, preferi trabalhar quietinho.” Confira o bate-papo:

No Campeonato Carioca, o Vasco ganhou rendimento no segundo turno e chegou à decisão bem. Na Copa do Brasil, pode avançar às semifinais. São sinais positivos para o decorrer da temporada? Qual é o potencial para o Brasileirão 2011?

As coisas mudaram um pouquinho depois da chegada do Ricardo Gomes. A verdade é que quando o time engrena, tudo muda para melhor. Se continuar nessa crescente, ainda mais com a chegada do Juninho e de outros reforços, o Vasco será uma equipe competitiva no Brasileiro.

E como tem sido o trabalho com o Ricardo Gomes, que foi um grande zagueiro? Dá tempo de ele dedicar alguma atenção em especial para você?

O Ricardo jogou muito e conhece muito da minha posição. Olho para ele com o respeito de um treinador e de um dos melhores zagueiros do Brasil. Como não o vi jogar, logo fui pesquisar e conhecer melhor sobre sua carreira. Ele conversa sempre comigo e me dá dicas que têm contribuído para meu crescimento.

No que acha que pode melhorar em campo? Tem algum fundamento que venha treinando mais?

Acho que, tirando o Messi, que vive uma fase fantástica, todos os outros jogadores podem melhorar. Estou sempre preocupado em aprimorar a saída de bola, os lançamentos e até mesmo cobranças de falta. Se o treinador me der nota 8 nestes fundamentos, tenho que me esforçar para receber a nota 10 (risos).

Não é fácil, para um cara que joga como zagueiro num time que não brigou por títulos na temporada passada, se destacar e virar promessa na boca de todo mundo. O que você faz que chama tanto a atenção?

Nada demais. Sou uma pessoa tranquila, pacata e focada em meus objetivos. Passei por muitas dificuldades na infância para deixar escapar agora. Portanto, acho que a seriedade nos jogos chamou a atenção da torcida. Claro que as boas atuações também contribuíram muito para esse carinho ganhar ainda mais força.

O ano passado realmente foi intenso para você, depois de ficar muito tempo na reserva. Qual foi o momento marcante para a virada na sua carreira?

Quando tive a oportunidade de jogar pela primeira vez em São Januário. O jogo foi contra o Vitória, pela Copa do Brasil do ano passado (pelas quartas de final – o time venceu por 3 a 1, mas acabou eliminado). Fui bem nesta partida e, daí em diante, veio uma sequência de jogos nos quais eu consegui manter a regularidade. A subida de produção foi com o tempo, mas esse momento da minha carreira está bem vivo na minha memória.

O que fez a diferença? O que pode levar um jogador que talvez não fosse aproveitado no elenco a ser indicado, no fim do ano, ao prêmio de melhor jogador do Brasileirão?

Acreditar no próprio potencial. Enquanto muita gente me tratava com ironia, preferi trabalhar quietinho. Não guardo mágoa de ninguém. Quando a gente consegue mostrar que pode, que é capaz, acho que as pessoas, mesmo as que criticam um pouco mais forte, colocam a mão na cabeça e pensam direitinho se estão certas.

Já viu casos opostos em sua carreira? De jogadores que sabia que tinha um enorme potencial, mas que, no fim, não emplacaram?

Já vi muitos. Na base do Fluminense, por exemplo. Muitos eram apontados como grandes promessas, mas alguns até já pararam de jogar. Como também vi casos de jogadores que começaram comigo e que, só de olhar, já dava para ver que jogaria em alto nível. Isso acontece muito.

Acha que às vezes falta paciência à torcida, técnicos ou diretoria? Vemos ótimos casos no próprio Vasco, como os do Éder Luís e Bernardo. São casos diferentes. Mais experiente, o Éder teve grande fase no Atlético, mas não teve espaço no São Paulo. O Bernardo, mais jovem, sempre foi visto como uma promessa no Cruzeiro, mas só vai ganhando destaque agora...

O futebol é uma grande paixão, mas também é um grande negócio. Nós, jogadores, somos muitas vezes tratados como mercadoria. Às vezes o clube quer retorno imediato e, por uma série de fatores, o jogador que tem potencial acaba não tendo oportunidade de se firmar.

E qual é o mérito do Vasco neste caso, de saber aproveitar esse tipo de situação?

Acredito que alguém no Vasco tem conseguido enxergar potencial onde outras pessoas não enxergam. Agradeço muito ao Vasco por essa confiança, pois vi meu nome na imprensa em várias listas de dispensa e, mesmo se realmente fosse dispensado, até entenderia porque não tive um bom começo. Mas ganhei uma nova chance e abracei. Nem sempre essa oportunidade acontece duas vezes.

Aos 22 anos, você agora é visto como um candidato à Seleção. Como lida com esse tipo de expectativa?

Tenho respondido sempre a perguntas relacionadas à Seleção e isso cria uma certa expectativa. A verdade é que tenho que manter meus pés, que não são nada pequenos (risos), bem firmes no chão. Se acontecer, vou tentar agarrar bem firme, como no Vasco. Mas não quero criar expectativa a cada convocação. O Mano Menezes me elogiou algumas vezes e ele, mais do que ninguém, saberá o momento certo, caso tenha que acontecer. Tenho fé e trabalho para que aconteça.




Fonte: Fifa.com